Charge: Ani/Blog do Moisés Mendes |
Ridauto Lúcio Fernandes, o general-cinegrafista que filmava a própria cara e festejava a invasão de Brasília no 8 de janeiro, que se prepare. Pode sobrar pra ele, e só pra ele e alguns outros desimportantes.
É esse o recado dos grupos articulados no Congresso, na grande imprensa e em rodas empresariais, que tentam amedrontar Alexandre de Moraes.
As mordaças no STF não buscam apenas efeitos de médio e longo prazo. Tentam conter danos agora, de imediato, pela mensagem que enviam a todos os que continuam desafiando a direita e o fascismo.
Por isso o general deve prestar atenção no que vai sobrar pra ele. Pode ser que Ridauto, oficial de elite do Exército, integrante dos agora famosos kids pretos, seja sacrificado por não conseguir conter a vaidade e se expor como apoiador dos invasores de Brasília.
Os criadores das mordaças poderiam resumir, numa conversa com Ridauto, o que pretendem de resultado no curto prazo. Ridauto precisa ficar sabendo que outros generais, com relevância que o kid preto nunca teria, devem escapar.
Braga Netto, que deveria ter sido ouvido essa semana na CPI do Golpe, foi dispensado. A comissão não teve força política para interrogá-lo. Foi um dos sinais do refluxo.
Na quarta-feira, os jornais noticiaram, para acalmar o bolsonarismo: ao contrário do que alguns chegaram a informar, o Ministério Público não solicitou a quebra do sigilo telefônico e telemático de Braga Netto por causa das investigações sobre corrupção na intervenção militar de 2018 no Rio.
E ninguém mais fala dos rolos que aconteceram no Rio sob comando do general. Não há uma linha nos jornais, uma só, sobre as negociatas denunciadas há um mês.
Mas, logo abaixo de manchetes sobre as medidas de contenção que o Congresso prepara para o Supremo, os jornalões dão chamadas que acalmam o bolsonarismo.
Está tudo bem com Braga Netto em relação ao que aconteceu no Rio e também, pelo recuo da CPI, em relação à sua eventual participação no golpe.
E continua tudo bem com Augusto Heleno, o general jocoso, que depôs na CPI como testemunha, e não como investigado, e que por isso mesmo dificilmente terá seu nome no relatório da comissão, no final de outubro.
A partir do Congresso, os articuladores do cerco avisam que os figurões já podem apostar que vão escapar de novo. É uma certeza que só uma grande surpresa pode reverter.
Vai sobrar para Ridauto (e talvez para alguns kids pretos que serão identificados), porque alguém com farda e estrelas nos ombros, com patente superior à de Mauro Cid, terá de ser sacrificado.
O deixa-pra-lá se movimenta com vida própria em cada área, no governo, no MP, no STF e no parlamento, em especial na CPI do Golpe, de forma implícita, muitas vezes dissimulada.
Agrupados pela lógica que os aciona, esses movimentos aparentemente autônomos formam uma unidade, na mesma direção. Será que não é hora de parar?
Foi assim que começou essa semana o vamos-com-calma, porque não vai dar tempo pra pegar todo mundo. Depois, virá o afrouxa-um-pouco-a-corda. E mais adiante o agora-chega. Até o momento em que, pela inércia, alguém pode gritar, sem escrúpulos: parou.
São recados nem sempre verbalizados, mas que circulam como silêncio mesmo, muitas vezes como falsa ausência de ação.
Os dedicados à contenção do sistema de Justiça podem estar convencidos de que o cerco ao fascismo talvez tenha consumido o que ainda tinha de energia para o sprint dos cem metros finais. O tempo certo já foi embora.
Ridauto, Mauro Cid, Anderson Torres, Silvinei Vasques e os oficias da PM de Brasília vão se juntar aos manés condenados até agora. Os únicos indiciados, que viraram réus e foram condenados. Só manés e terroristas amadores.
É o agrupamento dos que acreditaram no golpe. A maioria deles, os manés, levou o golpe a sério até depois da fuga de Bolsonaro. Os outros, os que saltaram fora e estão escapando, não irão visitá-los na cadeia.
É assim em toda guerra. O atingido por um tiro mortal é arrastado por alguns metros, mas apenas como protocolo. Será largado porque os mais fracos ou mais azarados morrem para que os que se consideram mais fortes sobrevivam.
Menos de um ano depois do 8 de janeiro, vão sobreviver os mesmos de sempre e vão morrer os que ainda respiram mas já podem se considerar mortos.
1 comentários:
mais uma prova da total falência da politica de conciliação promovida pelo PT
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