terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Hang vai pagar a dívida de R$ 85 milhões?

Charge: Jota Camelo
Por Altamiro Borges


O juiz Carlos Alberto Pereira de Castro, da 7ª Vara do Trabalho de Florianópolis (SC), finalmente condenou as lojas Havan e seu dono, Luciano Hang, a pagarem R$ 85 milhões por intimidar seus funcionários a votarem em Jair Bolsonaro nas eleições de 2018. De acordo com a ação movida pelo Ministério Público do Trabalho, o patético Veio da Havan obrigou os empregados a participarem de “atos cívicos” em favor do fascista, ameaçou fechar lojas e demitir comerciários caso o “mito” fosse derrotado e ainda os coagiu a responder a enquetes internas promovidas pela empresa em seus terminais de computadores, informando em quem votariam.

Segundo os procuradores do MPT, “os réus valeram-se da condição de empregadores para impor sua opinião política a respeito dos candidatos à Presidência da República e para vincular, de maneira absolutamente censurável, a manutenção dos postos de trabalho de seus colaboradores, valendo-se de métodos humilhantes, vexatórios e, até mesmo, de ‘pesquisas eleitorais’ obrigatórias sem qualquer respaldo em lei”.

Em postagem no site UOL, Leonardo Sakamoto descreve que “a Justiça do Trabalho calculou o valor a ser pago como multa e indenização da seguinte forma: a) R$ 500 mil para cada loja da Havan existente na época por descumprimento de cautelar que impedia o assédio eleitoral; b) danos morais coletivos de R$ 1 milhão (a ser revertido para o Fundo Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente de SC); c) dano moral individual de R$ 1 mil para cada empregado contratado até outubro de 2018; d) juros e correção monetária”. O juiz de Santa Catarina determinou que a sentença fosse cumprida dez dias após esgotados todos os recursos.

Farta documentação sobre o assédio moral

O Veio da Havan, que andava sumido da mídia e até abandonou a sua “tradicional vestimenta verde periquito” – segundo ironia do ministro Alexandre de Moraes, do STF – já disse que irá recorrer. Antes metido a valentão, ele agora também apela para o mimimi vitimista. O bilionário empresário bolsonarista afirma cinicamente que é alvo de perseguição e jura que nunca constrangeu ou ameaçou os funcionários. Mas a denúncia do MPT apresenta farta documentação comprobatória. Há inúmeros depoimentos de vítimas do assédio moral.

“Estamos sendo coagidos a votar no Bolsonaro, através de vídeos do proprietário da Havan Sr. Luciano Hang. A maioria dos trabalhadores não concorda com os atos, mas ficam calados para não perder o emprego”, aponta uma das denúncias. Outra detalha: “Hang reuniu centenas de funcionários no saguão da loja e por 38 minutos fez verdadeira ‘lavagem cerebral’ nos colaboradores, com ameaças diretas de fechamento de lojas caso seu candidato perca as eleições”. Há até um vídeo, de 2 de outubro de 2018, em que o Veio da Havan é explícito:

“Talvez a Havan não vai abrir mais lojas. E aí se eu não abrir mais lojas? Você está preparado para sair da Havan? Você está preparado para ganhar a conta da Havan? Você que sonha em ser líder, gerente, em crescer com a Havan, você já imaginou que tudo isso pode acabar no dia 7 de outubro? E que a Havan pode um dia fechar as portas e demitir os 15 mil colaboradores... Não vote em comunistas e em socialistas que destruíram o país. Nós não podemos errar. Conto com cada um de vocês. Dia 7 de outubro vote 17, Bolsonaro para nós mudarmos o Brasil. Obrigado pessoal. Conto com cada um de vocês”.

Diante desse crime descarado, “ainda em outubro de 2018, o juiz Carlos Alberto Pereira de Castro atendeu ao pedido de tutela antecipada, impondo multa de R$ 500 mil. Em sua decisão, ele considerou que Hang havia reeditado o ‘voto de cabresto’ ao tentar ‘impor a grupos de pessoas a escolha política ditada por uma pessoa dotada de maior poderio dentro de certas comunidades’... Contudo, de acordo com o MPT, o proprietário da Havan não cumpriu plenamente a decisão”, relembra Leonardo Sakamoto Será que agora o bolsonarista Luciano Hang vai pagar o que deve?

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