quinta-feira, 30 de setembro de 2021
Brasil: desventuras do gigante ensimesmado
Por Roberto Amaral, em seu blog:
Embora aberto ao mundo como uma feitoria agroexportadora de produtos tropicais demandados pela Europa (de início o pau de tinta que lhe deu o nome, índios apresados, papagaios e peles e, depois e por largo tempo, açúcar, algodão, ouro, prata etc.), e assim tendo crescido e se consolidado no Império (como na colônia, ainda exportador de produtos primários), o Brasil carregaria consigo o complexo do ensimesmamento. Indicadores dessa alienação foram registrados já nos primeiros anos do século 19 por Thomas Lindsey, o primeiro aventureiro inglês a deixar depoimento sobre nosso país. Por aqui zanzou uns dois anos, entre a Bahia e, suspeita-se, uma ou outra viagem ao Rio, sempre às voltas com as autoridades reinóis que o acusavam de contrabandista. Viu nossa gente dominada pelo sentimento da autossuficiência, e inteiramente desinteressada do mundo. Registrou: “[...] E quanto a informações de brasileiros, estavam inteiramente fora de cogitações, porquanto nunca encontrei um povo tão estupidamente destituído de curiosidade. Só conhece os fatos mais notórios, como, talvez, os relativos à paz e à guerra." [Narrativa de uma viagem ao Brasil. Londres, 1805 (São Paulo, 1969). Companhia Editora Nacional, p. 76].
Embora aberto ao mundo como uma feitoria agroexportadora de produtos tropicais demandados pela Europa (de início o pau de tinta que lhe deu o nome, índios apresados, papagaios e peles e, depois e por largo tempo, açúcar, algodão, ouro, prata etc.), e assim tendo crescido e se consolidado no Império (como na colônia, ainda exportador de produtos primários), o Brasil carregaria consigo o complexo do ensimesmamento. Indicadores dessa alienação foram registrados já nos primeiros anos do século 19 por Thomas Lindsey, o primeiro aventureiro inglês a deixar depoimento sobre nosso país. Por aqui zanzou uns dois anos, entre a Bahia e, suspeita-se, uma ou outra viagem ao Rio, sempre às voltas com as autoridades reinóis que o acusavam de contrabandista. Viu nossa gente dominada pelo sentimento da autossuficiência, e inteiramente desinteressada do mundo. Registrou: “[...] E quanto a informações de brasileiros, estavam inteiramente fora de cogitações, porquanto nunca encontrei um povo tão estupidamente destituído de curiosidade. Só conhece os fatos mais notórios, como, talvez, os relativos à paz e à guerra." [Narrativa de uma viagem ao Brasil. Londres, 1805 (São Paulo, 1969). Companhia Editora Nacional, p. 76].
Moro não cabe mais na eleição presidencial
Por Fernando Brito, em seu blog:
A imprensa especula sobre uma “decisão” que o ex-juiz Sérgio Moro teria de tomar sobre uma candidatura presidencial.
Nunca se sabe o que se passa em mentes megalômanas como a dele – talvez os reveses tenham minorado isso, sabe-se lá – mas objetivamente não parece haver espaço para ele numa eleição nacional, embora, talvez, possa ter sucesso disputando o Senado pelo Paraná.
Primeiro, porque na extrema-direita, apesar de tudo, Jair Bolsonaro deixa-lhe pouca herança dos tempos “gloriosos” de três ou quatro anos atrás. Para esta faixa do eleitorado, Moro é um “traidor” do capitão, alguém que é visto com desprezo, quando não com ódio, o que sobra neste segmento da classe média.
Segundo, porque há mais de um ano entrou num eclipse midiático que é o oposto da nauseante superexposição que teve no passado, além de não ter estruturas políticas a ampará-lo, exceto o Podemos.
A imprensa especula sobre uma “decisão” que o ex-juiz Sérgio Moro teria de tomar sobre uma candidatura presidencial.
Nunca se sabe o que se passa em mentes megalômanas como a dele – talvez os reveses tenham minorado isso, sabe-se lá – mas objetivamente não parece haver espaço para ele numa eleição nacional, embora, talvez, possa ter sucesso disputando o Senado pelo Paraná.
