Por José Steinsleger, do jornal mexicano La Jornada, no sítio da Adital:
Após o falido golpe do dia 30 de setembro de 2010, aumentaram o prestígio e a credibilidade do presidente Rafael Correa. Em maio de 2011 (por ocasião do referendo proposto para reestruturar o sistema de justiça e os meios de comunicação), obteve 60% de aprovação e converteu-se na sexta vitória eleitoral desde novembro de 2006, quando ganhou a presidência.
Mudando o sujeito (e parafraseando uns versos do escritor de Quito Iván Egüez), a sociedade equatoriana "já não é o que era”. E se durante muitos anos foi "insana”, a revolução cidadã encabeçada pelo líder de Alianza País conseguiu, por primeira vez em sua história republicana, o respeito e a admiração dos povos e governos soberanos do mundo.
Poucos meses depois do referendo, a reconhecida pesquisadora Perfiles de Opinión observou que 75% dos equatorianos (três em cada quatro) aprovam a gestão do governo andino. Em Guayaquil (bastião de separatismo e da oligarquia mais agressiva do país), a credibilidade de Correa subiu de 52% (2009) para 74%; e, em Quito, alcançou 76%.
Os dados revelam as modificações estruturais sofridas pelo Equador, depois dos três grandes movimentos sociais que acabaram com os governos neoliberais do Consenso de Washington: Abdalá Bucaram (1997), Jamil Mahuad (2000) e Lucio Gutiérrez (2005): 72% da população (14 milhões) é branca-mestiça; 7.4% montubia (camponeses da costa); 7.2% é negra e 7% indígena.
No quadro, os anos politicamente heroicos da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie, 18 povos, 14 nacionalidades) sofreram mudanças profundas. Enquanto o grosso das bases respaldam a "revolução cidadã”, alguns de seus dirigentes alternam com os grupos oligárquicos de Guayaquil (Junta Cívica), enquanto outros deixam-se manipular pela CNN e pelos meios que respondem à golpista Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP).
Quem é quem entre os grupos minoritários que, com iguais objetivos políticos e distintos enfoques ideológicos, acham-se interessados em derrocar o governo de Correa (magnicídio incluído)? Grosso modo, o leque opositor de desdobra em sete variáveis:
1. Washington e o Departamento de Estado. A embaixadora, Heather Hodges (com um extenso histórico ingerencista), foi expulsa, em outubro de 2011, seguindo o caminho do agente da CIA Mark Sullivan, expulso em maio de 2009.
2. Os velhos e os novos grupos oligárquicos, acaudilhados em serra e costa pela extrema direita social cristã (Jaime Nebot).
3. O grupo Cauce Democrático, engendro da CIA, criado em janeiro de 2011 em resposta à consulta popular e liderado pelo ex-presidente democrata cristão Osvaldo Hurtado (a quem o povo chama "ofídio com batina”).
4. As hostes fascistóides do ex-presidente Lucio Gutiérrez (Sociedad Patriótica, sic!), integradas por oficiais e policiais em serviço passivo, que participaram no golpe falido de 2010. Por exemplo, o ex-chefe de inteligência militar e da chamada Legión Blanca, Mario Pazmiño (despedido por Correa), apresenta-se agora como "líder de massas dos pequenos comerciantes”.
5. O Movimiento Popular Democrático (MPD), tradicional partido golpista dos "chineses albaneses”, que durante muitos anos liderou a Unión Nacional de Educadores. Em julho de 2010, o MPD organizou em Quito um seminário internacional no qual se concluiu que a "única alternativa” ao imperialismo e ao reformismo seria a "revolução e o socialismo”. Porém, no falido golpe de 2010, seus ativistas chamaram à defesa do "povo armado” e se treparam nas camionetas da Sociedad Patriótica.
6. Os programas e projetos do turvo ramalhete de organismos não governamentais (ONGs, mais de 100 registradas), financiadas pela Usaid e por várias fundações da direita europeia.
7. Líderes indígenas da Conaie, políticos caídos em desgraça e o punhado de intelectuais maldormidos que ainda não perceberam o profundo corte transversal que a "revolução cidadã” operou na sociedade equatoriana.
Dessa maneira, pode-se entender a "objetividade” e generosidade informativa que os meios de comunicação prodigaram à marcha Em defesa da Água, da vida e da dignidade dos povos, organizada pela Conaie.
Uma "análise” do jornal golpista Hoy se intitula "No toda marcha es golpista” (16/03/2012) e, em consonância, o editorial do golpista El Comercio se intitulou "El derecho a marchar” (18/03). No último, lemos: "Viver em democracia supõe tolerar aos que pensam e têm posturas distintas. Essas, devem ser dirimidas sem violência, nem confrontação”. Ou seja, o que os golpistas justamente andam buscando com a deliberada cumplicidade de certos "indigenistas” e "ambientalistas”, cuja especialidade consiste, sem maior informação e reflexão, em subscrever manifestos...”.
