Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Até a Time Out?
Sim, até a Time Out, a gloriosa revista que foi leitura de qualquer pessoa interessada em desfrutar do melhor que Londres pode oferecer em cultura, comida, passeios e o que mais for.
Na tentativa desesperada de sobreviver, a Time Out, a partir de agora, passa a ser distribuída de graça. A esperança é que a receita de publicidade pague as contas. A circulação, evidentemente, aumentará – e com ela, espera a empresa que edita a Time Out, o dinheiro vindo dos anunciantes.
É um capítulo dramático na agonia da mídia impressa, dado o prestígio da Time Out – provavelmente a melhor revista de cidade da história do jornalismo.
Na Inglaterra, a mesma receita está sendo testada pelo jornal The Evening Standard, cujo dono é o magnata russo Alexandre Levedeb – um daqueles homens oriundos da KGB que enriqueceram espetacularmente quando ruiu a União Soviética e empresas estatais foram vendidas em circunstâncias nebulosas.
O Standard é hoje distribuído de graça nas portas de estações de metrô por entregadores esforçados que tentam fazer os londrinos pegar um jornal que não lhes interessa.
A Time Out cumpriu todas as etapas de uma revista assolada por uma mudança externa – a internet — que ela não tem como evitar. Circulação cadente, influência decrescente, papel pior, menos páginas editoriais, demissões na redação, borderôs reduzidos. Há excelentes sites sobre Londres pelos quais o leitor não paga nada. Por que ele pagaria por um exemplar da Time Out?
Com a distribuição gratuita, a revista pode, eventualmente, ganhar tempo para se tornar relevante também na internet e disputar a verba publicitária que tende a se concentrar no mundo digital: os anunciantes acabam inevitavelmente por seguir seus consumidores. E eles estão na internet.
A mídia impressa está na situação das carroças quando surgiu uma coisa chamada carro. Primeiro, veio a negação: isso é moda e jamais vai dar certo, pois não existem estradas e cavalos são mais confiáveis que motores.
Depois, a aceitação relutante, e enfim a luta épica por sobreviver na era dos motores. Os prognósticos não são bons: nenhum fabricante de carroças resistiu, com o tempo, aos automóveis. É uma situação darwiniana: um produto melhor mata o outro, ou o torna irrelevante.
A atitude dos donos da Time Out ao dá-la de graça se enquadra neste capítulo – o do combate duríssimo por uma sobrevivência improvável.
Sim, até a Time Out, a gloriosa revista que foi leitura de qualquer pessoa interessada em desfrutar do melhor que Londres pode oferecer em cultura, comida, passeios e o que mais for.
Na tentativa desesperada de sobreviver, a Time Out, a partir de agora, passa a ser distribuída de graça. A esperança é que a receita de publicidade pague as contas. A circulação, evidentemente, aumentará – e com ela, espera a empresa que edita a Time Out, o dinheiro vindo dos anunciantes.
É um capítulo dramático na agonia da mídia impressa, dado o prestígio da Time Out – provavelmente a melhor revista de cidade da história do jornalismo.
Na Inglaterra, a mesma receita está sendo testada pelo jornal The Evening Standard, cujo dono é o magnata russo Alexandre Levedeb – um daqueles homens oriundos da KGB que enriqueceram espetacularmente quando ruiu a União Soviética e empresas estatais foram vendidas em circunstâncias nebulosas.
O Standard é hoje distribuído de graça nas portas de estações de metrô por entregadores esforçados que tentam fazer os londrinos pegar um jornal que não lhes interessa.
A Time Out cumpriu todas as etapas de uma revista assolada por uma mudança externa – a internet — que ela não tem como evitar. Circulação cadente, influência decrescente, papel pior, menos páginas editoriais, demissões na redação, borderôs reduzidos. Há excelentes sites sobre Londres pelos quais o leitor não paga nada. Por que ele pagaria por um exemplar da Time Out?
Com a distribuição gratuita, a revista pode, eventualmente, ganhar tempo para se tornar relevante também na internet e disputar a verba publicitária que tende a se concentrar no mundo digital: os anunciantes acabam inevitavelmente por seguir seus consumidores. E eles estão na internet.
A mídia impressa está na situação das carroças quando surgiu uma coisa chamada carro. Primeiro, veio a negação: isso é moda e jamais vai dar certo, pois não existem estradas e cavalos são mais confiáveis que motores.
Depois, a aceitação relutante, e enfim a luta épica por sobreviver na era dos motores. Os prognósticos não são bons: nenhum fabricante de carroças resistiu, com o tempo, aos automóveis. É uma situação darwiniana: um produto melhor mata o outro, ou o torna irrelevante.
A atitude dos donos da Time Out ao dá-la de graça se enquadra neste capítulo – o do combate duríssimo por uma sobrevivência improvável.
1 comentários:
Viveremos o bastante para ver o globo e veja sucumbirem?
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