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Simón Bolivar, se vivo, estaria exultante com a próxima Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que acontece em Havana (Cuba) nos dias 28 e 29 de janeiro. Os historiadores atribuem ao herói libertador as primeiras palavras sobre a necessidade da integração regional. Isto porque, há quase 200 anos, ele redigiu a Carta da Jamaica, um dos textos mais antigos que faz alusão à unidade do que, na época, chamava-se América Meridional.
Hoje, a Celac é o maior mecanismo regional de diálogo e consulta política da região, dedicado a fortalecer os vínculos de consolidação da soberania e a integração dos povos latino-americanos. É constituída por 33 países da América Latina e Caribe que somam cerca de 600 milhões de habitantes.
Hugo Chávez, quando impulsionou a criação desse organismo intergovernamental e, posteriormente, quando participou de sua fundação em Caracas (Venezuela), no dia 3 de dezembro de 2011, não só materializou o sonho de seu compatriota Bolívar, mas fez valer a luta de outros líderes históricos da região, como Francisco de Miranda e o cubano José Martí, que pregava a construção da Pátria Grande.
A 2ª Cúpula da Celac tem como responsabilidade encontrar o consenso em meio a tantas nações distintas para que a região possa seguir avançando nos temas de desenvolvimento social, educação, saúde, meio ambiente e economia. Como disse Chávez, durante a cerimônia de criação do grupo, “uma das grandezas da Celac é que apesar das diferenças, aqui estamos para debater e definir o rumo da verdadeira integração e solucionar nossos graves problemas”.
A Celac representa, portanto, a vontade política e a persistência dos líderes latino-americanos, que buscam constituir um espaço de intercâmbio. Nenhum outro organismo reuniu tantos países, o que pode ser visto como fruto do empenho das forças progressistas que governam a região e buscam conseguir mais autonomia.
Diante de um cenário no qual a interdependência mundial e o capitalismo desafiam o valor comunitário, a Celac mostra que um continente deve lutar unido contra as injustiças de um modelo civilizatório em decadência. Por isso, o bloco é uma “ameaça” àqueles que por tanto tempo dominaram a região com suas políticas intervencionistas e de exploração, como é o caso dos Estados Unidos, considerado o maior inimigo do processo de integração.
Não é novidade que Washington pressionou alguns governos latino-americanos para não participarem na reunião em Cuba, com o objetivo de minimizar a importância da 2ª Cúpula da Celac. No entanto, as mudanças que estão em curso na região indicam que é difícil que haja um retrocesso no processo de integração.
As tentativas de isolar Cuba fracassaram. O país caribenho preside a Celac e é o anfitrião do encontro, o que é uma prova definitiva do restabelecimento das relações com todas as nações da região. É importante lembrar que o governo da ilha foi o primeiro a incluir em sua Constituição o objetivo da integração. Também foi ideia dos cubanos declarar a América Latina como “zona de paz”, o que deve ser aprovado durante a Cúpula.
A 2ª Cúpula da Celac deve receber ainda o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza. É a primeira vez que uma autoridade dessa entidade visita Cuba depois de sua expulsão do organismo em 1962. Apesar da expectativa sobre a presença de Insulza, os representantes cubanos reiteraram que não há nenhuma possibilidade de que o país volte a integrar a OEA.
Já neste fim de semana estão sendo realizadas reuniões com coordenadores nacionais e, na segunda-feira (27), há um encontro de chanceleres. O que se espera para a concretização definitiva das aspirações daqueles que idealizaram a Nossa América é que, nos próximos dias, nossos novos líderes tenham sabedoria para conduzir acordos políticos a fim de realizar ações comuns em prol dos povos latino-americanos.
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