Ilustração do site Projeto Cultural Arte Transformadora |
O site Metrópoles informou neste sábado (20) que a Polícia Civil do Paraná – sob comando do governador bolsonarista Ratinho Júnior – desistiu de investigar as denúncias sobre estupros e torturas praticadas pelo empresário Tales de Carvalho, filho do excêntrico Olavo de Carvalho – o falecido guru da extrema direita nativa. As denúncias sobre esses graves crimes foram feitas por sua ex-esposa, Calinka Padilha de Moura. O estranho arquivamento do caso pode revelar a força do neofascismo nas estruturas de poder do estado.
De acordo com o site, “em 1º de julho, a corporação havia dito que abriria uma investigação para apurar as denúncias. Segundo o comunicado divulgado na ocasião, a polícia entraria em contato com a ex-mulher de Tales, analisaria outros crimes eventualmente cometidos no Paraná e que o caso seria coordenado pela delegada Luciana de Novaes, chefe da Divisão de Polícia Especializada. Agora, a Polícia Civil mudou de versão. Informou que apenas analisou uma apuração própria feita em 2021, quando Calinka registrou um boletim de ocorrência em Curitiba, e não viu motivos para retomar o caso”.
Quatro ex-esposas e caso de pedofilia
A reportagem lembra que Calinka Padilha foi uma das seis mulheres localizadas pelo site que relataram episódios de violência física, sexual ou psicológica cometidos pelo filhote de Olavo de Carvalho. “Das quatro ex-esposas de Tales de Carvalho encontradas pela coluna, duas aceitaram gravar entrevistas. Além delas, duas filhas do empresário, Julia e Ana Clara de Carvalho, corroboraram os relatos da mãe, Calinka, e acrescentaram terem visto vídeos de abusos sexuais infantis no computador do pai”.
A pedofilia seria uma das linhas de investigação previstas pela Polícia Civil do Paraná contra o empresário, que é sócio proprietário do sinistro Instituto Cultural Lux et Sapientia (ICLS). Numa das entrevistas, Calinka Padilha revelou que o criminoso “costumava, durante as sessões de tortura impostas a ela e a outra de suas esposas – ele chegou a ter quatro ao mesmo tempo –, obrigá-las a assistir a vídeos de crianças de cerca de 2 anos sendo abusadas e, excitado, estuprava as duas”.
O envolvimento do guru dos bolsonaristas
Nas denúncias apresentadas até agora não há provas de que o guru dos bolsonaristas, falecido em janeiro de 2022, tinha conhecimento desses crimes. Sabe-se apenas que ele apoiava os dois filhos, donos do ICLS. “Embora mantivesse a sua própria plataforma de conteúdos, o Curso Online de Filosofia (COF), o escritor Olavo de Carvalho foi um importante chamariz de alunos para os cursos ministrados pelos filhos no ICLS. Ele participou da primeira transmissão ao vivo do instituto no YouTube, em junho de 2014, poucos meses após a entidade ser criada”, descreve outra reportagem do site Metrópoles.
“O ICLS, por sua vez, costumava exaltar Olavo de Carvalho, um ativo nas mãos dos filhos para ampliar a clientela. Em novembro de 2014, o perfil do instituto no Facebook escreveu que a atuação de Olavo estava ‘criando as condições necessárias para que surjam pessoas com um grau de autoconsciência muito maior do que nossa terra já presenciou’. Após a vitória de Jair Bolsonaro na eleição de 2018, o ICLS apoiou a ideia de que Olavo de Carvalho fosse nomeado embaixador do Brasil nos Estados Unidos”.
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