Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
É riquíssimo o episódio em que a presidente Dilma Rousseff responde a artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que atacou o ex-presidente Lula dizendo, de forma literalmente inacreditável, que ele teria deixado uma “herança pesada” para a sucessora.
A riqueza do episódio reside em que os dois lados, Dilma e FHC, podem extrair lições dele. Podem refletir sobre o poder das palavras e a oportunidade de usá-las, pois, como se sabe, palavras são como pasta de dente, que, uma vez fora do tubo, não pode ser colocada de volta.
O ex-presidente estava no melhor dos mundos. A popularíssima Dilma Rousseff lhe havia dado um presentão ao homenageá-lo reiteradas vezes desde que assumiu a Presidência da República. A boa relação com ela serviu, inclusive, para tirá-lo da linha de fogo.
Semanas após tomar posse como presidente, Dilma faz quase uma mesura ao antecessor do antecessor durante a festa comemorativa de 90 anos do jornal Folha de São Paulo. A imagem correu o país: a presidente, postada diante de FHC, de cabeça baixa e mão estendida.
O simbolismo daquele gesto residiu em tentativa de, na mesma tacada, firmar um tratado de paz com o político adversário e com o jornal que tanto o defende, propondo, assim, convivência civilizada com a oposição e a mídia.
Pouco tempo depois, Dilma convida FHC para almoço com o presidente Barack Obama durante visita deste ao Brasil, almoço que não contou com a presença de Lula e no qual seu antecessor e sua sucessora produziram imagens que chegaram a suscitar intrigas sobre poderem vir a entabular um romance (?!).
Decidida a evitar que seu governo fosse alvo do mesmo bombardeio oposicionista-midiático que fustigou seu padrinho político, Dilma reincidiu no tipo de agrado aos adversários que leva a mídia ao gozo: deitou elogios a FHC por ocasião de seu aniversário de 80 anos.
Os elogios de Dilma a FHC foram extremamente generosos e até, como se pode depreender de sua resposta ao recente artigo desairoso dele contra Lula, exagerados. Sua resposta destoante dos elogios foi como se ela cantasse para o tucano “Você pagou com traição a quem lhe deu a mão”.
FHC poderia ter ficado com o que tinha: palavras elogiosas de uma líder política – o que Dilma é, ao fim e ao cabo, apesar de, até aqui, ter se portado como “gerente” – cuja alta popularidade é reconhecida por todos. FHC podia ter mantido sua grande boca fechada.
Tudo de que o ex-presidente tucano não precisava, agora, era de que alguém com voz alta o suficiente para ter suas palavras transformadas em manchete de primeira página lembrasse à opinião pública que herança deixou quem qualificou de “pesada” a herança deixada pelo sucessor.
Apagão, FMI, compra de votos (subentendida) para aprovar a emenda da reeleição… Tudo isso foi jogado na cara (dura) de Fernando Henrique Cardoso em volume e evidência estrondosos.
Terá FHC achado que daria aquela declaração impunemente?
Mas Dilma também extraiu uma lição do episódio. Os elogios que fez ao adversário político estão sendo confrontados com as acusações que agora lhe faz – a mídia está opondo o que ela disse antes de FHC ao que diz agora.
A percepção deste blog é a de que a população entenderá que Dilma tentou ser gentil antes e agora, vendo que foi inútil, revidou – até porque, ela foi a segunda no comando do governo que FHC afirma que deixou “herança pesada”. Todavia, é arriscado dar declarações tão contraditórias entre si.
FHC por certo já considera que perdeu a chance de ficar calado; Dilma certamente já reflete sobre a inutilidade (que este blog apontou tantas vezes) de tentar manter relação de alto nível com uma oposição e uma mídia capazes de lhe publicar ficha policial falsa na primeira página.
Resta torcer para que a presidente entenda que o cargo que ocupa é eminentemente político e que sua postura (até aqui) de “gerente” só faz estimular abusos como o que aquele a quem ela deu a mão tentou praticar impunemente.
