Por Roberto Amado, no blog Diário do Centro do Mundo:
“O Facebook está morto e enterrado”, anunciou no fim do ano passado o jornal inglês The Guardian. Pode parecer um exagero para uma rede social que tem mais de 1 bilhão de usuários, mas a convicção veio do estudo Global Social Media Impact realizado com adolescentes de até 18 anos em oito países.
A principal revelação é a de que, com adesão crescente de parentes mais velhos, como pais, tios e avôs, a galera está migrando para outras plataformas. “A maioria sente-se constrangida quando uma mãe solicita amizade. Antes, os pais vigiavam se os filhos estavam usando o Facebook. Agora, é o inverso: o mais velhos insistem para que participem, de modo que possam saber a respeito de suas vidas”, diz Daniel Miller, antropólogo da University College London que analisou os resultados do estudo.
Esse é apenas um dos motivos. Há outros sinais de que o Facebook está mesmo envelhecendo.
Um deles é a recente pesquisa da agência americana iStrategy: nos Estados Unidos, 6,7 milhões de jovens com 13 a 24 anos abandonaram, desde 2011, o Facebook. Na faixa etária entre 13 e 17 anos, mais de um quarto dos usuários (25,3%) desativaram seus perfis — ou seja, 3,3 bilhões de adolescentes.
Por outro lado, ainda segundo a iStrategy, a afluência dos “velhos” é crescente: usuários com idade entre 35 e 54 anos já são a faixa etária mais presente na rede (31,1%) e a média de idade global é de 42 anos. E segundo o do Centro de Pesquisas Pew, usuários com idade superior a 65 anos representam a faixa etária com maior crescimento, superior a 10% no último ano. “Os mais velhos venceram a dificuldade inicial de utilizar a rede e passaram a dominá-la”, diz Daniel Miller.
Jovens e adolescentes em geral buscam formas mais ágeis de comunicação e integração — o que justifica o crescimento de aplicativos como o WhatsApp, Instagram e Skype. E o principal: são ferramentas utilizadas pelo smartphone, o que garante privacidade. ”Os computadores pertencem à família e quem usa, está sujeito a compartilhar suas atividades, enquanto o smartphone é de uso individual”, diz Daniel Miller. “É normal que os adolescentes tentem se separar dos adultos. Se eles sentem que estão sendo observados pelos adultos, é natural que se afastem”, disse à BBC Mundo a psicóloga Esther Ana Krieger.
“Você pode utilizar em qualquer lugar e não é vigiada pela sua mãe”, diz Patrícia Meneutti, 16 anos, de São Paulo. “O Facebook é chato. Você coloca uma foto e daí alguém curte, um cara que você não conhece, e a mãe fica perguntando um monte de coisas”. Por esse motivo, Patrícia quer passar a usar o Snapchat, aplicativo que Mark Zuckerberg quis comprar sem sucesso por 3 bilhões de dólares. “É um fenômeno de privacidade muito interessante”, disse ele.
O Snapchat apaga as fotos alguns segundos depois de ser enviada e não deixa traços. “Os jovens estão buscando privacidade, segurança e interação maior e mais imediata do que oferecem as redes sociais”, diz Daniel Miller. “Eu ainda tenho perfil no Facebook, mas quase não entro”, diz Rodrigo Vortega, 15 anos. “Só quando preciso consultar alguma coisa pra escola. Mas nem isso mais”. Ele se sente invadido com algumas práticas da rede, como o excesso de publicidade e recomendações de amizade. “Se você aceita as sugestões, eles te bloqueiam e daí quando você está gostando de alguma coisa, eles tiram do ar, sei lá”.
Ambos, Rodrigo e Patrícia, se ressentem do fato do Facebook ter se tornado tão “oficial”, utilizado por empresas como referência de candidatos de emprego e para divulgar causas. “O que me interessa se estão matando bichinho lá na Bolívia?”, pergunta Rodrigo. “Não estou procurando emprego. Eu quero falar com a galerinha”, diz Patrícia. Ela reclama das dificuldades em se usar o Facebook pelo smartphone.”É uma droga. Por exemplo, não dá para mandar mensagens pra quem você quiser. Só dá para responder”, diz ela.
Para alguns observadores do universo digital, o esvaziamento do Facebook é uma questão de tempo: a rede cresceu muito e foi dominada por um público heterogêneo - não há uma identidade própria. Além disso, a número de usuário, acima de 1 bilhão, não tem como mais crescer. “O Facebook atingiu o teto. Agora, vai dar lugar a redes mais específicas, para grupos de usuários com identidades próprias”, diz Daniel Miller.
