Reproduzo artigo de Virginia Toledo, publicado na Rede Brasil Atual:
A velha mídia alimenta e enfatiza supostas divergências entre os partidos aliados na composição do governo – como se não fosse natural haver disputa por espaço entre partidos que irão compor um governo de coalizão. A opinião é do professor da Universidade de Brasília (UnB) Venicio Artur de Lima, referindo-se ao sabor de "crise política" que alguns jornais veem entre PT e PMDB nos primeiros dias de mandato da presidente Dilma Rousseff.
Desde a posse, os dois maiores partidos da situação protagonizam o debate em torno da ocupação dos cargos que compõem a máquina pública, principalmente os chamados cargos de segundo escalão, aqueles que serão subordinados aos ministros e executivos de estatais já indicados durante o processo de transição.
"Está tudo tranquilo, não há problemas. A presidente Dilma já colocou o Palocci no circuito", disse Valdir Raupp, presidente interino do PMDB, ao afirmar, na quarta-feira (5), a missão do atual ministro da Casa Civil como intermediador das discussões.
Em entrevista a jornalistas nesta sexta-feira (7), o ministro da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Luiz Sérgio, reiterou a afirmação de que não há crise entre os partidos. “Este é um governo de coalizão. Num governo de coalizão, é normal que partidos queiram participar [do governo]. Num primeiro momento, sempre há uma movimentação que pode dar uma sensação de crise. Na verdade, não há crise. Este é um processo natural”, disse.
Para Venício Lima, a cobertura política da mídia amplifica os "factoides", com a finalidade de dar ao início de mandato da presidente eleita um ar de anormalidade na ordem política. "O conflito e a disputa fazem parte, sobretudo quando se tem partido aliado. A composição do governo da Dilma é de um leque amplo de forças políticas. É natural que os dois maiores partidos usem recursos para ocupar mais espaço no poder", explica o professor.
Venício vê na conduta da mídia sinais de "má vontade" na cobertura política, na mesma proporção como era tratado o governo Lula. "Eu esperava que isso pelo menos fosse ter uma trégua até que as coisas se definissem", lamenta.
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