Foto: Roberto Stuckert Filho/PR |
A presidenta Dilma Rousseff visita hoje o
assentamento Dorcelina Folador, liderado pelo MST no município de Arapongas
(PR). Ela fará o lançamento do Programa Nacional de Agroindústrias na Reforma
Agrária e participará da inauguração da agroindústria da Cooperativa de
Comercialização e Reforma Agrária União Camponesa (Copran). A expectativa dos
organizadores é que mais de 6 mil pessoas participem da atividade, que pode
marcar uma reaproximação da presidenta com os movimentos sociais do campo.
O assentamento beneficiará diariamente 90 mil litros de
leite. “Essa produção será transformada em derivados de leite, como queijo
mussarela, ricota, requeijão, leite pasteurizado, bebida láctea, iogurte,
manteiga e doce de leite. Os produtos serão vendidos com a marca Campo Vivo, na
rede de comercialização das cooperativas da reforma agrária, juntamente
com outros produtos, como lácteos, chás, erva mate, arroz, café,
entre outros, que já são beneficiados por cooperativas do MST”, relata o sítio.
Atualmente, o MST no Paraná possui 18 cooperativas na Copran.
Fundada em 1997, ela tem como “objetivo de melhorar as condições de trabalho no
campo, com geração de renda às famílias assentadas, garantindo e oferecendo
alimentos de qualidade à sociedade... A cooperativa dispõe aos seus
cooperados da difusão de tecnologia por meio de um Centro de Formação e
Produção, desenvolvendo atividades como bovinocultura de leite, produção de
hortaliças, unidade de produção e maturação de bananas”.
A visita de Dilma Rousseff a uma experiência tão avançada do
MST reforça a luta pela reforma agrária no país. Serve, inclusive, como
autocrítica do próprio governo, que abandonou nos últimos anos a desapropriação
de terras ociosas para novos assentamentos rurais. Não é para menos que o
jornal O Globo, que representa os interesses dos latifundiários, publicou ontem
editorial criticando, de forma indireta, a visita presidencial. O título é
emblemático: “A cada vez mais desnecessária reforma agrária”.
Na visão do jornalão ruralista, esta bandeira de justiça
social está superada. “A concentração de terras em poucas mãos, herança do
Brasil colonial, alimentou, e ainda alimenta, muita luta política — embora
hoje, menos. O latifúndio é parte da história do país, seja como força política
no Império e na República Velha ou peça de exploração ideológica principalmente
na segunda metade do Século XX”. Fingindo desconhecer a realidade do campo
brasileiro, um dos mais concentrados do mundo, O Globo rejeita a reforma
agrária.
Para a famiglia Marinho, esta bandeira serve às “pregações
de esquerda” e é usada como “espaço político em que forças extremadas se
aliaram aos representantes da Igreja”. Para o jornal, que despreza milhões de camponeses
sem terra, “o ‘latifúndio improdutivo’ foi extinto - quem diria? - pelo avanço
do capitalismo no campo... A modernização do campo, ao lado da inexorável
tendência de urbanização da população, começou a reduzir a massa de manobra à
disposição do MST”. O alvo do editorial, como sempre, é o MST!
3 comentários:
Pela Reforma Agrária, pela Agrofloresta e pelo fim do Agronegócio e pelo fim da Globo já!!!
Acabaram de se entregar, com essa frase: "O latifúndio é parte da história do país, seja como força política no Império e na República Velha ou peça de exploração ideológica principalmente na segunda metade do Século XX".
Tanto é assim, que temos uma bancada ruralista no congresso, cujos expoentes são o Caiado e a presidentE do CNA,
A propósito, essa cooperativa Campo Vivo não tem, por acaso, intenção de abrir uma loja em São Paulo?
Assisti atentamente ao discurso da presidenta Dilma e fiquei decepcionado por ela não mencionar a necessidade de avançar na reforma agrária. Ela enfatizou a necessidade dos programas sociais do governo serem levado para o campo e do sensacional programa de agroindústria inserido nos assentamentos, porém não ressaltou a concentração de terras, a necessidade da reforma agrária. De certa forma, infelizmente, corroborou a visão do PIG, na minha opinião. A concentração de terras não é um problema? A industrialização, o escoamento da produção da agricultura familiar e a abrangência dos programas sociais são suficientes?
Abs
Fred
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