Por Dênis de Moraes, no sítio Quem tem medo da democracia?:
Devemos reconhecer avanços proporcionados pelas tecnologias digitais, como, por exemplo, as funcionalidades dos celulares, os serviços públicos online, os espaços colaborativos, os intercâmbios audiovisuais, os acervos multimídias, as redes educativas, as mobilizações virtuais por afinidades eletivas e a divulgação descentralizada através da Internet. Mas não podemos deixar de ressaltar que existem sérias contradições e desigualdades nos acessos e usos dessas mesmas tecnologias. Parcelas expressivas da população mundial continuam excluídas da evolução técnica. E são as classes e o capital dominantes que absorvem as maiores vantagens da cultura digital, impedindo a partilha equânime das riquezas e do progresso tecnocientífico e material.
A explosão inovadora não representa um bem comum, nem uma conquista repartida pela maioria das sociedades. Grandes empresas e instituições hegemônicas detêm a prerrogativa de utilizá-la em função de ambições particulares. São elas que dispõem de poderio financeiro, influência política, capacidade industrial e esquemas de distribuição pelos continentes — tudo isso facilitado pelas desregulamentações e privatizações neoliberais dos últimos 30 anos.
A própria intensificação das inovações tecnológicas frequentemente obedece à diretriz de acumulação de dividendos competitivos. Portanto, existem diferentes aspectos a considerar, se não quisermos aceitar passivamente nem ceder ao culto celebratório do novo e das euforias tecnológicas. Precisamos separar as mudanças potenciais que as tecnologias podem introduzir nas relações e práticas cotidianas dos modismos efêmeros, das graves exclusões que se mantêm na órbita da chamada explosão digital e dos apelos consumistas que inundam os meios de comunicação.
É fundamental avaliarmos a multiplicação veloz e ininterrupta de conteúdos nos suportes, canais e plataformas digitais. Dizem-nos que nunca houve tanta oferta de informação e entretenimento. Mas cabe questionar este slogan propagandístico do neoliberalismo. Quem controla essa variedade de ofertas? Qual é a sua natureza ideológico-cultural? Quais são as linhas dos conteúdos e das programações? Que linhas de abordagem são adotadas na interpretação dos fatos? Penso ser essencial verificarmos em que medida a informação está posta a serviço dos interesses ideológicos da mídia hegemônica – não raro, interesses antipopulares, que se expressam na carga brutal de discriminação, de deturpação, de silenciamento das reivindicações de entidades e movimentos sociais e comunitários.
Quando aprofundamos a análise, percebemos que, se, de um lado, cresceu a oferta de informação e diversão, de outro há um processo de centralização das fontes emissoras dos conteúdos multimídias e uma comercialização generalizada dos bens simbólicos, com o propósito de alimentar os padrões de rentabilidade das grandes empresas do setor. A alegada multiplicação de materiais informativos e culturais se inscreve mais na órbita das conveniências econômicas e ideológicas dos grupos privados do que propriamente na variedade qualitativa dos conteúdos. Frequentemente, as necessidades e aspirações sociais ficam em segundo plano.
A verdadeira diversidade pressupõe valorizar as múltiplas vozes que se manifestam na sociedade, confrontar pontos de vista e estimular trocas horizontais entre as culturas de povos, cidades e países. Diversidade se assegura, principalmente, com políticas públicas que valorizem os direitos da cidadania e contribuam para deter a oligopolização da produção cultural. Para isso, são indispensáveis mecanismos democráticos de regulação, de descentralização da mídia, de universalização de acessos, de proteção do patrimônio cultural e de apoio a usos comunitários e educativos das tecnologias.
