sexta-feira, 18 de dezembro de 2020
Covid-19 e o capitalismo sem maquiagem
Em momentos de grandes crises, o capitalismo se desnuda por inteiro, aparece, sem maquiagem, sua essência de exploração, de desigualdades, de total incapacidade de fazer partilhar as conquistas da ciência com o conjunto da humanidade. A dimensão da solidariedade é esmagada pelo exclusivismo que assegura a poucos o direito à vida, que deve ser de todos e todas.
2020: marcas e cicatrizes
Vamos recorrer a certas – ou incertas – modalidades literárias para arriscar alguns palpites.
No palco trágico ficarão as fotos das covas rasas, improvisadas aos milhares em diferentes pontos do Planeta, devido à mortandade que a Covid-19 provocou, algumas vezes ajudada pela incúria genocida de governantes como Trump, Bolsonaro e inicialmente Boris Johnson.
Se nos movermos para o plano dramático, encontraremos aquilo que talvez venha a ser o símbolo dos paradoxos deste ano terrível: a máscara, incensada por muitos como o ícone do salvamento de vidas, condenada pelos negacionistas de todas as estirpes e pontos cardeais como a tenaz do autoritarismo estatal a cercear o campo das “liberdades individuais”, qual seja, neste caso o campo onde se manifesta o desprezo pela própria vida e sobretudo pela vida dos outros.
A cordialidade de Bolsonaro
Para os que acham Bolsonaro grosseiro e ingrato com alguns de seus apoiadores de primeira hora, como generais e atrizes de TV, ofereço trechos de um livro que estou lendo por sugestão de Eliézer Rizzo:
“Os nazistas haviam recrutado as SA na condição de braços armados, cuja razão de ser era derrubar obstáculos no caminho do poder. Agora que a linha de chegada fora cruzada (Hitler tornara-se primeiro ministro e já era aclamado como Führer), a força encontrava-se sem função e líderes partidários faziam planos de enxugá-la. Em vez de aquiescer com essa medida, Ernst Röhm (o organizador das SA), se rebelou. Argumentando haver muitos outros alvos tentadores a atacar, entre eles corporações, latifúndios e qualquer propriedade que as SA pudessem pilhar. Na visão de Röhm, um movimento revolucionário precisava de um exército revolucionário e este teria de devorar tudo em seu caminho. Hitler tentou chamar o velho amigo à razão, mas Röhm era intransigente e chegou a aumentar o poder de fogo de unidades lotadas na capital – um gesto de ameaça.
Eles já viraram jacarés
Ele ia dizer “chimpanzé” (provavelmente pronunciaria errado, “chipanzé), mas se deteve para não evidenciar a conotação racista.
Mas, afinal, saiu “jacaré”.
“Lá no contrato da Pfizer está claro [que ela não se responsabiliza] por qualquer efeito colateral. Se você virar um jacaré, é problema seu. Se nascer barba em mulher ou algum homem começar a falar fino, eles nada têm a ver com isso”.
Bom, claro, evitou o racismo, mas não o sexismo.
Trabalho infantil e o racismo no Brasil
E ainda tem gente que acha que não há racismo no Brasil – e esse negacionismo não parte apenas do "capetão" Bolsonaro e do general Mourão. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou nesta quinta-feira (17) uma pesquisa que mostra que quase 70% das vítimas de trabalho infantil no país são pretas ou pardas.
Em 2018, segundo o IBGE, 64,8% das vítimas de trabalho infantil eram pretas ou pardas. Em 2019, esse índice alarmante cresceu ainda mais, atingindo 66,1%. Esses percentuais são superiores ao total de pretos e pardos com idade entre 5 e 17 anos na população brasileira (60,8%).
Skaf e o amor da cloaca burguesa a Bolsonaro
O Brasil afunda, com milhares de mortes por Covid-19 e milhões de desempregados, mas a cloaca burguesa segue com Jair Bolsonaro. O "capetão" é funcional para o "deus-mercado". O jornal Valor informa que "pesos-pesados da indústria, bancos e varejo" se reuniram com o fascista na mansão de Paulo Skaf nesta semana.
Segundo a reportagem, "o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, ofereceu um jantar em sua casa, na noite de terça-feira (15), para o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes. O encontro reuniu mais de 30 pessoas".
Mortes crescem e STF impõe vacinação
Por Altamiro Borges
Segundo o levantamento divulgado na noite desta quinta-feira
(17) pelo consórcio de veículos de imprensa, com base nos dados das secretarias
estaduais de Saúde, o Brasil voltou a superar a trágica marca de mais de mil
mortes por Covid-19 em um único dia. Distrito Federal e 16 estados tiveram alta
nos óbitos.
O cenário é triste, dramático, desesperador. O país registrou 1.054
mortes pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas, chegando ao total de
184.876 óbitos desde o início da pandemia. O Brasil não registrava mil
óbitos em um dia desde 15 de setembro, quando foram contabilizadas 1.090
mortes.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2020
Popularidade de Bolsonaro tende a cair
Por Altamiro Borges
Bolsonaro não está com essa bola toda e sua popularidade
tende a despencar no próximo período. Pesquisa Ibope divulgada na quarta-feira
(16) mostra que a aprovação do "capetão" caiu 5 pontos entre setembro e
dezembro. O caos na vacinação e o fim do auxílio emergencial devem acelerar ainda
mais essa queda.
De acordo com a sondagem, 35% da população avalia o
desempenho do laranjal bolsonariano como ótimo ou bom, enquanto há três meses o
resultado positivo era de 40%. Já 33% dos brasileiros consideram que o governo é
ruim ou péssimo – um aumento de quatro pontos percentuais em relação à pesquisa
anterior.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2020
Contrato intermitente e os números do Dieese
Na semana passada, o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgou - por meio Boletim Emprego em Pauta, # 17, de dezembro de 2020 [1] - os números relacionados aos contratos intermitentes de trabalho [2], em 2019, no Brasil. Esse modelo de contratação de mão de obra assalariada está contido na Lei 13.467, conhecida como Reforma Trabalhista, em vigor desde novembro de 2017.
Os números do Dieese revelam que esses contratos “indicam que, na prática, o trabalho intermitente se converte em pouco tempo de trabalho efetivo e em baixas rendas.”
A posição escancarada da "Gazeta do Povo"
A imprensa sempre valorizou o mito da imparcialidade. Ouvir os dois lados, separar fatos de opiniões, buscar a objetividade sempre foram dogmas da imprensa, embora raramente estes coincidissem com a realidade do que publicavam.
Seja como for, ao menos no plano dos propósitos, a imprensa sempre se esforçou para passar uma imagem de neutralidade.