Reproduzo artigo de Ricardo Kotscho, publicado no blog Balaio do Kotscho:
Faz uma semana hoje que o Brasil mudou de presidente. Como todo mundo viu, saiu Lula, entrou Dilma, um novo governo assumiu, a roda da história girou, a fila andou. Para certos setores da imprensa brasileira, no entanto, que até hoje não se conformam com a vitória de Lula em 2002 e 2006, e o sucesso dos oito anos de seu governo, aprovado ao final por 87% da população, é como se nada houvesse mudado.
Parece obsessão _ e é. Entre as perturbações mentais mais comuns, a obsessão compulsiva caracteriza-se pela presença de ideias, de imagens ou de impulsos recorrentes, segundo o Manual Muck da Biblioteca Médica Online.
Dia sim, noutro também, eles não conseguem virar o disco, mudar de assunto. Lula continua sendo o assunto dominante nas manchetes, nas colunas, nos blogs. A única diferença é que, quando ele ainda estava no governo, o presidente respondia aos ataques no mesmo tom, dando a sua versão dos fatos, o que levava a imprensa a falar em ameaças à liberdade de expressão.
Agora, não. É um monólogo do pensamento único. Só um lado investiga, denuncia e julga, sem dar tempo para que as instituições se manifestem. Até entendo o comportamente de editores, colunistas, blogueiros e repórteres da grande mídia, que afinal ganham para isso ou pensam mesmo aquilo que escrevem em seu nicho de mercado.
Mas o massacre é de tal ordem que atingiu até alguns leitores do Balaio, principalmente aqueles que usam codinomes; não importa o tema tratado, escrevem comentários com a mesma ferocidade dos tempos da campanha eleitoral que acabou faz mais de dois meses.
Neste clima, pouco importa se o ex-presidente tem ou não razão ou direito nos atos adotados em seus últimos dias de governo e na primeira semana depois de passar a faixa. Nem tudo o que a lei permite é eticamente recomendável, eu sei. Não estou aqui para julgá-lo ou defendê-lo, não ganho para isso. Posso discordar dele em várias coisas, mas me espanta o tratamento raivoso e vingativo dado a Lula fora do governo em comparação aos seus antecessores.
Qualquer coisa que o agora ex-presidente faça ou deixe de fazer é motivo de críticas, denúncias, editoriais irados, como se devesse simplesmente desaparecer do mapa para ter um pouco de paz.
Nestes primeiros dias de 2011, procurei tratar de assuntos mais amenos, fugir da eterna pauta política de confronto entre governo e oposição, mas está difícil. Cada um entende o que quer, enxerga intenções que não tive e usa qualquer argumento para avivar a guerra ideológica. Até quando?
Agora vou à praia, atendendo a um convite do sol. Bom fim de semana a todos.
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3 comentários:
Caro Miro,
Sabemos bem a que se destina essa caçada, em linhas gerais:
Corroer a popularidade de Lula no imaginário, e tentar encerrar sua carreira política.
Pois se ele(Lula) conseguiu escapar ao "siége" e elegeu Dilma, agora o momento é de isolar o governo dela, desde o início. Essa ação do PIG e da oposição visa, dentre outras coisas:
1. Impedir que as transformações de aprofundem;
2. Desarticular a enorme base social de apoio que Lula construiu e transferiu a Dilma;
3. Desmontar Dilma sem que Lula tenha chances de "socorrê-la", ou se se apresentar como alternativa em 2014.
Lógico que essa "luta" se dá por motivos mais restritos também, como controle social da comunicação, a questão dos direitos humanos, etc, etc. Mas de certa forma, todos esses temas pontuais serão tratados com a mesma simplificação e com o objetivo de atacar a "identidade" política de Lula/Dilma.
O pior de tudo, é que existe uma tendência, muito natural, diga-se de passagem, de que o debate empobreça muito, em ambos os lados.
É preciso ter cuidado para que façamos a defesa política, sem esquecer as críticas necessárias para que avancemos no pós-Lula. Agora não dá mais para contar com essa "instância carismática" que o presidente construiu em torno de si, e que só ele pode usufruir sem parecer demagógico.
A tarefa é hercúlea, e a Hydra-Pig está só esquentando!
Um abraço.
Tb tenho um convite ao sol.
Monólogo de pensamento único?
Não se trata de pensamento; pensamento presume abstração, idéias em evolução, evolução no raciocínio e em caminhos que levam à manutenção da razão. No caso dos PiG, o processo chama-se "fixação", "paranóia da volta dele", iconofagia, etc; não existe razão, ao menos não no modo como a palavra deve ser entendida.
Infelizmente(ou felizmente), eles não sabem "por um ponto final", não "partem para outra", são escravos das fixações, temores e fantasmas por eles mesmos criados.
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