Primeiro, porque na extrema-direita, apesar de tudo, Jair Bolsonaro deixa-lhe pouca herança dos tempos “gloriosos” de três ou quatro anos atrás. Para esta faixa do eleitorado, Moro é um “traidor” do capitão, alguém que é visto com desprezo, quando não com ódio, o que sobra neste segmento da classe média.
Segundo, porque há mais de um ano entrou num eclipse midiático que é o oposto da nauseante superexposição que teve no passado, além de não ter estruturas políticas a ampará-lo, exceto o Podemos.
Luciano Bolsonaro: mil dias malditos
Por Eric Nepomuceno, no site Brasil-247:
Nada mais representativo desses mil e poucos dias do mais abjeto governo desde a proclamação da República que a figura grotesca de Luciano Hang na CPI do Genocídio.
A mescla insólita de prepotência, mentiras reiteradas e estupidez criminosa reflete exatamente a figura irremediavelmente desequilibrada que ocupa o palácio presidencial.
Nenhuma surpresa, nenhuma novidade.
O que me pergunto é a razão desse sujeito patético ter sido levado à CPI.
Será que seus condutores não sabiam o que poderia acontecer – e aconteceu?
Não perceberam que estavam abrindo amplo espaço para o extravagante empresário reunir material que, evidentemente, será deturpado e já está sendo divulgado nas redes sociais bolsonaristas?
Nada mais representativo desses mil e poucos dias do mais abjeto governo desde a proclamação da República que a figura grotesca de Luciano Hang na CPI do Genocídio.
A mescla insólita de prepotência, mentiras reiteradas e estupidez criminosa reflete exatamente a figura irremediavelmente desequilibrada que ocupa o palácio presidencial.
Nenhuma surpresa, nenhuma novidade.
O que me pergunto é a razão desse sujeito patético ter sido levado à CPI.
Será que seus condutores não sabiam o que poderia acontecer – e aconteceu?
Não perceberam que estavam abrindo amplo espaço para o extravagante empresário reunir material que, evidentemente, será deturpado e já está sendo divulgado nas redes sociais bolsonaristas?
Uma nova conferência da classe trabalhadora
Por João Guilherme Vargas Netto
Durante muitas décadas, desde 1930, foi sendo estabelecido no Brasil um pacto entre a sociedade (e os governantes e as instituições) e o movimento sindical dos trabalhadores. Este pacto, de reconhecimento e aceitação, resultado da luta dos trabalhadores, não foi rompido nem mesmo durante a ditadura militar que reprimiu selvagemente os ativistas e dificultou a ação do sindicato, mas, por exemplo, fez crescer aceleradamente a sindicalização rural.
Na luta pelo fim da ditadura reforçou-se o elo entre o anseio democrático da sociedade e a pauta dos trabalhadores com a realização da Conclat (Conferência Nacional da Classe Trabalhadora), na Praia Grande, em 1981. Os resultados foram inscritos em todo o segundo capítulo da Constituição e garantiram, na sequência, a ascensão e vitória de Lula.
Durante muitas décadas, desde 1930, foi sendo estabelecido no Brasil um pacto entre a sociedade (e os governantes e as instituições) e o movimento sindical dos trabalhadores. Este pacto, de reconhecimento e aceitação, resultado da luta dos trabalhadores, não foi rompido nem mesmo durante a ditadura militar que reprimiu selvagemente os ativistas e dificultou a ação do sindicato, mas, por exemplo, fez crescer aceleradamente a sindicalização rural.
Na luta pelo fim da ditadura reforçou-se o elo entre o anseio democrático da sociedade e a pauta dos trabalhadores com a realização da Conclat (Conferência Nacional da Classe Trabalhadora), na Praia Grande, em 1981. Os resultados foram inscritos em todo o segundo capítulo da Constituição e garantiram, na sequência, a ascensão e vitória de Lula.
quarta-feira, 29 de setembro de 2021
Os mil dias do governo Bolsonaro
Do site da Contag:
O Brasil enfrentou no segundo ano do governo Bolsonaro uma Pandemia. O governo demorou a reagir e a buscar soluções para a crise, deixando para o Congresso e para os(as) governadores(as) e prefeitos(as) a tarefa de liderar o combate ao vírus. Foi assim com o auxílio emergencial, foi assim com a vacinação, foi assim com o incentivo ao uso de máscaras e isolamento nos momentos mais cruciais da crise. O Brasil ficou para trás no combate à Covid-19, e também na recuperação pós Pandemia. Enquanto os países desenvolvidos fazem planos de investimentos milionários para recuperar o tempo perdido, no Brasil, o Estado continua jogando parado.
