Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:
Há um exagero evidente quando se afirma que os tais “black blocks” são um agrupamento “fascista”. Fascismo, meus amigos, é outra coisa. Fascismo requer um líder autoritário, que fale em nome da pátria, com um discurso unificador. Os “black blocks” não possuem esse discurso, e aparentemente não há líderes a unificar a ação.
Prefiro ver os “black blocks” de outa forma: são um sintoma de que algo não vai bem na sociedade brasileira. Assim como os rolezinhos nos shopping centers. São dois fenômenos muito diferentes, mas os dois indicam que o sistema político brasileiro vive um impasse e precisa ser reformado. Doze anos de lulismo criaram um novo Brasil (na economia e no consumo). E esse novo país não se reflete na institucionalidade política – carcomida pelo peemedebismo e pelo autoritarismo secular. Os curto-circuitos começam a surgir.
O “black blocks” são fascistas? Mas e os policiais que encurralaram os manifestantes dentro de um hotel em São Paulo? São representantes do que?
Além do mais, é preciso compreender que os rapazes de preto são apenas parte (a mais barulhenta, talvez) dessa turma que foi pras ruas em 2013 e que agora deu início à temporada de protestos versão 2014: também há o pessoal do PSOL, do PSTU, sem falar na classe média “apartidária” (mas que de apartidária não tem nada) - sobre o tema, confira o excelente texto do professor Wagner Iglecias.
Ainda não surgiu uma liderança construtiva que consiga canalizar essa energia das ruas. Qual o programa dessa turma? Se for apenas o “fora PT!”, esperemos a resposta nas urnas de outubro. Mas parece-me que há mais do que isso. Dilma fez a a leitura correta em junho de 2013: propôs a Reforma Política. Bloqueada pelos conservadores do PMDB, preferiu recuar.
O sistema político brasileiro precisa ser reformado. Mas não será alterado por esse movimento amorfo, sem programa, e que parece ser antes um sintoma de mal-estar social do que uma força política efetiva. O incêndio de um fusquinha em meio às manifestações no dia do aniversário de São Paulo virou símbolo dos impasses desse movimento. O objetivo dos rapazes de preto seria atacar a “ordem”. Ok. Mas a vítima acabou sendo um trabalhador que seguia com a família no fusca. Patético para quem olha de longe. Trágico para o dono do fusquinha.
Não acho que fazemos bem em “demonizar” os jovens vestidos de preto. Antes de gritar “bando de vagabundos”, “baderneiros” (sou de uma geração que sente arrepios ao ver gente de esquerda chamando manifestante de “baderneiro”; isso é vocabulário de milico reacionário), deveríamos prestar atenção a esse recado. No pós-ditadura, o sistema político foi capaz – sim – de incorporar novas forças que surgiram: trabalhadores organizados no campo e nas cidade encontraram caminhos (CUT, MST, sindicatos, partidos etc) para – dentro da ordem institucional democrática – construírem instrumentos de luta, reivindicação e poder.
Os “black blocks” – e essa é apenas uma hipótese – seriam o sintoma de que o sistema político chegou próximo da exaustão. Pior: perdidos, sem bandeiras a não ser a violência, os tais jovens de preto liberam energias regressivas da sociedade. E são claramente instrumentalizados pela extrema-direita, que gostaria de ver o “lulo-petismo” longe do poder.
Neste fim-de-semana, um desses jovens de preto (aparentemente, ele carregava na mochila objetos que seriam usados em atos de violência) provou do veneno: foi surrado no centro de São Paulo por outros jovens da periferia que tinham ido à Praça da República para assistir a um show. O jovem “black block”, ironia das ironias, foi salvo do linchamento por outros homens de preto: os seguranças do show, representantes da “ordem”, impediram o linchamento.
O fusca queimado, a surra… Se o mal-estar não se transformar num programa, esse movimento corre o risco de se esgotar. Pior: terá apenas ajudado os setores da extrema-direita que pedem cada vez mais “borrachada” e “ordem” a qualquer custo. Nesse caso, os “black blocks” (que não são propriamente fascistas) teriam dado uma grande contribuição para a construção de uma agenda (aí sim) efetivamente fascista.
Nada está decidido. Quero crer que as forças da reforma vão ganhar essa disputa.
Há um exagero evidente quando se afirma que os tais “black blocks” são um agrupamento “fascista”. Fascismo, meus amigos, é outra coisa. Fascismo requer um líder autoritário, que fale em nome da pátria, com um discurso unificador. Os “black blocks” não possuem esse discurso, e aparentemente não há líderes a unificar a ação.
