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Na semana passada, a Comissão de Ética Pública (CEP) da Presidência da República abriu processo para apurar a conduta de cinco ex-ministros do covil de Jair Bolsonaro que discursaram durante a macabra reunião de julho de 2022 que traçou cenários para um provável golpe de Estado. São alvos da ação os ex-ministros Paulo Sérgio (Defesa), Anderson Torres (Justiça), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Bruno Bianco (Advocacia-Geral da União), Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União). O ex-assessor da Secretaria-Geral da Presidência, Mário Fernandes, também foi incluído no procedimento.
No vídeo publicizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), os capachos do fascista discutem abertamente a “dinâmica golpista”. Num primeiro momento, a CEP vai apurar a conduta apenas dos que se manifestaram naquela reunião ministerial. Trechos do vídeo foram transcritos na decisão do STF que autorizou a deflagração da operação “Tempus Veritatis” em 8 de fevereiro, que atingiu o coração do bolsonarismo – com quatro mandados de prisão e 33 de busca e apreensão.
Como relembra a Folha, “a três meses do primeiro turno, Jair Bolsonaro aparece na gravação propagando notícias falsas sobre as urnas eletrônicas e pedindo que seus subordinados difundissem essas alegações. Ministros militares presentes, por sua vez, falam na necessidade de ‘virar a mesa’ antes das eleições e que a comissão de transparência eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) era para ‘inglês ver’. O vídeo, segundo o inquérito, estava armazenado em um computador apreendido com Mauro Cid, então chefe da ajudância de ordens de Bolsonaro e hoje colaborador das investigações”.
"Senhores, todos vão se foder"
Entre outras provas da ação criminosa, Alexandre de Moraes destacou a fala do general Augusto Heleno, que confessou a infiltração de agentes da Agência Brasileira de Inteligências (Abin) na campanha eleitoral: “Eu já conversei ontem com o Victor [Carneiro], novo diretor da Abin, e nós vamos montar um esquema para acompanhar o que os dois lados estão fazendo. O problema todo disso é que se vazar qualquer coisa, a gente se conhece nesse meio, se houver qualquer acusação de infiltração desses elementos da Abin”.
Na ocasião, meio constrangido, Jair Bolsonaro interrompe o general-gagá – como já o chamou em outras oportunidades – e exige que ele pare de confessar os crimes. “Ô general, eu peço que o senhor não fale, por favor. Não prossiga mais na tua observação”. O fascista ainda afirma que depois os dois conversariam, em particular, sobre “o que porventura a Abin está fazendo”. Em outro fala de teor golpista, o então valentão Anderson Torres compara o Brasil à Bolívia, citando a ex-presidenta Jeanine Añez, que está presa até hoje acusada de encabeçar um golpe contra Evo Morales. "A Bolívia é o grande exemplo para todos nós. Senhores, todos vão se foder! Eu quero deixar bem claro isso”.
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