Devemos reconhecer avanços proporcionados pelas tecnologias digitais, como, por exemplo, as funcionalidades dos celulares, os serviços públicos online, os espaços colaborativos, os intercâmbios audiovisuais, os acervos multimídias, as redes educativas, as mobilizações virtuais por afinidades eletivas e a divulgação descentralizada através da Internet. Mas não podemos deixar de ressaltar que existem sérias contradições e desigualdades nos acessos e usos dessas mesmas tecnologias. Parcelas expressivas da população mundial continuam excluídas da evolução técnica. E são as classes e o capital dominantes que absorvem as maiores vantagens da cultura digital, impedindo a partilha equânime das riquezas e do progresso tecnocientífico e material.
A explosão inovadora não representa um bem comum, nem uma conquista repartida pela maioria das sociedades. Grandes empresas e instituições hegemônicas detêm a prerrogativa de utilizá-la em função de ambições particulares. São elas que dispõem de poderio financeiro, influência política, capacidade industrial e esquemas de distribuição pelos continentes — tudo isso facilitado pelas desregulamentações e privatizações neoliberais dos últimos 30 anos.
A própria intensificação das inovações tecnológicas frequentemente obedece à diretriz de acumulação de dividendos competitivos. Portanto, existem diferentes aspectos a considerar, se não quisermos aceitar passivamente nem ceder ao culto celebratório do novo e das euforias tecnológicas. Precisamos separar as mudanças potenciais que as tecnologias podem introduzir nas relações e práticas cotidianas dos modismos efêmeros, das graves exclusões que se mantêm na órbita da chamada explosão digital e dos apelos consumistas que inundam os meios de comunicação.
É fundamental avaliarmos a multiplicação veloz e ininterrupta de conteúdos nos suportes, canais e plataformas digitais. Dizem-nos que nunca houve tanta oferta de informação e entretenimento. Mas cabe questionar este slogan propagandístico do neoliberalismo. Quem controla essa variedade de ofertas? Qual é a sua natureza ideológico-cultural? Quais são as linhas dos conteúdos e das programações? Que linhas de abordagem são adotadas na interpretação dos fatos? Penso ser essencial verificarmos em que medida a informação está posta a serviço dos interesses ideológicos da mídia hegemônica – não raro, interesses antipopulares, que se expressam na carga brutal de discriminação, de deturpação, de silenciamento das reivindicações de entidades e movimentos sociais e comunitários.
Quando aprofundamos a análise, percebemos que, se, de um lado, cresceu a oferta de informação e diversão, de outro há um processo de centralização das fontes emissoras dos conteúdos multimídias e uma comercialização generalizada dos bens simbólicos, com o propósito de alimentar os padrões de rentabilidade das grandes empresas do setor. A alegada multiplicação de materiais informativos e culturais se inscreve mais na órbita das conveniências econômicas e ideológicas dos grupos privados do que propriamente na variedade qualitativa dos conteúdos. Frequentemente, as necessidades e aspirações sociais ficam em segundo plano.
A verdadeira diversidade pressupõe valorizar as múltiplas vozes que se manifestam na sociedade, confrontar pontos de vista e estimular trocas horizontais entre as culturas de povos, cidades e países. Diversidade se assegura, principalmente, com políticas públicas que valorizem os direitos da cidadania e contribuam para deter a oligopolização da produção cultural. Para isso, são indispensáveis mecanismos democráticos de regulação, de descentralização da mídia, de universalização de acessos, de proteção do patrimônio cultural e de apoio a usos comunitários e educativos das tecnologias.
1 comentários:
a gente viu na TV o suspeito Bill GATES na semana passada defender exatamente a tese contraria!
Ele com aquela cara feliz de rico e profeta iluminado, mostrava convicçao em dizer que, o FUTURO, A DEMOCRATIZAÇAO, a liberdade e a opçao por cada vez mais bens ficará facil e
nos tornará a todos felizes, especialmente quem nao tem isso.
O raciocinio implicava que basta haver mais acesso, mais barateamento e mais gadgets milagrosos que um nuçmero incalculavel de pessoas se tornará livre e feliz. A questao do poder,a concentraçao da riqueza, do controle centralizado das ideias e da educaçao libertaria nem passou perto.
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