“O Facebook está morto e enterrado”, anunciou no fim do ano passado o jornal inglês The Guardian. Pode parecer um exagero para uma rede social que tem mais de 1 bilhão de usuários, mas a convicção veio do estudo Global Social Media Impact realizado com adolescentes de até 18 anos em oito países.
A principal revelação é a de que, com adesão crescente de parentes mais velhos, como pais, tios e avôs, a galera está migrando para outras plataformas. “A maioria sente-se constrangida quando uma mãe solicita amizade. Antes, os pais vigiavam se os filhos estavam usando o Facebook. Agora, é o inverso: o mais velhos insistem para que participem, de modo que possam saber a respeito de suas vidas”, diz Daniel Miller, antropólogo da University College London que analisou os resultados do estudo.
Esse é apenas um dos motivos. Há outros sinais de que o Facebook está mesmo envelhecendo.
Um deles é a recente pesquisa da agência americana iStrategy: nos Estados Unidos, 6,7 milhões de jovens com 13 a 24 anos abandonaram, desde 2011, o Facebook. Na faixa etária entre 13 e 17 anos, mais de um quarto dos usuários (25,3%) desativaram seus perfis — ou seja, 3,3 bilhões de adolescentes.
Por outro lado, ainda segundo a iStrategy, a afluência dos “velhos” é crescente: usuários com idade entre 35 e 54 anos já são a faixa etária mais presente na rede (31,1%) e a média de idade global é de 42 anos. E segundo o do Centro de Pesquisas Pew, usuários com idade superior a 65 anos representam a faixa etária com maior crescimento, superior a 10% no último ano. “Os mais velhos venceram a dificuldade inicial de utilizar a rede e passaram a dominá-la”, diz Daniel Miller.
Jovens e adolescentes em geral buscam formas mais ágeis de comunicação e integração — o que justifica o crescimento de aplicativos como o WhatsApp, Instagram e Skype. E o principal: são ferramentas utilizadas pelo smartphone, o que garante privacidade. ”Os computadores pertencem à família e quem usa, está sujeito a compartilhar suas atividades, enquanto o smartphone é de uso individual”, diz Daniel Miller. “É normal que os adolescentes tentem se separar dos adultos. Se eles sentem que estão sendo observados pelos adultos, é natural que se afastem”, disse à BBC Mundo a psicóloga Esther Ana Krieger.
“Você pode utilizar em qualquer lugar e não é vigiada pela sua mãe”, diz Patrícia Meneutti, 16 anos, de São Paulo. “O Facebook é chato. Você coloca uma foto e daí alguém curte, um cara que você não conhece, e a mãe fica perguntando um monte de coisas”. Por esse motivo, Patrícia quer passar a usar o Snapchat, aplicativo que Mark Zuckerberg quis comprar sem sucesso por 3 bilhões de dólares. “É um fenômeno de privacidade muito interessante”, disse ele.
O Snapchat apaga as fotos alguns segundos depois de ser enviada e não deixa traços. “Os jovens estão buscando privacidade, segurança e interação maior e mais imediata do que oferecem as redes sociais”, diz Daniel Miller. “Eu ainda tenho perfil no Facebook, mas quase não entro”, diz Rodrigo Vortega, 15 anos. “Só quando preciso consultar alguma coisa pra escola. Mas nem isso mais”. Ele se sente invadido com algumas práticas da rede, como o excesso de publicidade e recomendações de amizade. “Se você aceita as sugestões, eles te bloqueiam e daí quando você está gostando de alguma coisa, eles tiram do ar, sei lá”.
Ambos, Rodrigo e Patrícia, se ressentem do fato do Facebook ter se tornado tão “oficial”, utilizado por empresas como referência de candidatos de emprego e para divulgar causas. “O que me interessa se estão matando bichinho lá na Bolívia?”, pergunta Rodrigo. “Não estou procurando emprego. Eu quero falar com a galerinha”, diz Patrícia. Ela reclama das dificuldades em se usar o Facebook pelo smartphone.”É uma droga. Por exemplo, não dá para mandar mensagens pra quem você quiser. Só dá para responder”, diz ela.
Para alguns observadores do universo digital, o esvaziamento do Facebook é uma questão de tempo: a rede cresceu muito e foi dominada por um público heterogêneo - não há uma identidade própria. Além disso, a número de usuário, acima de 1 bilhão, não tem como mais crescer. “O Facebook atingiu o teto. Agora, vai dar lugar a redes mais específicas, para grupos de usuários com identidades próprias”, diz Daniel Miller.
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