Charge: Zé Dassilva |
Na quinta-feira (28), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liberdade provisória para ex-integrantes da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal acusados de omissão nos atos de terrorismo contra as sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. Os beneficiados são os coronéis Klepter Rosa Gonçalves, Fábio Augusto Vieira e Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues. A decisão deve ter alegrado os golpistas, que ainda contam com a total impunidade em suas ações criminosas.
Como condição para a liberdade provisória, os três PMs terão que utilizar tornozeleira eletrônica e entregar o passaporte, além de estarem proibidos de usar redes sociais e não poderem se comunicar entre si. Os oficiais foram presos em agosto do ano passado pela Polícia Federal por decisão da Procuradoria-Geral da República. Segundo a PGR, a investigação constatou que havia “profunda contaminação ideológica” entre os membros da cúpula da PM e que eles eram adeptos “de teorias conspiratórias sobre fraudes eleitorais e teorias golpistas”.
Outro motivo para as prisões dos três golpistas, segundo a PGR, foi o fato do comando da PM ter informações de inteligência sobre a possibilidade de ataques aos prédios públicos antes do 8 de janeiro. “Elas indicavam as intenções golpistas do movimento e o risco iminente da efetiva invasão às sedes dos Três Poderes. Segundo as provas existentes, os denunciados conheciam previamente os riscos e aderiram de forma dolosa ao resultado criminoso previsível, omitindo-se no cumprimento do dever funcional de agir... Todos os denunciados, reitere-se, detinham capacidade de interromper o curso causal, por ação individual, dado o potencial exercício de poderes de comando, ou conjunta. Abstiveram-se, pois estavam conluiados para que se permitisse a materialização dos atos antidemocráticos”, afirmou nota da PGR de agosto passado.
Mensagens terroristas no WhatsApp
Antes dessa decisão, o jornalista Chico Alves, na época no site UOL, já tinha comprovado a ação sinistra da PM. “A coluna teve acesso a dezenas de memes, vídeos e mensagens postadas em grupos de WhatsApp criados e compostos por policiais do Distrito Federal, onde no dia 8 de janeiro os golpistas depredaram as sedes dos Três Poderes. Os integrantes são na maioria policiais militares, embora também haja alguns civis. Muitos são da reserva, mas é expressiva a participação de PMs da ativa”. Em três dias de observação dos diálogos, o jornalista detectou:
- Publicações de falsos meios de comunicação relatando mentiras sobre o sofrimento de pessoas presas nas portas de quartéis ou durante os atos golpistas em Brasília;
- Memes que dão falsamente a entender que há censura no país para quem reclama do governo Lula;
- Fake news sobre quantias astronômicas que Lula teria depositado no Banco do Vaticano;
- Vídeo de um suposto criminoso que diz defender grupos golpistas e faz ameaças ao ministro do STF Alexandre de Moraes e a Lula;
- Fake news de que o ministro da Justiça, Flávio Dino, iria desarmar as polícias.
Como o jornalista realçou na ocasião, “após as invasões aos prédios da praça dos Três Poderes, a atuação da PMDF foi muito criticada. Soldados foram vistos mexendo no celular e comprando água de coco enquanto as depredações aconteciam. Poucos se dispuseram a enfrentar os invasores. Por causa disso, o então comandante-geral da PM, coronel Fábio Augusto Vieira, foi preso por determinação de Alexandre de Moraes. Na corporação, em que boa parte dos integrantes são simpatizantes de Bolsonaro, a prisão do chefe foi mal recebida. Isso serviu para multiplicar ainda mais o conteúdo de desinformação e contestação ao resultado das urnas nesses grupos de WhatsApp”.
Agora, toda essa cruzada criminosa é perdoada com a decisão de conceder liberdade provisória aos ex-chefões da Polícia Militar do Distrito Federal. Vida que segue – talvez para o desfiladeiro.
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