Por Antonio Martins, no sítio Outras Palavras:
Na aparência, tudo não passa de um completo nonsense. Aos 61 anos, o economista britânico George Magnus é uma das vozes ouvidas no escalão mais alto do sistema financeiro internacional. Desde 1997, aconselha (primeiro, como economista-chefe; hoje, como consultor senior) o UBS, o maior banco suíço e o segundo maior do mundo na administração de fortunas milionárias (com ativos de cerca de 2,5 trilhões de dólares). Este homem está dizendo a seus insignes clientes que ouçam, para salvar a economia da crise… Karl Marx.
Magnus não se refere, é claro, ao Marx político, que propunha a derrocada da burguesia por meio da revolução proletária. O que ele realça é a precisão teórica das análises marxianas sobre a natureza das crises do capitalismo. Demonstrando conhecer a obra do filósofo alemão, sustenta: por trás das turbulências que continuam sacudindo os mercados financeiros, há uma clássica crise de superprodução. A concentração de riquezas foi tão aguda, nas mais de duas décadas de hegemonia neoliberal, que se reproduziu o velho mecanismo descrito por Marx: já não há consumidores capazes de adquirir as mercadorias e serviços socialmente produzidos.
Mais que o diagnóstico, porém, importam as propostas do consultor senior do UBS sobre os caminhos para sair da crise. Sempre apoiando-se nas análises marxistas, Magnus sustenta: num cenário como o atual, o caminho adotado pelas elites econômicas, em praticamente todo o mundo, levará ao abismo. Não se trata de cortar gastos, nem de praticar a “austeridade fiscal”. Os Estados precisam intervir na economia — inclusive adotando medidas normalmente condenadas pela ortodoxia. Ampliar o poder de compra dos trabalhadores. Desencadear obras capazes de reduzir o desemprego. Reduzir a dívida de setores da população (como os que hipotecaram suas casas) e de países (como a Grécia) que se enrascaram nas armadilhas de crédito abertas até 2008. Aceitar taxas mais altas de inflação.
É um sopro provocador de reflexão, num momento em que os economistas de mercado e a mídia tentam tirar do baú a mesma ortodoxia que provocou a crise (observe sua pregação contra a queda das taxas de juros, ou o bombardeio contra a volta de um imposto sobre transações financeiras, para financiar a Saúde). Assim como o recente artigo, de Warren Buffet — o multibilionário norte-americano que pede impostos sobre as grandes fortunas — o texto de Magnus lembra que, em tempos de crise, o maior risco está em seguir mecanicamente o pensamento convencional.
Na aparência, tudo não passa de um completo nonsense. Aos 61 anos, o economista britânico George Magnus é uma das vozes ouvidas no escalão mais alto do sistema financeiro internacional. Desde 1997, aconselha (primeiro, como economista-chefe; hoje, como consultor senior) o UBS, o maior banco suíço e o segundo maior do mundo na administração de fortunas milionárias (com ativos de cerca de 2,5 trilhões de dólares). Este homem está dizendo a seus insignes clientes que ouçam, para salvar a economia da crise… Karl Marx.
Magnus não se refere, é claro, ao Marx político, que propunha a derrocada da burguesia por meio da revolução proletária. O que ele realça é a precisão teórica das análises marxianas sobre a natureza das crises do capitalismo. Demonstrando conhecer a obra do filósofo alemão, sustenta: por trás das turbulências que continuam sacudindo os mercados financeiros, há uma clássica crise de superprodução. A concentração de riquezas foi tão aguda, nas mais de duas décadas de hegemonia neoliberal, que se reproduziu o velho mecanismo descrito por Marx: já não há consumidores capazes de adquirir as mercadorias e serviços socialmente produzidos.
Mais que o diagnóstico, porém, importam as propostas do consultor senior do UBS sobre os caminhos para sair da crise. Sempre apoiando-se nas análises marxistas, Magnus sustenta: num cenário como o atual, o caminho adotado pelas elites econômicas, em praticamente todo o mundo, levará ao abismo. Não se trata de cortar gastos, nem de praticar a “austeridade fiscal”. Os Estados precisam intervir na economia — inclusive adotando medidas normalmente condenadas pela ortodoxia. Ampliar o poder de compra dos trabalhadores. Desencadear obras capazes de reduzir o desemprego. Reduzir a dívida de setores da população (como os que hipotecaram suas casas) e de países (como a Grécia) que se enrascaram nas armadilhas de crédito abertas até 2008. Aceitar taxas mais altas de inflação.
É um sopro provocador de reflexão, num momento em que os economistas de mercado e a mídia tentam tirar do baú a mesma ortodoxia que provocou a crise (observe sua pregação contra a queda das taxas de juros, ou o bombardeio contra a volta de um imposto sobre transações financeiras, para financiar a Saúde). Assim como o recente artigo, de Warren Buffet — o multibilionário norte-americano que pede impostos sobre as grandes fortunas — o texto de Magnus lembra que, em tempos de crise, o maior risco está em seguir mecanicamente o pensamento convencional.
5 comentários:
será que ponto não seguir os ortodoxos e ouvir esse economista não significa manter tudo como está para ali em frente assitir mais duas ou três décadas neo-neoliberais?
propostas heterodoxas (?) de intervenção estatal não representam continuar jogando o capitalismo, no qual os pobres sempre ficam mais pobres e os ricos sempre mais ricos?
E o tucano mineiro não muda o discurso!!!
professorabernadete.blogspot.com
E vivam o Max, o Lula e a Dilma! Não foi isto que foi feito aqui ou entendi mal o gringo citado no post?
Miro, como se dizia, "nada como um dia atrás do outro".
E, como disse a Dilma na coletiva de ontem, é preciso enteder o que está acontecendo para saber o que fazer.
Magnus, hora que eles sacaram isto eles vão aplicar, com certeza pois é bem o que você disse, podem acontecer coisas indesejadas e classe dominante tem suas formas de aprendizado. Mas e aí, quais as implicações que o fim do neoliberalismo pode trazer. O que o acirramento do neoliberalismo causou? Na AL, por exemplo, governos de outro mote. O que a crise está fazendo com o centro do Sistema? O que dizer da China e o centro sendo deslocado para a Ásia. Quais as janelas de oportunidades que se abrem para o movimento dos trabalhadores? É de se pensar. Uma coisa eu acho que seria ingenuidade pensarmos: torcer para o capitalismo se acirre cada vez mais para que as coisas se transformem de uma vez, chegar ao ponto insustentável. Será que isso acontece? Como saber qual é este ponto? É possível saber? O sistema também pode parecer burro, mas não é. E ele tem uma lógica. Que Marx e Engels explicam no qual devemos nos debruçar. Como eles demosntraram que sabem também. De bobo eles não têm nada.
Saudações
A solução do tal banqueiro é keynesiana é tem um limite político pois vai chegar um momento no qual os capitalistas não vão mais tolerar a redução da mais-valia por conta da melhoria dos salários e programas sociais. E aí? Os trabalhadores vão ter a clareza política de dar o próximo passo instaurando o socialismo? Ou, setores médios detestados pelos teóricos neoliberais, mais massa política dos políticos neoliberais vão ser alvo fácil da propaganda do Estado mínimo, e recomeçar o ciclo?
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