Por Lauri Castro, no sítio do Centro de Estudos Barão de Itararé:
No sábado (14) ocorreu a primeira aula do curso “O Lado B do Jornalismo”, promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé em conjunto com a Escola Livre de Jornalismo. Maria Inês Nassif, colunista política e editora da revista Carta Maior, em São Paulo, discorreu sobre o jornalismo político e a maneira como ele é tratado na grande mídia, além de expor um panorama das relações da grande imprensa ao longo da história do país.
Dentre os presentes, estavam blogueiros, estudantes de jornalismo e representantes da sociedade organizada, com o intuito de aprofundar seus conhecimentos sobre o processo de construção das notícias e compreender as alternativas na prática jornalística.
Rodrigo Gomes, aluno de jornalismo da Universidade Anhembi Morumbi, reforçou o interesse de ir além das práticas e ensino propostos em sala de aula. “A universidade tem um viés maior em discutir os veículos da grande imprensa. Acho importante conhecer algo novo, fora disso”, – disse ele, que está no terceiro ano de graduação.
Ao longo das exposições e discussão do assunto, Maria Inês Nassif demonstrou como os veículos da grande imprensa trataram a recente história do país. “Há um comprometimento ideológico dessa imprensa em reforçar o senso comum das elites brasileiras”. Segundo a jornalista, o profissional de hoje tem condições de avaliar e produzir notícia de maneira a apresentar maior comprometimento com a verdade.
Debate: ponto alto
Durante a aula, houve debate entre os participantes. O maior e mais comentado questionamento foi em alusão à imparcialidade, as relações com a fonte e a produção jornalística mercadológica.
Como forma de contribuir para a discussão, Maria Inês Nassif citou o intelectual italiano Antônio Gramsci. Seria esse, em suas palavras, o principal recurso para resolver as questões. “Ele resolve boa parte desses problemas na prática da profissão” – disse ela. Ainda, de acordo com a profissional, o jornalista precisa compreender a função que exerce no veículo no qual trabalha.
Para ela, Gramsci traz um entendimento sobre a mediação necessária entre os fatos e a notícia. O autor desenvolveu o conceito sobre o intelectual orgânico. Partindo do pressuposto de sua teoria, vê-se necessário que a ideologia latente em cada um desperte a capacidade de produzir a notícia de acordo que com a própria, de maneira a não traí-la.
Na aula, Maria Inês falou sobre o discurso ideológico da elite brasileira assumido pela grande mídia e como, através dele, é criada uma explosão de pânico (expressão gramsciana). Justificando essa fala, deu como exemplo a onda de denuncismos e espetacularização da notícia para reforçar o senso comum dessa camada privilegiada da sociedade diante do público leitor.
A grande mídia e a “Explosão de Pânico”
Como exemplo do jornalismo praticado pela grande mídia na contemporaneidade – e reforçando o conceito de Gramsci – Maria Inês Nassif, falou sobre os mais recentes acontecimentos políticos do país, como o caso envolvendo Demóstenes Torres e o contraventor Carlinhos Cachoeira.
A jornalista citou casos da era Collor, onde a explosão de pânico irrompe e fica nítida a forma de relacionamento da imprensa com o espetáculo da notícia. Ela também abordou os escândalos do governo FHC e o posicionamento “golpista” da mídia durante todo governo Lula, nos casos como Correios, mensalão, o “dinheiro na cueca” e os “aloprados”.
Um bom exemplo disso foi o caso da Tapioca: a compra de uma simples tapioca, feita pelo então ministro dos esportes Orlando Silva, com o cartão corporativo, teria dado munição para a mídia especular um suposto escândalo no governo.
A palestrante expos uma ideia muito difundida e recorrente nas redações: o jornalismo político policialesco e denuncista, como prática absoluta do jornalismo atual. Para ela, o produto é péssimo e quem procura praticá-lo de forma diferente deve sempre se valer do comprometimento com a verdade, a boa apuração e a confirmação dos fatos, provando-se relevante para a sociedade. “O bom jornalismo está a salvo, desde que o jornalista tenha como base o comprometimento com a verdade”, argumentou.
A ideia do curso é a promoção de noções básicas sobre a construção do jornalismo longe da linha editorial ideológica propagada pelos grandes meios de comunicação. Voltado para estudantes e o público em geral, proporciona a abertura de novos horizontes de exploração do jornalismo.
