Por Paulo Henrique Amorim, no blog Conversa Afiada:
Nesta terça-feira, na rádio que troca a notícia, o Padim Pade Cerra desqualificou de forma violenta a pergunta de um dos jornalistas mais respeitados em São Paulo, Kennedy Alencar.
Tratou o jornalista como um meliante, um desqualificado.
Kennedy queria saber como ele analisava o kit gay que lançou como governador de São Paulo e a incongruência de sua campanha, que estigmatiza o kit gay do Ministro da Educação, Fernando Haddad.
(Clique aqui para descobrir com o Vladimir Safatle quem é o responsável por transformar homossexuais em reféns de campanhas eleitorais.)
É a mesma história do aborto: em 2010, ele criminalizava a Dilma por causa do aborto, e a mulher dele admitia que tinha feito aborto no Chile.
Diante da violência de hoje, editores do Conversa Afiada se lembraram deste texto que o ansioso blogueiro escreveu durante a campanha de 2010.
Logo depois de Cerra ter um ataque de fúria diante da pergunta de uma jovem repórter da RBS (em sua “zona de conforto”), em Porto Alegre.
O texto permanece irretocável:
*****
Publicado em 21/05/2010
MANUAL DO JORNALISTA QUE VAI ENTREVISTAR O SERRA
Este modesto blogueiro foi um dos primeiros a denunciar que o Serra liga para os patrões e pede a cabeça de repórter que faz pergunta de que ele não gosta.
Este modesto blogueiro contou que, por duas vezes, ele ligou para o Presidente da Record e pediu a cabeça deste modesto blogueiro.
Serra é o nosso Putin.
Ele gostava do tempo em que bastava dar três telefonemas para controlar o PiG: para o Dr Roberto (ou o Jorge Serpa, a quem ele também recorria com frequência); o “Seu” Frias, a quem dedicou uma ponte em São Paulo; e ao Ruy Mesquita (o Robert(o) Civita vinha no vácuo).
Foi assim que ele construiu uma reputação que não resistiu a uma campanha que o PiG não consegue controlar mais, sozinho.
O Conversa Afiada defende a tese de que, sem o PiG, esses tucanos de São Paulo não passavam de Resende.
E Serra é o neo-Silvio Santos: um candidato a Presidente que só tem mídia.
Agora, como se sabe, o Serra deu para atacar jornalistas.
Clique aqui para ler “Jornalistas, cuidado, o Serra morde”.
Em nome da liberdade de expressão, o Conversa Afiada tenta prestar um modesto serviço.
Um manual para jornalistas que vão entrevistar o Serra.
(Especialmente dedicado a mulheres repórteres, a quem ele dedica fúria especial. Ele parece preferir as que calam.)
Sugestão # 1: Não se atemorize.
# 2: Tenha certeza de que há outros jornalistas em volta dele, munidos de câmera, máquina fotográfica, gravador ou celular – você vai precisar de testemunhas.
# 3: Não faça pergunta numa situação em que você esteja sozinho com ele.
# 4: Faça uma pergunta curta, direto ao ponto: “o senhor vai vender a Petrobrás ?”, por exemplo.
# 5: Não responda à pergunta que ele fizer. Esse é um dos truques dele. Ele tenta desqualificar a sua pergunta com outra pergunta: é isso o que o seu patrão quer saber ?; quem te disse isso ?; você realmente acredita nisso ?; quem te mandou fazer essa pergunta ?
Jamais responda ao Serra. Você não é candidato a nada. O candidato é ele; ele é quem tem que dar satisfações à sociedade.
# 6: Insista com a sua pergunta. Além de tentar desqualificar a sua pergunta, ele vai tentar não responder à sua pergunta.
# 7: Faça a sua pergunta até que ele responda.
# 8: Não se deixe encurralar pelos outros repórteres do PiG.
O Serra vai tentar desviar a entrevista para os repórteres que ele conhece e sabe que são do PiG. É o pessoal que faz as perguntas do tipo “púlpito”.
# 9: Tenha uma segunda reposta na agulha: “o senhor vai esconder o Fernando Henrique da sua campanha, como fez o Alckmin em 2006?”
Se ele der uma resposta que não quer dizer nada sobre a Petrobrás, você terá essa do FHC na ponta da língua. Mas, insisto: faça a pergunta direto, curta e tão alto que os outros repórteres ouçam (e possam gravar, fotografar, filmar etc). Um exemplo: quando o delegado Bruno se deixou “surpreender” pelos repórteres do PiG e divulgou as notas dos aloprados, um deles gravou a conversa do delegado com os repórteres e vazou para o Conversa Afiada. Quando você (e o Serra) menos espera, tem um aliado, ao lado.
# 10: Não se esqueça: ele foge. Um dos traços da personalidade do Serra é que ele é feroz quando percebe que o interlocutor está com medo. E, sobretudo, ele é valente pelas costas. Se você o enfrentar – ou seja, se não renunciar à função de repórter e insistir na pergunta – se você o enfrentar, ele foge. Não tenha medo dele.
