Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
O Brasil está sempre discutindo o rolezinho - mesmo quando não percebe.
Temos o rolezinho conjuntural, dos garotos e garotas da periferia que decidiram fazer concentrações
em shopping centers. Quem nunca experimentou a condição de oprimido poderia fazer um exercício de empatia social para imaginar como é entrar num ambiente estranho, ser olhado como estranho, ouvir palavras estranhas.
Claro que se você puder levar 20, 50, 500, e até 1000 pessoas a seu lado, irá sentir-se melhor. Menos ameaçado, pelo menos.
Uma coisa é ser humilhado sozinho por policiais que identificam o perigo pela cor da pele e pela grife do tênis. Outra é rir e vaiar atos desse tipo.
Mas temos o rolezinho estrutural. É um pensamento organizado, partilhado por aquele da turma que ainda não acordou para as mudanças do Brasil recente.
Duvida que temos um desemprego baixo. Torce para que a inflação seja mais alta do que é. Diz que o colapso econômico está na próxima curva. Afirma que em breve o Brasil está virando uma Argentina.
Não sabe como é viver num país que constrói um mercado de massa - porque detesta gente.
Estamos falando do preconceito transformado em projeto de país.
Nosso país tem um limite de crescimento, dizem. Tem vocação agrícola, garantem. Não tem maturidade para a democracia, murmuram. Não pode seguir distribuindo renda.
O preconceito contra os meninos pobres e contra o país em que nascemos, vivemos e criamos nossos filhos é uma coisa só.
Um encarna o outro, expressa o outro.
Como nação e como indivíduos, querem nos excluir do progresso e da civilização.
Mesmo nossos shopping centers - que uma perversidade consumista apresenta como ápice do convívio social e da cultura - devem continuar para poucos.
Mas as vitrines são vitrines, ensinava Gilberto Gil.
O Brasil está sempre discutindo o rolezinho - mesmo quando não percebe.
Temos o rolezinho conjuntural, dos garotos e garotas da periferia que decidiram fazer concentrações
em shopping centers. Quem nunca experimentou a condição de oprimido poderia fazer um exercício de empatia social para imaginar como é entrar num ambiente estranho, ser olhado como estranho, ouvir palavras estranhas.
Claro que se você puder levar 20, 50, 500, e até 1000 pessoas a seu lado, irá sentir-se melhor. Menos ameaçado, pelo menos.
Uma coisa é ser humilhado sozinho por policiais que identificam o perigo pela cor da pele e pela grife do tênis. Outra é rir e vaiar atos desse tipo.
Mas temos o rolezinho estrutural. É um pensamento organizado, partilhado por aquele da turma que ainda não acordou para as mudanças do Brasil recente.
Duvida que temos um desemprego baixo. Torce para que a inflação seja mais alta do que é. Diz que o colapso econômico está na próxima curva. Afirma que em breve o Brasil está virando uma Argentina.
Não sabe como é viver num país que constrói um mercado de massa - porque detesta gente.
Estamos falando do preconceito transformado em projeto de país.
Nosso país tem um limite de crescimento, dizem. Tem vocação agrícola, garantem. Não tem maturidade para a democracia, murmuram. Não pode seguir distribuindo renda.
O preconceito contra os meninos pobres e contra o país em que nascemos, vivemos e criamos nossos filhos é uma coisa só.
Um encarna o outro, expressa o outro.
Como nação e como indivíduos, querem nos excluir do progresso e da civilização.
Mesmo nossos shopping centers - que uma perversidade consumista apresenta como ápice do convívio social e da cultura - devem continuar para poucos.
Mas as vitrines são vitrines, ensinava Gilberto Gil.
1 comentários:
Vejo essa como uma falsa polêmica, porque os shoppings de periferia como o Itaquera são frequentados na grande maioria por gente de periferia, ou seja, pela mistura de estratos dos que vivem ali. Existe 'pagode no shopping', 'dança popular no shopping', 'minicarnaval no shopping' e todo tipo de eventos populares nos próprios shoppings, promovidos por eles para atrair todo tipo de público. Então, não é verdade dizer que shoppings seriam espaços super-elitizados frequentados só por classes altas. Há, inclusive, várias lojas e lanchonetes bem populares em shoppings. Se não fosse assim, os shoppings de periferia já teriam falido. O que é complicado é agendar eventos com 500 pessoas ou mais, sem qualquer controle para que não interfiram no passeio de outras pessoas e no funcionamento normal do shopping. E impedir que pessoas mal intencionadas de fato utilizem esses eventos para praticar atos ilegais. A livre circulação e a tranquilidade têm que ser garantidas a todos, ou o direito de um grupo estaria acima do direito coletivo. No mais, não concordo com triagem prévia e nem com repressão policial violenta, mas reitero que há que haver algum tipo de controle sim, em benefício de todos (idosos, crianças, etc.).
Como sei que isso ocorre em parte como estopim para realização de atos de protesto gerais contra a Copa e o governo Dilma (vamos falar a verdade, por favor), nem acho necessário tentar discutir teses sociológicas profundas, justo em um momento em que o país melhora a passos relativamente largos - em especial para as camadas mais vulnerabilizadas socialmente.
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