Por Marcelo Salles, no blog Escrevinhador:
As ruas de Antígua, na Guatemala, parecem vivas. São quase todas de pedra e, a cada esquina, há um pedaço de ruína que conta um pouco de sua história. Ao longo dos séculos, em duas circunstâncias a cidade foi destruída: uma vez, devido a uma erupção vulcânica, outra pela força de um terremoto.
Seu povo, de maioria indígena, orgulha-se de sua ancestralidade maya, cujo símbolo maior é o pássaro Quetzal. Reza a lenda que quando o invasor espanhol assassinou o chefe indígena, o Quetzal, que acompanhava tudo de cima, também caiu morto, revelando assim a intensidade da ligação entre homem e natureza. Nos dias de hoje, em Antígua essa ligação parece refeita ao olharmos a perfeita conjugação entre restos dessas muralhas imemoriais e as plantas que as envolvem. Não é possível distinguir onde começa uma e termina a outra.
Na primeira semana de junho, a Organização dos Estados Americanos (OEA) esteve reunida nesta cidade mágica da Guatemala, para sua 43a Assembleia Geral. Entre os muitos assuntos, um chamava atenção: a eleição para a renovação de três vagas da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, para as quais concorriam seis países: EUA, México, Colômbia, Brasil, Equador e Peru. A Comissão, como sabemos, tem sido importante ferramenta para a garantia de direitos; no entanto, também vem sendo instrumentalizada por aqueles que querem impedir o desenvolvimento dos países de maneira independente.
Nas eleições para a mais alta entidade de Direitos Humanos do continente americano, três eram os países que tentavam a recondução ao posto. Todos legítimos representantes da direita na região: Estados Unidos, México e Colômbia. John Kerry, o chanceler estadunidense, esteve na linha de frente da campanha, fazendo algo bastante incomum para os padrões da política externa de seu país. Kerry esteve pessoalmente em Antígua e jogou todo o peso do Departamento de Estado para garantir a “América para os americanos”.
No entanto, o Brasil estava atento e mobilizou grande força para a eleição de seu candidato. Nosso chanceler, Antonio Patriota, e a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, foram à linha de frente, em Antígua, após intensa campanha por todo o continente. O candidato equatoriano, com o decisivo apoio de seu país e da Venezuela, apresentou-se como uma alternativa novidadeira. Foi-se o tempo em que os países do Sul a tudo assistiam calados, ou com tudo consentiam sem expressar seus legítimos interesses. Como resultado, os países americanos perceberam o que estava em jogo e elegeram o ex-ministro Paulo Vannuchi para uma das três vagas, ao lado dos EUA e do México. No total, foram 60 votos para EUA, México e Colômbia, contra 42 votos para Brasil, Equador e Peru. Cada um dos 34 países tinha direito a 3 votos, totalizando 102 indicações.
A OEA tem em seu currículo desastres da envergadura de terremotos e fúrias vulcânicas, como o reconhecimento do golpe de estado promovido por Pedro Carmona na Venezuela em 2002, além da injustificável expulsão de Cuba em 1962.
O futuro pertence aos deuses, como se sabe. Mas o que aconteceu em Antígua nos permite, ao menos, antever novos rumos para o continente. E se as pedras e plantas mayas falassem, certamente diriam: após tanta devastação, a OEA já começa a encontrar o caminho do equilíbrio.
As ruas de Antígua, na Guatemala, parecem vivas. São quase todas de pedra e, a cada esquina, há um pedaço de ruína que conta um pouco de sua história. Ao longo dos séculos, em duas circunstâncias a cidade foi destruída: uma vez, devido a uma erupção vulcânica, outra pela força de um terremoto.
Seu povo, de maioria indígena, orgulha-se de sua ancestralidade maya, cujo símbolo maior é o pássaro Quetzal. Reza a lenda que quando o invasor espanhol assassinou o chefe indígena, o Quetzal, que acompanhava tudo de cima, também caiu morto, revelando assim a intensidade da ligação entre homem e natureza. Nos dias de hoje, em Antígua essa ligação parece refeita ao olharmos a perfeita conjugação entre restos dessas muralhas imemoriais e as plantas que as envolvem. Não é possível distinguir onde começa uma e termina a outra.
Na primeira semana de junho, a Organização dos Estados Americanos (OEA) esteve reunida nesta cidade mágica da Guatemala, para sua 43a Assembleia Geral. Entre os muitos assuntos, um chamava atenção: a eleição para a renovação de três vagas da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, para as quais concorriam seis países: EUA, México, Colômbia, Brasil, Equador e Peru. A Comissão, como sabemos, tem sido importante ferramenta para a garantia de direitos; no entanto, também vem sendo instrumentalizada por aqueles que querem impedir o desenvolvimento dos países de maneira independente.
Nas eleições para a mais alta entidade de Direitos Humanos do continente americano, três eram os países que tentavam a recondução ao posto. Todos legítimos representantes da direita na região: Estados Unidos, México e Colômbia. John Kerry, o chanceler estadunidense, esteve na linha de frente da campanha, fazendo algo bastante incomum para os padrões da política externa de seu país. Kerry esteve pessoalmente em Antígua e jogou todo o peso do Departamento de Estado para garantir a “América para os americanos”.
No entanto, o Brasil estava atento e mobilizou grande força para a eleição de seu candidato. Nosso chanceler, Antonio Patriota, e a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, foram à linha de frente, em Antígua, após intensa campanha por todo o continente. O candidato equatoriano, com o decisivo apoio de seu país e da Venezuela, apresentou-se como uma alternativa novidadeira. Foi-se o tempo em que os países do Sul a tudo assistiam calados, ou com tudo consentiam sem expressar seus legítimos interesses. Como resultado, os países americanos perceberam o que estava em jogo e elegeram o ex-ministro Paulo Vannuchi para uma das três vagas, ao lado dos EUA e do México. No total, foram 60 votos para EUA, México e Colômbia, contra 42 votos para Brasil, Equador e Peru. Cada um dos 34 países tinha direito a 3 votos, totalizando 102 indicações.
A OEA tem em seu currículo desastres da envergadura de terremotos e fúrias vulcânicas, como o reconhecimento do golpe de estado promovido por Pedro Carmona na Venezuela em 2002, além da injustificável expulsão de Cuba em 1962.
O futuro pertence aos deuses, como se sabe. Mas o que aconteceu em Antígua nos permite, ao menos, antever novos rumos para o continente. E se as pedras e plantas mayas falassem, certamente diriam: após tanta devastação, a OEA já começa a encontrar o caminho do equilíbrio.
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