Prefiro ver os “black blocks” de outa forma: são um sintoma de que algo não vai bem na sociedade brasileira. Assim como os rolezinhos nos shopping centers. São dois fenômenos muito diferentes, mas os dois indicam que o sistema político brasileiro vive um impasse e precisa ser reformado. Doze anos de lulismo criaram um novo Brasil (na economia e no consumo). E esse novo país não se reflete na institucionalidade política – carcomida pelo peemedebismo e pelo autoritarismo secular. Os curto-circuitos começam a surgir.
O “black blocks” são fascistas? Mas e os policiais que encurralaram os manifestantes dentro de um hotel em São Paulo? São representantes do que?
Além do mais, é preciso compreender que os rapazes de preto são apenas parte (a mais barulhenta, talvez) dessa turma que foi pras ruas em 2013 e que agora deu início à temporada de protestos versão 2014: também há o pessoal do PSOL, do PSTU, sem falar na classe média “apartidária” (mas que de apartidária não tem nada) - sobre o tema, confira o excelente texto do professor Wagner Iglecias.
Ainda não surgiu uma liderança construtiva que consiga canalizar essa energia das ruas. Qual o programa dessa turma? Se for apenas o “fora PT!”, esperemos a resposta nas urnas de outubro. Mas parece-me que há mais do que isso. Dilma fez a a leitura correta em junho de 2013: propôs a Reforma Política. Bloqueada pelos conservadores do PMDB, preferiu recuar.
O sistema político brasileiro precisa ser reformado. Mas não será alterado por esse movimento amorfo, sem programa, e que parece ser antes um sintoma de mal-estar social do que uma força política efetiva. O incêndio de um fusquinha em meio às manifestações no dia do aniversário de São Paulo virou símbolo dos impasses desse movimento. O objetivo dos rapazes de preto seria atacar a “ordem”. Ok. Mas a vítima acabou sendo um trabalhador que seguia com a família no fusca. Patético para quem olha de longe. Trágico para o dono do fusquinha.
Não acho que fazemos bem em “demonizar” os jovens vestidos de preto. Antes de gritar “bando de vagabundos”, “baderneiros” (sou de uma geração que sente arrepios ao ver gente de esquerda chamando manifestante de “baderneiro”; isso é vocabulário de milico reacionário), deveríamos prestar atenção a esse recado. No pós-ditadura, o sistema político foi capaz – sim – de incorporar novas forças que surgiram: trabalhadores organizados no campo e nas cidade encontraram caminhos (CUT, MST, sindicatos, partidos etc) para – dentro da ordem institucional democrática – construírem instrumentos de luta, reivindicação e poder.
Os “black blocks” – e essa é apenas uma hipótese – seriam o sintoma de que o sistema político chegou próximo da exaustão. Pior: perdidos, sem bandeiras a não ser a violência, os tais jovens de preto liberam energias regressivas da sociedade. E são claramente instrumentalizados pela extrema-direita, que gostaria de ver o “lulo-petismo” longe do poder.
Neste fim-de-semana, um desses jovens de preto (aparentemente, ele carregava na mochila objetos que seriam usados em atos de violência) provou do veneno: foi surrado no centro de São Paulo por outros jovens da periferia que tinham ido à Praça da República para assistir a um show. O jovem “black block”, ironia das ironias, foi salvo do linchamento por outros homens de preto: os seguranças do show, representantes da “ordem”, impediram o linchamento.
O fusca queimado, a surra… Se o mal-estar não se transformar num programa, esse movimento corre o risco de se esgotar. Pior: terá apenas ajudado os setores da extrema-direita que pedem cada vez mais “borrachada” e “ordem” a qualquer custo. Nesse caso, os “black blocks” (que não são propriamente fascistas) teriam dado uma grande contribuição para a construção de uma agenda (aí sim) efetivamente fascista.
Nada está decidido. Quero crer que as forças da reforma vão ganhar essa disputa.
3 comentários:
Esses mauricinhos nunca lutaram por nada em suas vidas, por isso, não sabem protestar. São uns verdadeiros imbecis que só sabem usar a violência.
#VaiTerCopa e #VaiTerFusca
Senhor Rodrigo: se a inspiração desse grupo não é fascista, é o quê?
frases diversas
http://frases-reflita.blogspot.com.br/
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