Por Eric Nepomuceno, no site Brasil-247:
Nada mais representativo desses mil e poucos dias do mais abjeto governo desde a proclamação da República que a figura grotesca de Luciano Hang na CPI do Genocídio.
A mescla insólita de prepotência, mentiras reiteradas e estupidez criminosa reflete exatamente a figura irremediavelmente desequilibrada que ocupa o palácio presidencial.
Nenhuma surpresa, nenhuma novidade.
O que me pergunto é a razão desse sujeito patético ter sido levado à CPI.
Será que seus condutores não sabiam o que poderia acontecer – e aconteceu?
Não perceberam que estavam abrindo amplo espaço para o extravagante empresário reunir material que, evidentemente, será deturpado e já está sendo divulgado nas redes sociais bolsonaristas?
Luciano Hang é exemplo palpável do Brasil de Jair Messias. E os senadores da bancada leal ao bolsonarismo reforçam esse retrato de um país devastado, destroçado.
O que se viu durante o interrogatório da esverdeada figura confirma que a atual formação do Congresso é a pior em décadas.
Passou o tempo em que entre deputados e senadores havia muita gente do mais alto nível, de diferentes tendências políticas e ideológicas.
Restaram, por certo, poucos parlamentares de estirpe. Mas na contramão o grupo de aberrações supera, e muito, as exceções.
Basta lembrar do comportamento de Arthur Lira, que preside a Câmara. Ou o senador gaúcho que insiste em reiterar afirmações ridículas e criminosas sobre medicamentos que, além de ineficazes, podem causar danos colaterais que terminam com a vida de quem os consumir.
Mil dias significam 24 mil horas. E em cada minuto de cada uma delas o país padeceu os efeitos de viver sob o jugo de um governo criminoso.
Faltam ainda muitos dias para que o país se veja livre de Jair Messias. Um ano e três meses para o primeiro de janeiro de 2023.
Hang, porém, vai sobreviver ao atual governo. E permanecerá como símbolo redondo de um tempo de breu. Um tempo de aberrações iguaizinhas a ele e tudo que representa com brilho exemplar.
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