quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O Globo enxerga fantasmas. Perigo!

http://ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br/
Por Altamiro Borges

O editorial do jornal O Globo de ontem (16) é preocupante. Como na véspera do golpe militar de 1964, quando a famiglia Marinho alardeou o perigo do comunismo para justificar o atentado à democracia, o jornalão agora enxerga um pretenso “cerco à liberdade na América Latina” – segundo o título apocalíptico do texto. O alerta tem como base as resoluções da 68ª assembleia geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), o convescote dos barões da mídia encerrado nesta terça-feira (16) em São Paulo.

Para o jornal, “qualquer pessoa medianamente informada sabe que a democracia representativa passa por mais um ciclo de ataques na América Latina, região com longa história de recaídas autoritárias. Mas, quando é traçado o cenário de cada país, constata-se que há uma tendência de agravamento deste quadro... O destaque fica com a Argentina, onde o governo de Cristina Kirchner, que se mostra cada vez mais uma aplicada aluna do caudilho venezuelano Hugo Chávez, prepara uma espécie de assalto final ao grupo Clarín”.

Como nos pactos mafiosos, os barões da mídia se unem para defender o monopólio do Grupo Clarín, que está com seus dias contados. Em 7 de dezembro entra em vigor o capítulo da Ley de Medios que obriga este império a se desfazer de parte dos seus canais de rádio e tevê como forma de se estimular a pluralidade informativa e a concorrência no setor. O projeto foi aprovado por ampla maioria no parlamento argentino e tem o apoio da população, que saiu às ruas para criticar a ditadura midiática exercida pelo Grupo Clarín.

Para a famiglia Marinho, que não respeita as leis e os poderes constituídos, o fim do monopólio do Clarín é um “atentado à liberdade”. Pior ainda, ele sinalizaria um perigoso retrocesso na América Latina, que precisa ser contido. “No Equador, onde o governo também é plasmado pelo chavismo, e na Venezuela - nesta, por óbvio, por ser o farol do ‘socialismo bolivariano’ - os casos de violência contra jornalistas e veículos se sucedem... Há uma nuvem de autoritarismo sobre o continente. Ela se move e fica cada vez mais densa”.

Se bobear, a Rede Globo – que também exerce um monopólio no Brasil, com a propriedade cruzada de jornais, revistas, rádios, tevês abertas e a cabo, sítios e outros meios – daqui a pouco vai convocar uma “Marcha com Deus, pela família e em defesa dos impérios midiáticos”. O discurso terrorista da “nuvem de autoritarismo sobre o continente” servirá como pretexto para acirrar o clima político e para encontrar uma forma de novo golpe contra a democracia – talvez com a ajuda do Supremo Tribunal Federal (STF).

7 comentários:

masato k. disse...

Creio que devemos realizar e manter a liberdade de expressão, mas temos que discutir que tipo de liberdade é mais importante. Eles, mídias corporativas, sempre gritam sobre liberdade de expressão mas para proteger o sistema de livre-mercado. A intenção real deles está sempre escondido. Quando mudei para o Brasil, surpreendia que o jornalismo neste país sido completamente transformado para as atividades propagandísticas servindo o sistema de livre-mercado. Quem é cliente de jornalismo? Não é o povo brasileiro. Os patrocinadores deles são. Eles falam liberdade, mas liberdade para as atividades econômicas deles que sejam beneficiado do mercado.

O jornalismo neste país deve realizar a independência e a autonomia. Tem que ter a independência do poder público como governo, mas tem de realizar a independência dele 'do mercado' também. Se jornalista dependesse das informações do governo, ele/ela é somente um agente do poder público. Se jornalista dependesse dos clientes do sistema de livre-mercado, ele/ela já viraria o propagandista só (não sei como é que chame “flack” ou “betcha journalist” em português). Parece que os mídias corporativas tenham nem sequer os jornalistas de verdade. Eles têm os propagandistas só enquanto estariam desejando de maximizar 'liberdade de propaganda dos clientes no livre-mercado'.

Temos que retornar jornalismo ao mão do povo. Como? Devemos montar os esquemas para proteger os jornalistas individualmente tanto 'do poder público' e quanto 'do mercado' e estabelecer os critérios que possam dividi-se entre os jornalistas e os propagandistas.

Bom, o Globo está trabalhando muito bem para servir o capitalismo neste país. Por que? Porque ele está criando e reproduzindo os idiotas e ignorantes. A ignorância, um dos elementos principais de trabalhadores/consumidores obedientes, é o combustível mais importante que seja ofertado ao livre-mercado para manter o capitalismo. O sistema de livre-mercado educacional que está reproduzindo adultos irresponsáveis como crianças e o sistema de livre-mercado medicinal que está reproduzindo doenças e pacientes também podem colaborar junto com o sistema de livre-mercado jornalistico para fortalecer o capitalismo canibalístico chamado neo-liberalismo neste pais.

Sou do Japão. O jornalismo naquele país morreu causa de neo-liberalismo. O terremoto e, especialmente, a acidente do usina nuclear no dia 11 de março de 2011 deram o golpe de misericórdia no jornalismo suicidado e moribundo das mídias corporativas. Um dia, um lugar, quando melhorar meu escrito português, explicarei como o jornalismo japonês morreu.

Arkdoken disse...

O engraçado é que nas mesmas páginas desta reportagem aparece outra, com titulos bem menorezinhos: "Diretor executivo do New York Times declara: "A hora de investir no Brasil é esta". Gosta de riscos, esse pessoal do NYT, hein?

Luis disse...

Pelo fim da Globo, basta, fora, abaixo.

Unknown disse...

E Quando o jornalista é ameaçado pelo coronel-vereador amigo do Çerra? Os jornalões não veem risco? Que conceito têm sobre a democracia?

Anônimo disse...

6 VOTOS BASTAM!

Anônimo disse...

Basta fechar a torneira da publicidade estatal que toda essa rede Globo acaba logo, logo.

RLocatelli Digital disse...

Fundamental que se agilize a discussão na sociedade. Acho que o PT, PCdoB e outras forças de esquerda poderiam aproveitar para reforçar seus laços com o movimento popular, levando a discussão aos bairros, movimentos e sindicatos.