O Brasil enfrentou no segundo ano do governo Bolsonaro uma Pandemia. O governo demorou a reagir e a buscar soluções para a crise, deixando para o Congresso e para os(as) governadores(as) e prefeitos(as) a tarefa de liderar o combate ao vírus. Foi assim com o auxílio emergencial, foi assim com a vacinação, foi assim com o incentivo ao uso de máscaras e isolamento nos momentos mais cruciais da crise. O Brasil ficou para trás no combate à Covid-19, e também na recuperação pós Pandemia. Enquanto os países desenvolvidos fazem planos de investimentos milionários para recuperar o tempo perdido, no Brasil, o Estado continua jogando parado.
Vamos derrotar projeto entreguista de Guedes
Por Adilson Araújo, no site da CTB:
Ao participar na segunda-feira (27) de um evento promovido em Brasília pela International Chamber of Commerce (ICC Brasil), o ministro Paulo Guedes disse que tem um plano para impor ao Brasil nos próximos anos. Este pode ser resumido em duas iniciativas: a privatização da Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal aliado à sonhada capitalização da Previdência, que seria o fim da Previdência Social Pública.
Ao participar na segunda-feira (27) de um evento promovido em Brasília pela International Chamber of Commerce (ICC Brasil), o ministro Paulo Guedes disse que tem um plano para impor ao Brasil nos próximos anos. Este pode ser resumido em duas iniciativas: a privatização da Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal aliado à sonhada capitalização da Previdência, que seria o fim da Previdência Social Pública.
Federação partidária, conquista da democracia
Editorial do site Vermelho:
É difícil apontar, no período recente, um avanço para a democracia tão significativo quanto a adoção das federações partidárias, concretizada nesta segunda-feira (27), no Congresso Nacional. Graças a uma articulação pelo PCdoB – mas que contou com a adesão de partidos de distintos espectros político-ideológicos –, o Senado e a Câmara dos Deputados rejeitaram, em sessão conjunta do Congresso, o veto do presidente Jair Bolsonaro às federações partidárias.
Veto, por sinal, absolutamente estapafúrdio, uma vez que o conjunto das legendas partidárias já havia se manifestado a favor da medida. Os senadores aprovaram, em 2017, o Projeto de Lei do Senado (PLS) Nº 477/2015, que altera duas leis (a dos Partidos Políticos e a das Eleições), “para instituir as federações de partidos políticos”. Na Câmara, onde tramitou como Projeto de Lei (PL) Nº 2.522/2015, a proposta foi igualmente aprovada, em 12 de agosto passado, por 304 votos a 119.
É difícil apontar, no período recente, um avanço para a democracia tão significativo quanto a adoção das federações partidárias, concretizada nesta segunda-feira (27), no Congresso Nacional. Graças a uma articulação pelo PCdoB – mas que contou com a adesão de partidos de distintos espectros político-ideológicos –, o Senado e a Câmara dos Deputados rejeitaram, em sessão conjunta do Congresso, o veto do presidente Jair Bolsonaro às federações partidárias.
Veto, por sinal, absolutamente estapafúrdio, uma vez que o conjunto das legendas partidárias já havia se manifestado a favor da medida. Os senadores aprovaram, em 2017, o Projeto de Lei do Senado (PLS) Nº 477/2015, que altera duas leis (a dos Partidos Políticos e a das Eleições), “para instituir as federações de partidos políticos”. Na Câmara, onde tramitou como Projeto de Lei (PL) Nº 2.522/2015, a proposta foi igualmente aprovada, em 12 de agosto passado, por 304 votos a 119.
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