Do sítio do Centro de Estudos Barão de Itararé:
Nesta quarta-feira (8), cerca de 130 jornalistas, sindicalistas, blogueiros e ativistas sociais de 16 estados do país participaram da abertura do 1º Curso Nacional de Comunicação do Barão de Itararé, em São Paulo. A atividade, que conta com oficinas de capacitação e estímulo à produção da mídia alternativa, além de debates que promovem uma reflexão crítica sobre a comunicação no país e propõem horizontes possíveis para uma mídia livre, vai até domingo (12).
A primeira palestra do curso teve como tema “A arte da comunicação” e foi ministrada pelo jornalista Raimundo Pereira (Retrato do Brasil/Prêmio Vladmir Herzog) e Maria Inês Nassif (ex-Valor Econômico), além da mediação de Renata Mielli, secretária-geral do Barão de Itararé.
De acordo com Raimundo Pereira, fundador dos históricos jornais Opinião (1972-1977) e Movimento (1975-1981), é impossível discutir a arte da comunicação sem criticar o jornalismo produzido pelos veículos da chamada grande mídia. “A imprensa alternativa não pode pretender fazer um jornal que reproduza a imprensa burguesa. A grande mídia explora a ignorância popular, enquanto nossa tarefa é construir comunicação popular de forma a estimular a consciência do povo”, afirma.
Ele ainda complementa que, para a mídia comercial, a norma que prevalece é: “Você nunca perde dinheiro quando subestima a inteligência do povo”. Citando a Veja como exemplo contemporâneo, Pereira opina que esse tipo de imprensa se consolida como negócio “subestimando a inteligência e a consciência popular”.
Sobre a discussão do jornalismo praticado no país, Pereira aponta a objetividade como um dos grandes entraves de uma produção que atinja o estado de arte. “O debate que fazemos aqui é a arte da comunicação em equilibrar a objetividade, a subjetividade e preservar o compromisso com a verdade”, avalia.
Raimundo Pereira afirma que o grande desafio da mídia alternativa é contradizer e rebater com qualidade o que a grande mídia faz. “Não adianta sermos objetivos e dizermos que os transgênicos são do mal”, exemplifica. “O problema das sementes transgênicas não são as sementes, mas as corporações transnacionais que as semeiam”
“Fazer jornalismo na grande imprensa não é uma arte”
Para Maria Inês Nassif, o papel de partido político assumido pelos grandes meios de comunicação é um caminho sem retorno na comunicação brasileira. “A estrutura centenária que temos da Globo, dos grandes jornais, são um cenário sem volta. Não é aí que recuperaremos a beleza e a arte do jornalismo”, diz.
Na leitura de Maria Inês, o governo de Fernando Henrique Cardoso provocou uma radicalização política da grande mídia. “Quem politizou a imprensa pós-FHC foram os grandes grupos de comunicação. O governo dele foi um raro momento na história brasileira no qual houve uma aproximação integral dos setores dominantes em torno de um projeto político – o neoliberalismo, que configura todo o perfil da direita brasileira que monopoliza a mídia tradicional”.
Em um diagnóstico pessimista, a jornalista avalia que a luta ideológica que tem sido travada em torno da imprensa tem excluído a arte e a beleza do jornalismo e é uma guerra de propaganda política. “Temos que fazer bom jornalismo para além da propaganda política, pois só a arte do jornalismo pode nos dar uma boa luta”, diz.
Segundo Maria Inês, a grande mídia não faz jornalismo de qualidade, mas nos pauta o tempo todo – a sociedade o governo. Já em um prognóstico otimista, ela acredita que a comunicação como arte é o caminho para a mídia alternativa vencer a guerra da opinião pública: “Em minha opinião, voltar a fazer bom jornalismo pode ser uma bela bandeira de luta para todos nós”, aponta.
Por fim, Maria Inês ainda fez menção honrosa ao companheiro de mesa Raimundo Pereira. “Quando penso em jornalismo como arte, penso em Raimundo Pereira, um repórter fundamental para a minha geração entender o jornalismo como luta política e luta pela verdade”, diz. “A beleza do jornalismo que tem objetivos, que tem compromisso com a verdade e com sua classe, tem Raimundo Pereira como símbolo”.
