Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Mais um degrau foi galgado na escalada de canalhice que começou no fim do ano passado com aquela garota do interior de São Paulo que pregou o assassinato de nordestinos pelo Twitter, passando pelo crime impune de racismo cometido pelo deputado Jair Bolsonaro e que acaba de desembocar na apologia ao estupro pelo integrante do programa CQC Rafinha Bastos.
O “humorista” do programa da TV Bandeirantes faz piadas com estupro, aborto, doenças e deficiência física. Acaba de dizer que toda mulher que reclama de estupro é “feia” e deveria “agradecer” a violência. Segundo os adeptos desse tipo de “humor”, este não pode ser feito sem mau gosto, sem desumanidade e insensibilidade. A “graça” estaria em pisotear os que já foram pisoteados pela vida.
Esse homem, em reportagem do jornal The New York Times, foi considerado a pessoa mais influente do mundo no Twitter. Mas o que isso quer dizer? O que é ser influente nessa rede social que cada vez mais vai abrigando toda sorte de horrores? Significa ser “retuitado”, ou seja, as pessoas que lêem esse tipo de “pensamento” passam para frente, em efeito multiplicador.
Bastos é influente no Twitter porque tem cerca de dois milhões de seguidores na rede social e eles não só compram as aberrações que diz, mas as difundem. Ele os influencia, portanto. Ou seja: faz com que essas pessoas, sobretudo jovens, emulem seu comportamento e suas idéias doentias. E o sucesso que vem fazendo só o estimula a ir cada vez mais longe.
Parece bastante razoável, portanto, dizer que a sociedade brasileira – e, sobretudo, nossos jovens – está moralmente doente. Uma geração em que há tantas pessoas frias, cínicas, empedernidas é a que irá governar o Brasil do futuro. Uma geração diferente de todas as que a terão precedido, capaz de rir das desgraças alheias e de pregar atos criminosos como afogar ou estuprar pessoas.
Como sempre, os adeptos dessa “ideologia” virão dizer que seu ícone não disse o que disse, ou buscarão desculpas para alguém que difunde (com inegável sucesso) um tipo de comportamento que, entre as mentes mais fracas, acabará incentivando a que passem da retórica à ação…
Como não é crime desejar, pregar, incentivar o desprezo pelos valores humanos mais essenciais, e como as autoridades de todos os níveis e instâncias parecem não dar a menor bola para o assunto, essa onda amorfa e repugnante só tende a crescer.
Caberia uma campanha publicitária de iniciativa do Estado exaltando valores humanistas e condenando esse tipo de mentalidade. Contudo, devido à sua crescente popularização a classe política demonstra claramente que não pretende se indispor com contingentes tão amplos de cidadãos. Enquanto isso, a onda vai crescendo.
Está se formando uma geração de bestas-feras, insensíveis, truculentas, perversas, que, um dia, terá poder sobre as vidas de todos os brasileiros. E não há autoridade que faça a menor menção de se opor a esse horror por conta dos interesses mesquinhos e da covardia da classe política. Espero não viver o suficiente para ver esse Brasil que está sendo gestado.
Mais um degrau foi galgado na escalada de canalhice que começou no fim do ano passado com aquela garota do interior de São Paulo que pregou o assassinato de nordestinos pelo Twitter, passando pelo crime impune de racismo cometido pelo deputado Jair Bolsonaro e que acaba de desembocar na apologia ao estupro pelo integrante do programa CQC Rafinha Bastos.
O “humorista” do programa da TV Bandeirantes faz piadas com estupro, aborto, doenças e deficiência física. Acaba de dizer que toda mulher que reclama de estupro é “feia” e deveria “agradecer” a violência. Segundo os adeptos desse tipo de “humor”, este não pode ser feito sem mau gosto, sem desumanidade e insensibilidade. A “graça” estaria em pisotear os que já foram pisoteados pela vida.
Esse homem, em reportagem do jornal The New York Times, foi considerado a pessoa mais influente do mundo no Twitter. Mas o que isso quer dizer? O que é ser influente nessa rede social que cada vez mais vai abrigando toda sorte de horrores? Significa ser “retuitado”, ou seja, as pessoas que lêem esse tipo de “pensamento” passam para frente, em efeito multiplicador.
Bastos é influente no Twitter porque tem cerca de dois milhões de seguidores na rede social e eles não só compram as aberrações que diz, mas as difundem. Ele os influencia, portanto. Ou seja: faz com que essas pessoas, sobretudo jovens, emulem seu comportamento e suas idéias doentias. E o sucesso que vem fazendo só o estimula a ir cada vez mais longe.
Parece bastante razoável, portanto, dizer que a sociedade brasileira – e, sobretudo, nossos jovens – está moralmente doente. Uma geração em que há tantas pessoas frias, cínicas, empedernidas é a que irá governar o Brasil do futuro. Uma geração diferente de todas as que a terão precedido, capaz de rir das desgraças alheias e de pregar atos criminosos como afogar ou estuprar pessoas.