Após o falido golpe do dia 30 de setembro de 2010, aumentaram o prestígio e a credibilidade do presidente Rafael Correa. Em maio de 2011 (por ocasião do referendo proposto para reestruturar o sistema de justiça e os meios de comunicação), obteve 60% de aprovação e converteu-se na sexta vitória eleitoral desde novembro de 2006, quando ganhou a presidência.
Mudando o sujeito (e parafraseando uns versos do escritor de Quito Iván Egüez), a sociedade equatoriana "já não é o que era”. E se durante muitos anos foi "insana”, a revolução cidadã encabeçada pelo líder de Alianza País conseguiu, por primeira vez em sua história republicana, o respeito e a admiração dos povos e governos soberanos do mundo.
Poucos meses depois do referendo, a reconhecida pesquisadora Perfiles de Opinión observou que 75% dos equatorianos (três em cada quatro) aprovam a gestão do governo andino. Em Guayaquil (bastião de separatismo e da oligarquia mais agressiva do país), a credibilidade de Correa subiu de 52% (2009) para 74%; e, em Quito, alcançou 76%.
Os dados revelam as modificações estruturais sofridas pelo Equador, depois dos três grandes movimentos sociais que acabaram com os governos neoliberais do Consenso de Washington: Abdalá Bucaram (1997), Jamil Mahuad (2000) e Lucio Gutiérrez (2005): 72% da população (14 milhões) é branca-mestiça; 7.4% montubia (camponeses da costa); 7.2% é negra e 7% indígena.
No quadro, os anos politicamente heroicos da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie, 18 povos, 14 nacionalidades) sofreram mudanças profundas. Enquanto o grosso das bases respaldam a "revolução cidadã”, alguns de seus dirigentes alternam com os grupos oligárquicos de Guayaquil (Junta Cívica), enquanto outros deixam-se manipular pela CNN e pelos meios que respondem à golpista Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP).
Quem é quem entre os grupos minoritários que, com iguais objetivos políticos e distintos enfoques ideológicos, acham-se interessados em derrocar o governo de Correa (magnicídio incluído)? Grosso modo, o leque opositor de desdobra em sete variáveis:
1. Washington e o Departamento de Estado. A embaixadora, Heather Hodges (com um extenso histórico ingerencista), foi expulsa, em outubro de 2011, seguindo o caminho do agente da CIA Mark Sullivan, expulso em maio de 2009.
2. Os velhos e os novos grupos oligárquicos, acaudilhados em serra e costa pela extrema direita social cristã (Jaime Nebot).
3. O grupo Cauce Democrático, engendro da CIA, criado em janeiro de 2011 em resposta à consulta popular e liderado pelo ex-presidente democrata cristão Osvaldo Hurtado (a quem o povo chama "ofídio com batina”).
4. As hostes fascistóides do ex-presidente Lucio Gutiérrez (Sociedad Patriótica, sic!), integradas por oficiais e policiais em serviço passivo, que participaram no golpe falido de 2010. Por exemplo, o ex-chefe de inteligência militar e da chamada Legión Blanca, Mario Pazmiño (despedido por Correa), apresenta-se agora como "líder de massas dos pequenos comerciantes”.
5. O Movimiento Popular Democrático (MPD), tradicional partido golpista dos "chineses albaneses”, que durante muitos anos liderou a Unión Nacional de Educadores. Em julho de 2010, o MPD organizou em Quito um seminário internacional no qual se concluiu que a "única alternativa” ao imperialismo e ao reformismo seria a "revolução e o socialismo”. Porém, no falido golpe de 2010, seus ativistas chamaram à defesa do "povo armado” e se treparam nas camionetas da Sociedad Patriótica.
6. Os programas e projetos do turvo ramalhete de organismos não governamentais (ONGs, mais de 100 registradas), financiadas pela Usaid e por várias fundações da direita europeia.
7. Líderes indígenas da Conaie, políticos caídos em desgraça e o punhado de intelectuais maldormidos que ainda não perceberam o profundo corte transversal que a "revolução cidadã” operou na sociedade equatoriana.
Dessa maneira, pode-se entender a "objetividade” e generosidade informativa que os meios de comunicação prodigaram à marcha Em defesa da Água, da vida e da dignidade dos povos, organizada pela Conaie.
Uma "análise” do jornal golpista Hoy se intitula "No toda marcha es golpista” (16/03/2012) e, em consonância, o editorial do golpista El Comercio se intitulou "El derecho a marchar” (18/03). No último, lemos: "Viver em democracia supõe tolerar aos que pensam e têm posturas distintas. Essas, devem ser dirimidas sem violência, nem confrontação”. Ou seja, o que os golpistas justamente andam buscando com a deliberada cumplicidade de certos "indigenistas” e "ambientalistas”, cuja especialidade consiste, sem maior informação e reflexão, em subscrever manifestos...”.
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