Nesta quarta-feira (8), cerca de 130 jornalistas, sindicalistas, blogueiros e ativistas sociais de 16 estados do país participaram da abertura do 1º Curso Nacional de Comunicação do Barão de Itararé, em São Paulo. A atividade, que conta com oficinas de capacitação e estímulo à produção da mídia alternativa, além de debates que promovem uma reflexão crítica sobre a comunicação no país e propõem horizontes possíveis para uma mídia livre, vai até domingo (12).
A primeira palestra do curso teve como tema “A arte da comunicação” e foi ministrada pelo jornalista Raimundo Pereira (Retrato do Brasil/Prêmio Vladmir Herzog) e Maria Inês Nassif (ex-Valor Econômico), além da mediação de Renata Mielli, secretária-geral do Barão de Itararé.
De acordo com Raimundo Pereira, fundador dos históricos jornais Opinião (1972-1977) e Movimento (1975-1981), é impossível discutir a arte da comunicação sem criticar o jornalismo produzido pelos veículos da chamada grande mídia. “A imprensa alternativa não pode pretender fazer um jornal que reproduza a imprensa burguesa. A grande mídia explora a ignorância popular, enquanto nossa tarefa é construir comunicação popular de forma a estimular a consciência do povo”, afirma.
Ele ainda complementa que, para a mídia comercial, a norma que prevalece é: “Você nunca perde dinheiro quando subestima a inteligência do povo”. Citando a Veja como exemplo contemporâneo, Pereira opina que esse tipo de imprensa se consolida como negócio “subestimando a inteligência e a consciência popular”.
Sobre a discussão do jornalismo praticado no país, Pereira aponta a objetividade como um dos grandes entraves de uma produção que atinja o estado de arte. “O debate que fazemos aqui é a arte da comunicação em equilibrar a objetividade, a subjetividade e preservar o compromisso com a verdade”, avalia.
Raimundo Pereira afirma que o grande desafio da mídia alternativa é contradizer e rebater com qualidade o que a grande mídia faz. “Não adianta sermos objetivos e dizermos que os transgênicos são do mal”, exemplifica. “O problema das sementes transgênicas não são as sementes, mas as corporações transnacionais que as semeiam”
“Fazer jornalismo na grande imprensa não é uma arte”
Para Maria Inês Nassif, o papel de partido político assumido pelos grandes meios de comunicação é um caminho sem retorno na comunicação brasileira. “A estrutura centenária que temos da Globo, dos grandes jornais, são um cenário sem volta. Não é aí que recuperaremos a beleza e a arte do jornalismo”, diz.
Na leitura de Maria Inês, o governo de Fernando Henrique Cardoso provocou uma radicalização política da grande mídia. “Quem politizou a imprensa pós-FHC foram os grandes grupos de comunicação. O governo dele foi um raro momento na história brasileira no qual houve uma aproximação integral dos setores dominantes em torno de um projeto político – o neoliberalismo, que configura todo o perfil da direita brasileira que monopoliza a mídia tradicional”.
Em um diagnóstico pessimista, a jornalista avalia que a luta ideológica que tem sido travada em torno da imprensa tem excluído a arte e a beleza do jornalismo e é uma guerra de propaganda política. “Temos que fazer bom jornalismo para além da propaganda política, pois só a arte do jornalismo pode nos dar uma boa luta”, diz.
Segundo Maria Inês, a grande mídia não faz jornalismo de qualidade, mas nos pauta o tempo todo – a sociedade o governo. Já em um prognóstico otimista, ela acredita que a comunicação como arte é o caminho para a mídia alternativa vencer a guerra da opinião pública: “Em minha opinião, voltar a fazer bom jornalismo pode ser uma bela bandeira de luta para todos nós”, aponta.
Por fim, Maria Inês ainda fez menção honrosa ao companheiro de mesa Raimundo Pereira. “Quando penso em jornalismo como arte, penso em Raimundo Pereira, um repórter fundamental para a minha geração entender o jornalismo como luta política e luta pela verdade”, diz. “A beleza do jornalismo que tem objetivos, que tem compromisso com a verdade e com sua classe, tem Raimundo Pereira como símbolo”.
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