Como sempre, os adeptos dessa “ideologia” virão dizer que seu ícone não disse o que disse, ou buscarão desculpas para alguém que difunde (com inegável sucesso) um tipo de comportamento que, entre as mentes mais fracas, acabará incentivando a que passem da retórica à ação…
Como não é crime desejar, pregar, incentivar o desprezo pelos valores humanos mais essenciais, e como as autoridades de todos os níveis e instâncias parecem não dar a menor bola para o assunto, essa onda amorfa e repugnante só tende a crescer.
Caberia uma campanha publicitária de iniciativa do Estado exaltando valores humanistas e condenando esse tipo de mentalidade. Contudo, devido à sua crescente popularização a classe política demonstra claramente que não pretende se indispor com contingentes tão amplos de cidadãos. Enquanto isso, a onda vai crescendo.
Está se formando uma geração de bestas-feras, insensíveis, truculentas, perversas, que, um dia, terá poder sobre as vidas de todos os brasileiros. E não há autoridade que faça a menor menção de se opor a esse horror por conta dos interesses mesquinhos e da covardia da classe política. Espero não viver o suficiente para ver esse Brasil que está sendo gestado.
15 comentários:
Nossa para discordar deste texto tem que ser no mínimo um idiota e eu não tô afim de ser parabéns perfeita observação de como as coisas andam de fato neste país de merda
Dê-me ao menos um exemplo de humorista ao qual eu poderia considerá-lo digno de minhas risadas cidadãs. Aguardo ansioso.
Concordo. O programa A Liga tb nao tem acrescentado muito. Um exemplo que para mim ficou claro foi o programa em que ele acompanhou um menino que vendia bala em farol. O garoto é o mais novo da família ea mãe está desempregada. Qdo Rafinha falou com ela, nem questionou esse fato. Preferiu ter "peninha" da mãe desempregada. Só que ela é jovem, tem saúde e outros filhos mais velhos. Não é por nada, mas canso de ver gente procurando boas faxineiras e empregadas. E trabalhadoras madrugando para vender café e bolo na rua, fazendo quentinha, pedindo trocado para qualquer coisa, mesmo que seja varrer a frente de uma casa - tudo para nao ver os filhos em má situação. Pq ele não questionou sobre o esforço da mãe em tirar o menino dessa situação? Não! Ele passou a mão na cabeça da mãe. Nem tudo é culpa do governo. as pessoas têm que se esforçar. Por um filho, vc tem obrigação de dar um jeito e não jogar ele num farol. entao, de vez em quando as pessoas que dirigem esses programas não pensam nos efeitos dessas reportagens meia-boca, sem reflexão.
Eu nunca vi graça nas piadinhas desse cidadão. Temo pelas palavras que esse sujeito fala tanto na internet, quanto na tv. Pessoas assim deveriam ser processadas por fazer piadas de tanto mal gosto. Queria ver se alguém de sua família, uma irmã por exemplo, tivesse sofrido de um abuso tão cruel assim.(estupro).
O povo brasileiro deveriam protestar contra atitudes como esse, a começar pelo twitter.
Abraços Altamiro Borges, admiro muito seu trabalho e a sua pessoa.
Graças a Deus, essa mesma juventude cheia de preconceitos é a juventude que repete a papagaiada da grande mídia de que político é tudo igual e que o melhor que temos a fazer é se afastar da política.
Aqueles jovens que, como eu, se interessam pelos rumos que o país toma, ainda nutrem ideários de igualdade, solidariedade e justiça.
Por isso eu acredito num futuro melhor que o presente que se apresenta.
Altamiro,
depois dos episódios contra os nordestinos, o ataque constante de homossexuais em São Paulo, principalmente, as investidas de Bolsonaro e nada acontece. Muitos Rafinhas vão correr solto por aí. Como você temo muito pelo futuro do País com esta gente, aliás nem sei se dá pra chamr de gente
Viva a ditadura do politicamente correto. Péssima linha de raciocínio.
Olha, fico tentando pensar que como todas as modas ruins, essa do preconceito explícito, da agressividade gratuita, da babaquice explícita, um dia vai passar.
Escrevi um relato sobre estupro no meu blog. Achei que era hora de quebrar o silêncio. Espero que outras mulheres quebrem também, e que essa declaração infeliz do Rafa B. sirva pelo menos para gerar uma discussão, e esclarecimento sobre o assunto.
Se você quiser ler, o link é: http://osexoeasmulheres.blogspot.com/2011/05/estupro.html
Prezado Altamiro,
Meu nome é Sebastián Gadea, tenho 30 anos e sou jornalista. Há dois anos que moro no pais e sego (e retuito) o senhor há um tempo já que acho que o senhor tem um olhar critico sobre um tema no qual eu também sou critico: o poder ditatorial da mídia na America Latina e a falta de diversidade de vozes com a conseqüente hegemonia cultural de pequenos pero poderosos círculos de poder.