É riquíssimo o episódio em que a presidente Dilma Rousseff responde a artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que atacou o ex-presidente Lula dizendo, de forma literalmente inacreditável, que ele teria deixado uma “herança pesada” para a sucessora.
A riqueza do episódio reside em que os dois lados, Dilma e FHC, podem extrair lições dele. Podem refletir sobre o poder das palavras e a oportunidade de usá-las, pois, como se sabe, palavras são como pasta de dente, que, uma vez fora do tubo, não pode ser colocada de volta.
O ex-presidente estava no melhor dos mundos. A popularíssima Dilma Rousseff lhe havia dado um presentão ao homenageá-lo reiteradas vezes desde que assumiu a Presidência da República. A boa relação com ela serviu, inclusive, para tirá-lo da linha de fogo.
Semanas após tomar posse como presidente, Dilma faz quase uma mesura ao antecessor do antecessor durante a festa comemorativa de 90 anos do jornal Folha de São Paulo. A imagem correu o país: a presidente, postada diante de FHC, de cabeça baixa e mão estendida.
O simbolismo daquele gesto residiu em tentativa de, na mesma tacada, firmar um tratado de paz com o político adversário e com o jornal que tanto o defende, propondo, assim, convivência civilizada com a oposição e a mídia.
Pouco tempo depois, Dilma convida FHC para almoço com o presidente Barack Obama durante visita deste ao Brasil, almoço que não contou com a presença de Lula e no qual seu antecessor e sua sucessora produziram imagens que chegaram a suscitar intrigas sobre poderem vir a entabular um romance (?!).
Decidida a evitar que seu governo fosse alvo do mesmo bombardeio oposicionista-midiático que fustigou seu padrinho político, Dilma reincidiu no tipo de agrado aos adversários que leva a mídia ao gozo: deitou elogios a FHC por ocasião de seu aniversário de 80 anos.
Os elogios de Dilma a FHC foram extremamente generosos e até, como se pode depreender de sua resposta ao recente artigo desairoso dele contra Lula, exagerados. Sua resposta destoante dos elogios foi como se ela cantasse para o tucano “Você pagou com traição a quem lhe deu a mão”.
FHC poderia ter ficado com o que tinha: palavras elogiosas de uma líder política – o que Dilma é, ao fim e ao cabo, apesar de, até aqui, ter se portado como “gerente” – cuja alta popularidade é reconhecida por todos. FHC podia ter mantido sua grande boca fechada.
Tudo de que o ex-presidente tucano não precisava, agora, era de que alguém com voz alta o suficiente para ter suas palavras transformadas em manchete de primeira página lembrasse à opinião pública que herança deixou quem qualificou de “pesada” a herança deixada pelo sucessor.
Apagão, FMI, compra de votos (subentendida) para aprovar a emenda da reeleição… Tudo isso foi jogado na cara (dura) de Fernando Henrique Cardoso em volume e evidência estrondosos.
Terá FHC achado que daria aquela declaração impunemente?
Mas Dilma também extraiu uma lição do episódio. Os elogios que fez ao adversário político estão sendo confrontados com as acusações que agora lhe faz – a mídia está opondo o que ela disse antes de FHC ao que diz agora.
A percepção deste blog é a de que a população entenderá que Dilma tentou ser gentil antes e agora, vendo que foi inútil, revidou – até porque, ela foi a segunda no comando do governo que FHC afirma que deixou “herança pesada”. Todavia, é arriscado dar declarações tão contraditórias entre si.
FHC por certo já considera que perdeu a chance de ficar calado; Dilma certamente já reflete sobre a inutilidade (que este blog apontou tantas vezes) de tentar manter relação de alto nível com uma oposição e uma mídia capazes de lhe publicar ficha policial falsa na primeira página.
Resta torcer para que a presidente entenda que o cargo que ocupa é eminentemente político e que sua postura (até aqui) de “gerente” só faz estimular abusos como o que aquele a quem ela deu a mão tentou praticar impunemente.
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