REUTERS David Mdzinarishvili |
Com mais de 75% dos votos apurados, 95,7% dos participantes do referendo deste domingo (16/03) que iria definir se a Crimeia, atual república autônoma na Ucrânia, se juntaria à Rússia disseram sim à proposta, de acordo com dados oficiais divulgados nesta noite. O Parlamento da região já anunciou que vai pedir nesta segunda (17/03), formalmente, a integração à Federação Russa.
De acordo com as autoridades da península, o comparecimento foi de 82,7% dos votantes. Entre os que votaram, 3,5% escolheram permanecer na Ucrânia e 1% anulou a cédula. Desde a divulgação da boca de urna, que mostrava 93% de aprovação à proposta, manifestantes se reuniam na cidade de Simferopol para comemorar o resultado.
Reconhecimento
Estados Unidos, União Europeia e boa parte da comunidade internacional afirmavam, desde antes do início da votação, que não reconheceriam os resultados do referendo separatista na Crimeia e que defendiam a integridade territorial da Ucrânia. Por outro lado, no sábado (15/03), a Rússia já havia vetado uma resolução do Conselho de Segurança da ONU pedindo que a votação fosse condenada.
O Reino Unido, por exemplo, classificou a consulta como “zombaria à democracia”, alegando que a votação ocorreu em prazo muito exíguo e sob coerção de militares russos. O ministro das Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, reiterou neste domingo que a União Europeia dará uma “clara resposta” à Rússia e chamou a situação de “altamente perigosa”.
De acordo com uma reportagem da revista alemã Der Spiegel no sábado, o G8 estuda expulsar a Rússia do grupo por conta da intervenção do país na Ucrânia. Os outros sete membros – EUA, Alemanha, Japão, França, Canadá, Reino Unido e Itália – já teriam concordado com a ideia.
Em conversa telefônica com o presidente dos EUA, Barack Obama, o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, insistiu na legalidade do referendo. "Foram discutidos diferentes aspectos da situação de crise na Ucrânia. Putin chamou a atenção para a incapacidade das atuais autoridades de Kiev para acabar com os desmandos dos grupos ultranacionalistas e radicais que estão desestabilizando a situação e aterrorizando cidadãos pacíficos", afirmou comunicado divulgado pelo Kremlin na noite deste domingo.
Justificativa
Os russos justificam o apoio ao referendo(e o envio de tropas à península) citando a derrubada do presidente da Ucrânia Vitkor Yanukovich - que, segundo Moscou, foi "inconstitucional e realizado por radicais em Kiev". Como a população da Crimeia é composta por 60% de russos étnicos, a Rússia diz que "circunstâncias especiais" autorizavam a consulta. O país tem uma base militar estratégica em Simferopol, onde fica estacionada a frota marinha do mar Negro.
A população da Crimeia é composta por 60% de russos étnicos. A região fazia parte da Rússia até 1954, quando foi transferida pelo governo da então União Soviética (URSS) para a Ucrânia. Com a dissolução da URSS, no começo da década de 90, a península crimeia ganhou status de república autônoma – porém, ainda vinculada aos ucranianos.
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