quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Terrorista Blinder apóia assassinato



Por Rogério Tomaz Jr., no blog Conexão Brasília-Maranhão:

No mesmo dia em que a Globo exibiu ao vivo, em rede nacional, um estupro/abuso sexual num programa seu, Caio Blinder, comentarista do Manhattan Connection, programa da Globo News, justificou o assassinato de cientistas iranianos como uma forma de evitar mais mortes e intimidar outros cientistas que trabalhem para o governo do Irã, a quem chamou de “Estado terrorista”.



A “coincidência” de data dos episódios é apenas um detalhe irrelevante. Os casos em si, entretanto, incrementam uma longa lista de ilegalidades e desrespeitos à Constituição Federal e a outras leis do País que remontam – vejam só – ao próprio nascimento da TV Globo, nascida de um acordo financeiro do capo Roberto Marinho com o grupo Time Life, dos EUA, operação proibida pela Constituição à época (1965).

Tudo isso, vale frisar sempre, através de uma concessionária de serviço público, que deveria ser um ente exemplar no respeito às normas e à legislação.

O estupro/abuso sexual no BBB dos “heróis” de Pedro Bial resultou em inquérito policial e, possivelmente, se desdobrará também em investigação do Ministério Público, a pedido da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) do governo federal.

Há muitos excelentes textos que abordam o caso e listo apenas dois por ora: Por que o BBB tem que ser proibido – Luis Nassif; A Constituição é letra morta? – Fernando Brito (Tijolaço).

Já o comentário de Blinder – que pode (ou não pode?) ser enquadrado em apologia ao crime de assassinato – não alcançou grande visibilidade por ter sido feito no obscuro (e abjeto) Manhattan Connection, antro do pensamento ultraconservador que não conseguiria ser mais pró-EUA nem se fosse produzido pela assessoria de imprensa da Casa Branca.

Ainda assim, é gravíssimo. O comentarista da Globo News se referia ao atentado que vitimou o cientista Mustafa Ahmadi Roshan, de 32 anos, morto após a explosão de uma bomba colocada no seu carro, em ato que feriu outras duas pessoas, em Teerã, a capital iraniana. Roshan é o quinto cientista nuclear iraniano morto em um atentado terrorista nos últimos dois anos.

Para Caio Blinder e Diogo Mainardi, os atos são apenas assassinatos, “terrorismo é outra coisa” (Mainardi), é “o que o Irã faz” (Blinder).

A transcrição literal (vídeo) do comentário de Blinder, que traduz o pensamento de qualquer diretor da CIA (autorizada pelo governo dos EUA a “neutralizar” pessoas que representem ameaça à segurança do País) não deixa qualquer dúvida sobre a ética seguida pelo jornalista (?!):

“Você às vezes precisa matar gente agora, assassinar, é um assassinato… e não só isso… você também intimida os outros cientistas”.

Para o jornalista da Globo, assassinar alguém é um instrumento objetivo legítimo para garantir um fim subjetivo, a “segurança nacional”. É legítimo também o uso da tortura? O sequestro e a prisão sem julgamento, tudo em nome da garantia da “liberdade” e da “democracia”?

Algum órgão (ABI, Fenaj, ANJ, Abert) vai se manifestar a respeito? Ou a liberdade de expressão inclui a liberdade de justificar e defender crimes e atos terroristas?

Caio Blinder é o mesmo sujeito que chamou a rainha da Jordânia de “piranha”, num “elogio” estendido às primeiras-damas de outros países do Oriente Médio e do norte da África.

Curioso que o jornalista, para afirmar sua tese que acusa o Irã de Estado terrorista, cita o desrespeito às resoluções da ONU acerca do programa nuclear iraniano. Israel, país recordista de resoluções das Nações Unidas violadas (até 2006 eram 66), receberia a mesma pecha? E os EUA, que promoveram mais de uma centena de ataques a outros países desde o final do século XIX, devem ser chamados como?

Que o Irã é uma ditadura e viola os direitos humanos da sua população em larga escala, não tenho a menor dúvida. Desconheço, entretanto, fatos concretos – já que as bravatas de Ahmadinejad não o são – que justifiquem a acusação de terrorismo e ameaça a outros países. O mesmo não se pode dizer dos EUA e de Israel.

E a turma da Globo não hesita nas suas escolhas…

* O portal da Globo, o G1, registrou o fato falando apenas em atentado, mas não mencionou “terrorismo” ou “terrorista” ou termo afim. Aula da novilíngua orwelliana. Já o Manhattan Connection, veja no vídeo, usou a legenda “Terror e a morte dos cientistas” enquanto mostrava as imagens do pesquisador assassinado. Ato falho.

PS: Observe no vídeo que, no início do seu comentário, Caio Blinder faz piada sobre a morte dos cientistas iranianos, levando seu colega Mainardi a desatar o riso. São estas pessoas que cobram respeito aos direitos humanos por parte do governo iraniano.

PS2: O comentário de Blinder me lembrou o caso do ex-presidente venezuelano, Carlos Andres Perez, falecido 2010, que afirmou em entrevista (em 2004) que Hugo Chavez deveria “morrer como um cachorro” e que só restava à oposição usar a violência para derrubar o presidente.

4 comentários:

DEMOCRACIARRADICAL disse...

O cara tá com complexo de paulo francis

JOSUE disse...

" Irã estado terrorista", está foi a mais absurda das colocações que já ouvi em minha vida.
E os americanos, com suas bombas, drones e golpes financiados pelo mundo afora o que são para este pseudo-jornalista?
Defender assassinatos, realmente a nossa mídia chegou ao fundo da fossa.

Anônimo disse...

Se o sujeito maranhense, como suponho, pensa que os atentados terroristas do Hamas e da AP são atos de resistência e luta heróica, como pode chamar os atos de assassinato de terrorismo? Use a mesma medida... E se não pensa assim não se esqueça que o Irã representa uma grave ameaça para o Estado em questão (Israel). Se tivesse alguem da sua família na mira de uma arma por alguém que ameaça atirar, o que faria? Certamente não chuparia o dedo, e sim, assassinaria sem dó o ameaçador.

alberto tiago disse...

Incrivel descaramentode mais um sionista que quer sangue da enjoo ver esses vermes