Nesta terça-feira, na rádio que troca a notícia, o Padim Pade Cerra desqualificou de forma violenta a pergunta de um dos jornalistas mais respeitados em São Paulo, Kennedy Alencar.
Tratou o jornalista como um meliante, um desqualificado.
Kennedy queria saber como ele analisava o kit gay que lançou como governador de São Paulo e a incongruência de sua campanha, que estigmatiza o kit gay do Ministro da Educação, Fernando Haddad.
(Clique aqui para descobrir com o Vladimir Safatle quem é o responsável por transformar homossexuais em reféns de campanhas eleitorais.)
É a mesma história do aborto: em 2010, ele criminalizava a Dilma por causa do aborto, e a mulher dele admitia que tinha feito aborto no Chile.
Diante da violência de hoje, editores do Conversa Afiada se lembraram deste texto que o ansioso blogueiro escreveu durante a campanha de 2010.
Logo depois de Cerra ter um ataque de fúria diante da pergunta de uma jovem repórter da RBS (em sua “zona de conforto”), em Porto Alegre.
O texto permanece irretocável:
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Publicado em 21/05/2010
MANUAL DO JORNALISTA QUE VAI ENTREVISTAR O SERRA
Este modesto blogueiro foi um dos primeiros a denunciar que o Serra liga para os patrões e pede a cabeça de repórter que faz pergunta de que ele não gosta.
Este modesto blogueiro contou que, por duas vezes, ele ligou para o Presidente da Record e pediu a cabeça deste modesto blogueiro.
Serra é o nosso Putin.
Ele gostava do tempo em que bastava dar três telefonemas para controlar o PiG: para o Dr Roberto (ou o Jorge Serpa, a quem ele também recorria com frequência); o “Seu” Frias, a quem dedicou uma ponte em São Paulo; e ao Ruy Mesquita (o Robert(o) Civita vinha no vácuo).
Foi assim que ele construiu uma reputação que não resistiu a uma campanha que o PiG não consegue controlar mais, sozinho.
O Conversa Afiada defende a tese de que, sem o PiG, esses tucanos de São Paulo não passavam de Resende.
E Serra é o neo-Silvio Santos: um candidato a Presidente que só tem mídia.
Agora, como se sabe, o Serra deu para atacar jornalistas.
Clique aqui para ler “Jornalistas, cuidado, o Serra morde”.
Em nome da liberdade de expressão, o Conversa Afiada tenta prestar um modesto serviço.
Um manual para jornalistas que vão entrevistar o Serra.
(Especialmente dedicado a mulheres repórteres, a quem ele dedica fúria especial. Ele parece preferir as que calam.)
Sugestão # 1: Não se atemorize.
# 2: Tenha certeza de que há outros jornalistas em volta dele, munidos de câmera, máquina fotográfica, gravador ou celular – você vai precisar de testemunhas.
# 3: Não faça pergunta numa situação em que você esteja sozinho com ele.
# 4: Faça uma pergunta curta, direto ao ponto: “o senhor vai vender a Petrobrás ?”, por exemplo.
# 5: Não responda à pergunta que ele fizer. Esse é um dos truques dele. Ele tenta desqualificar a sua pergunta com outra pergunta: é isso o que o seu patrão quer saber ?; quem te disse isso ?; você realmente acredita nisso ?; quem te mandou fazer essa pergunta ?
Jamais responda ao Serra. Você não é candidato a nada. O candidato é ele; ele é quem tem que dar satisfações à sociedade.
# 6: Insista com a sua pergunta. Além de tentar desqualificar a sua pergunta, ele vai tentar não responder à sua pergunta.
# 7: Faça a sua pergunta até que ele responda.
# 8: Não se deixe encurralar pelos outros repórteres do PiG.
O Serra vai tentar desviar a entrevista para os repórteres que ele conhece e sabe que são do PiG. É o pessoal que faz as perguntas do tipo “púlpito”.
# 9: Tenha uma segunda reposta na agulha: “o senhor vai esconder o Fernando Henrique da sua campanha, como fez o Alckmin em 2006?”
Se ele der uma resposta que não quer dizer nada sobre a Petrobrás, você terá essa do FHC na ponta da língua. Mas, insisto: faça a pergunta direto, curta e tão alto que os outros repórteres ouçam (e possam gravar, fotografar, filmar etc). Um exemplo: quando o delegado Bruno se deixou “surpreender” pelos repórteres do PiG e divulgou as notas dos aloprados, um deles gravou a conversa do delegado com os repórteres e vazou para o Conversa Afiada. Quando você (e o Serra) menos espera, tem um aliado, ao lado.
# 10: Não se esqueça: ele foge. Um dos traços da personalidade do Serra é que ele é feroz quando percebe que o interlocutor está com medo. E, sobretudo, ele é valente pelas costas. Se você o enfrentar – ou seja, se não renunciar à função de repórter e insistir na pergunta – se você o enfrentar, ele foge. Não tenha medo dele.
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