Provavelmente o senhor não conhecerá o meu trabalho por se encontrar o mesmo na orbita da grande mídia. Resulta que eu trabalho com o Rafinha Bastos e resulta que eu sou jovem (acho irrelevante o primeiro desses fatos como motivo de essa carta. Não é meu propósito defende-lo nem justificá-lo. Isso não é necessário já que jovens ou não, somos pessoas adultas). Eu sou diretor de um programa jornalístico de TV chamado A Liga que se emite na Band. Tal vez se os senhores tivessem assistido o mesmo, pensariam um pouco antes de sacar conclusões apresadas ante o erro do Rafinha e evitariam comparar-lo com “outros jovens” como o Jair Bolsonaro (mais esse é outro assunto).
Penso sim, no enorme desprezo que a “instigante reflexão” que você postou denota pela juventude. Generalizar falando que é uma geração de pessoas frias, cínicas e empedernidas implica pelo menos um olhar míope sobre a mesma. Porque falando isso o autor esta deixando fora milhares de jovens que tentam, e com muito esforço, fazer um mundo melhor do mundo hostil, fascista e violento que herdaram da geração dos senhores (uma geração que fracasso absolutamente no intento por mudar alguma coisa). Um mundo do passado com uma esquerda rígida, violenta e totalitária que mal interpretou aos grandes filósofos humanistas e que se ainda tem um mínimo de prestigio é porque a direita sempre, sempre, foi pior. E eu me pergunto: será que a geração dos senhores não era uma geração de pessoas frias, cínicas, empedernidas e que é essa a geração que atualmente governa o mundo?
Também me pergunto se quem escreveu esse artigo realmente acha que tem argumentos sólidos para insultar uma geração toda a partir de uma piada, de mal gosto claro, mais uma piada ao fim. Será que são capazes de entender a essa geração atual? Tal vez, essa geração que os senhores tanto criticam tenha um dinamismo incompreensível para os pensadores das rígidas estruturas do passado (estruturas que claramente fracassaram).
Tal vez a maior diferença real de nossa geração com a sua é que nos nascemos na era das hiper comunicações. Por isso eu acho que vocês confundem os valores dessa geração com o jeito de se expressar (que inevitavelmente vai ser um jeito distinto ao dos senhores e que realmente ainda nem esta estudado como para poder compreendê-lo totalmente e que esta estreitamente vinculado a um fenômeno revolucionário e sem precedentes na humanidade como é a Internet). Realmente a nossa geração tem menos medo do politicamente incorreto e tem menos respeito por o politicamente correto porque sabemos que historicamente detrás dessas convenções se taparam as maiores atrocidades e abusos e por isso ser correto adquire um valor tremendamente hipócrita (os valores da igreja são o exemplo mais claro disso). Acho realmente que estamos longe de ser bestas-feras, insensíveis, truculentas e perversas e acho que se a sua geração não puder entender isso, é somente mais uma manifestação das suas limitações na hora de encarar efetivamente os desafios que a humanidade apresentou para vocês (as nossas se conheceram no futuro e não serão vocês quem as definirão).
Com afeto.
Sebastián Gadea, assíduo leitor do seu blog.
Esse pessoal do cqc, são uns lixos. Detritos de maré baixa e se acham engraçados!
Não assisto a estes merdas.
Esses caras não são artistas, não fazem comédia, não tem o quilate de artistas como Costinha, Derci Gonçalves, etc.
São uns picaretas, apenas isso
Gostar ou não de um estilo ou mesmo de alguém é compreensivo é aceitável.
Daí vaticinar sobre o destino de uma geração é no mínimo um ato reacionário. Sigo o Rafinha Basto, também não gosto de alguns de seus post no twitter, mas não estarreço ao saber que vários jovens o seguem. Jovens como fomos e sofremos com comentários desfavoráveis. Se os presságios valessem como receita de bolo, o nosso ex presidente não alcançaria e nem terminaria um mandado.
Ainda existem pessoas que não enxergam além de suas verdades mesmo que progressista se pareçam.
O nosso país será melhor , igual, ou pior no futuro. É impossível antever.
Acho um porre o tal cqc, portanto não assisto.mediocres tais quais os extintos cassetas e outros sem graça. a tv brasileira vai mal.
http://www.youtube.com/watch?v=c_2csPaWL4s
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"Como sempre, os adeptos dessa “ideologia” virão dizer que seu ícone não disse o que disse, ou buscarão desculpas para alguém que difunde (com inegável sucesso) um tipo de comportamento que, entre as mentes mais fracas, acabará incentivando a que passem da retórica à ação…"
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Esse discurso é sensacionalista e hipócrita.
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As situações em questão são diferentes. Uma é pública e outra é "privada", entre correligionários, mas de divulgação ampla interna (e que vazou). A hipocrisia está em eu poder falar o que quero entre amigos, inclusive discurso racista, homofóbico, anti-semita, entre outros. Mas se fizer isso publicamente é condenável.
Não acho que a piada em ambos os casos seja boa, mas eles têm o direito de fazê-la.
O episódio tem seu lado positivo. Despertar discussão pra mostrar que realmente a sociedade tem sua preferência pelo escárnio dos diferentes. E isso é sintoma, não causa. Que a luz da razão mostre o caminho. Sempre. O resto é lero-lero.
ampanha EU ODEIO RAFINHA BOSTA, crie divulgue e participe!!!
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