Reproduzo editorial do sítio Vermelho:
As declarações do presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Alejandro Aguirre, contra os líderes de governos progressistas da nossa América Latina, feitas ao cabo de uma reunião do comitê executivo da entidade, ganharam ampla repercussão na chamada mídia hegemônica neste final de semana.
O principal alvo de Aguirre foi o presidente Lula, a quem chamou de “falso democrata” em função das relações amigáveis entre o chefe do Estado brasileiro e os presidentes de Cuba, Venezuela e Bolívia, entre outros líderes de governos progressistas da América Latina. Também cobrou uma posição do governo sobre a alegada censura imposta pelo Poder Judiciário ao jornal “O Estado de São Paulo” em processo que envolve a família Sarney.
Ele não voltou suas baterias apenas contra o presidente do Brasil. Atacou Hugo Chávez, da Venezuela, Evo Morales, da Bolívia, Rafael Correa, do Equador, Daniel Ortega, da Nicarágua e Cristina Kirchner, da Argentina. "Esses governos usaram leis no Congresso, ameaças, subornos, publicidade oficial, atos judiciais sumamente arbitrários. Esses fatos são públicos", esbravejou.
O presidente da SIP não está em condições de dar lições de democracia a ninguém, pois a “imprensa” que representa, monopolizada por alguns poucos grupos capitalistas e políticos a eles associados, esteve sempre, ao longo de nossa história, metida da cabeça aos pés com a direita golpista na América Latina.
Podemos recordar os idos de 1964 no Brasil, 1973, no Chile, 1976 na Argentina ou, mais recentemente, o golpe de abril de 2002 contra Chávez na Venezuela (felizmente abortado) e de 2009 em Honduras, institucionalizado através de uma farsa eleitoral graças aos EUA. Em todas essas ocasiões, os meios de comunicação filiados à SIP, em grande número, atiçaram e respaldaram a direita golpista, conforme argumenta o jornalista Breno Altman em artigo veiculado no Vermelho. Por estas e outras é que ganharam a merecida reputação de mídia golpista.
Alejandro Aguirre fala em nome da “democracia” e da liberdade de imprensa, mas a ouvidos mais atentos seu discurso soa cínico e falso. Os interesses que na prática defende são os dos grupos empresariais que monopolizam os grandes meios de comunicação e confundem a liberdade de suas empresas com liberdade de imprensa, arrogam-se independentes, mas têm o rabo preso com os monopólios capitalistas, o imperialismo e a direita golpista.
As acusações vomitadas pelo presidente da SIP não constituem um episódio isolado. Serão melhor compreendidas como parte de uma contraofensiva mais geral do imperialismo, liderada pelos EUA, frente às vitórias de forças políticas progressistas em diferentes países da América Latina e Caribe, um movimento que não se dá apenas na esfera ideológica.
Muitas outras iniciativas da Casa Branca e do Pentágono na região (com caráter político, econômico e militar) são orientadas para o mesmo objetivo. Podem ser enumerados, como exemplos, acontecimentos como a reativação da 4ª Frota, o golpe em Honduras (2009), a instalação de novas bases na Colômbia, a ocupação militar do Haiti e da Costa Rica, além dos tratados de livre comércio fechados com alguns países.
As coisas certamente não vão parar por aí. As mudanças progressistas em curso na América Latina não podem ser consideradas consolidadas. O imperialismo, que não está morto nem desacordado, tem interesse no retrocesso e conta com o apoio da direita e da mídia golpista para impor, a ferro e fogo se julgar necessário, a sua política.
No Brasil, onde o candidato tucano José Serra integra o coro reacionário da orquestra imperialista, as forças progressistas e a mídia contra-hegemônica têm o dever de desmascarar o discurso falsamente democrático da mídia golpista, defender a integração política e econômica dos países latino-americanos e a soberania nacional.
Trata-se de uma luta prolongada, uma guerra que tem, entre suas grandes batalhas, as eleições de outubro. A ofensiva da mídia golpista contra Lula, Chávez, Castro, Morales e outros governantes latino-americanos da promissora safra mudancista sugere a necessidade de intensificar a luta pela efetiva democratização dos meios de comunicação no Brasil, que poderá avançar no sentido das propostas aprovadas na Confecom com a vitória da candidata Dilma Rousseff e eleição de uma bancada mais progressista para o Congresso Nacional.
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