No sábado (14) ocorreu a primeira aula do curso “O Lado B do Jornalismo”, promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé em conjunto com a Escola Livre de Jornalismo. Maria Inês Nassif, colunista política e editora da revista Carta Maior, em São Paulo, discorreu sobre o jornalismo político e a maneira como ele é tratado na grande mídia, além de expor um panorama das relações da grande imprensa ao longo da história do país.
Dentre os presentes, estavam blogueiros, estudantes de jornalismo e representantes da sociedade organizada, com o intuito de aprofundar seus conhecimentos sobre o processo de construção das notícias e compreender as alternativas na prática jornalística.
Rodrigo Gomes, aluno de jornalismo da Universidade Anhembi Morumbi, reforçou o interesse de ir além das práticas e ensino propostos em sala de aula. “A universidade tem um viés maior em discutir os veículos da grande imprensa. Acho importante conhecer algo novo, fora disso”, – disse ele, que está no terceiro ano de graduação.
Ao longo das exposições e discussão do assunto, Maria Inês Nassif demonstrou como os veículos da grande imprensa trataram a recente história do país. “Há um comprometimento ideológico dessa imprensa em reforçar o senso comum das elites brasileiras”. Segundo a jornalista, o profissional de hoje tem condições de avaliar e produzir notícia de maneira a apresentar maior comprometimento com a verdade.
Debate: ponto alto
Durante a aula, houve debate entre os participantes. O maior e mais comentado questionamento foi em alusão à imparcialidade, as relações com a fonte e a produção jornalística mercadológica.
Como forma de contribuir para a discussão, Maria Inês Nassif citou o intelectual italiano Antônio Gramsci. Seria esse, em suas palavras, o principal recurso para resolver as questões. “Ele resolve boa parte desses problemas na prática da profissão” – disse ela. Ainda, de acordo com a profissional, o jornalista precisa compreender a função que exerce no veículo no qual trabalha.
Para ela, Gramsci traz um entendimento sobre a mediação necessária entre os fatos e a notícia. O autor desenvolveu o conceito sobre o intelectual orgânico. Partindo do pressuposto de sua teoria, vê-se necessário que a ideologia latente em cada um desperte a capacidade de produzir a notícia de acordo que com a própria, de maneira a não traí-la.
Na aula, Maria Inês falou sobre o discurso ideológico da elite brasileira assumido pela grande mídia e como, através dele, é criada uma explosão de pânico (expressão gramsciana). Justificando essa fala, deu como exemplo a onda de denuncismos e espetacularização da notícia para reforçar o senso comum dessa camada privilegiada da sociedade diante do público leitor.
A grande mídia e a “Explosão de Pânico”
Como exemplo do jornalismo praticado pela grande mídia na contemporaneidade – e reforçando o conceito de Gramsci – Maria Inês Nassif, falou sobre os mais recentes acontecimentos políticos do país, como o caso envolvendo Demóstenes Torres e o contraventor Carlinhos Cachoeira.
A jornalista citou casos da era Collor, onde a explosão de pânico irrompe e fica nítida a forma de relacionamento da imprensa com o espetáculo da notícia. Ela também abordou os escândalos do governo FHC e o posicionamento “golpista” da mídia durante todo governo Lula, nos casos como Correios, mensalão, o “dinheiro na cueca” e os “aloprados”.
Um bom exemplo disso foi o caso da Tapioca: a compra de uma simples tapioca, feita pelo então ministro dos esportes Orlando Silva, com o cartão corporativo, teria dado munição para a mídia especular um suposto escândalo no governo.
A palestrante expos uma ideia muito difundida e recorrente nas redações: o jornalismo político policialesco e denuncista, como prática absoluta do jornalismo atual. Para ela, o produto é péssimo e quem procura praticá-lo de forma diferente deve sempre se valer do comprometimento com a verdade, a boa apuração e a confirmação dos fatos, provando-se relevante para a sociedade. “O bom jornalismo está a salvo, desde que o jornalista tenha como base o comprometimento com a verdade”, argumentou.
A ideia do curso é a promoção de noções básicas sobre a construção do jornalismo longe da linha editorial ideológica propagada pelos grandes meios de comunicação. Voltado para estudantes e o público em geral, proporciona a abertura de novos horizontes de exploração do jornalismo.
1 comentários:
Parabéns Maria Inês Nassiff, continue sua luta, combatendo o bom combate.
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