Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Os últimos dias, afinal, têm sinalizado algo que, nos últimos meses, parecia perdido.
Porque o sentido de mudança foi transformado, pela imprensa deste país, num regressismo que não resiste a um sopro.
Então mudar o Brasil, retomar o desenvolvimento, combater a corrupção, tornar eficiente a máquina pública, reduzir a inflação e valorizar o salário é algo que a direita brasileira possa acenar ao nosso povo?
Eles, que nos deram a recessão dos anos 90, a liquidação do patrimônio público (vendido em condições obscuras), que entregaram o país com inflação de dois dígitos, que acham “alto demais” o salário-mínimo?
Mas, por paradoxal que pareça, começamos a aceitar o discurso da mídia de que “aqueles eram os bons tempos” e que o governo Dilma não iria “colocar em risco as conquistas do Plano Real”.
Aceitar o discurso do adversário é o primeiro passo para ser derrotado por ele.
Desde as manifestações de junho, embora Dilma tivesse ensaiado – e executado, nos campo de quatro dos “cinco pactos” que propôs na ocasião – uma reação, deixou-se de lado o combate político.
E quando se deixa o embate político perde-se um pouco a cada dia de nossa identidade.
Embora seja necessário – e demolidor – mostrar os números comparativos, é preciso agregar a isso um sentimento – plenamente presente em 2010 – de que este país tem futuro e que este futuro só não é presente exatamente porque o passado foi como foi.
A memória que o tempo atenua, o discurso político precisa reacender, para que o fluxo de informações entre as gerações fundamente o julgamento do presente.
E isso tem um imenso poder, tanto que se nota, agora, que Eduardo Campos começa a fazer ressalvas em sua identidade com Aécio Neves, porque percebeu que a velha direita estará toda unida em torno dele, a começar por FHC e um já não tão constrangido José Serra.
A eleição de 2014 não é um “passeio”, como se acreditou.
Nem é um desastre, como a mídia não cansa de apregoar.
Aécio não tem, a esta altura, o que Serra tinha.
Campos não tem - e nada indica que terá - aquilo que Marina Silva atingiu.
O problema do campo progressista é o de não ter, de novo, o que tinha.
Em parte, certamente, por parecer diferente do que foi, por não proclamar diariamente o que é.
Acaba-se, assim, negligenciando-se nosso próprio significado.
Nada deixa mais a direita irritada que Lula e Dilma romperem o seu monopólio de informação e falarem fora da pauta que a mídia lhes impõe.
É na batalha da comunicação que se perde ou ganha esta guerra por corações e mentes.
E é nela que o Governo Dilma – até agora – vinha tendo o seu pior desempenho. Não apenas por ser ruim, mas por achar que o ruim era o bom, com o abandono da polêmica pública.
O desafio de Dilma não é o de ganhar votos, mas o de recuperar seu significado.
Os últimos dias, afinal, têm sinalizado algo que, nos últimos meses, parecia perdido.
Porque o sentido de mudança foi transformado, pela imprensa deste país, num regressismo que não resiste a um sopro.
Então mudar o Brasil, retomar o desenvolvimento, combater a corrupção, tornar eficiente a máquina pública, reduzir a inflação e valorizar o salário é algo que a direita brasileira possa acenar ao nosso povo?
Eles, que nos deram a recessão dos anos 90, a liquidação do patrimônio público (vendido em condições obscuras), que entregaram o país com inflação de dois dígitos, que acham “alto demais” o salário-mínimo?
Mas, por paradoxal que pareça, começamos a aceitar o discurso da mídia de que “aqueles eram os bons tempos” e que o governo Dilma não iria “colocar em risco as conquistas do Plano Real”.
Aceitar o discurso do adversário é o primeiro passo para ser derrotado por ele.
Desde as manifestações de junho, embora Dilma tivesse ensaiado – e executado, nos campo de quatro dos “cinco pactos” que propôs na ocasião – uma reação, deixou-se de lado o combate político.
E quando se deixa o embate político perde-se um pouco a cada dia de nossa identidade.
Embora seja necessário – e demolidor – mostrar os números comparativos, é preciso agregar a isso um sentimento – plenamente presente em 2010 – de que este país tem futuro e que este futuro só não é presente exatamente porque o passado foi como foi.
A memória que o tempo atenua, o discurso político precisa reacender, para que o fluxo de informações entre as gerações fundamente o julgamento do presente.
E isso tem um imenso poder, tanto que se nota, agora, que Eduardo Campos começa a fazer ressalvas em sua identidade com Aécio Neves, porque percebeu que a velha direita estará toda unida em torno dele, a começar por FHC e um já não tão constrangido José Serra.
A eleição de 2014 não é um “passeio”, como se acreditou.
Nem é um desastre, como a mídia não cansa de apregoar.
Aécio não tem, a esta altura, o que Serra tinha.
Campos não tem - e nada indica que terá - aquilo que Marina Silva atingiu.
O problema do campo progressista é o de não ter, de novo, o que tinha.
Em parte, certamente, por parecer diferente do que foi, por não proclamar diariamente o que é.
Acaba-se, assim, negligenciando-se nosso próprio significado.
Nada deixa mais a direita irritada que Lula e Dilma romperem o seu monopólio de informação e falarem fora da pauta que a mídia lhes impõe.
É na batalha da comunicação que se perde ou ganha esta guerra por corações e mentes.
E é nela que o Governo Dilma – até agora – vinha tendo o seu pior desempenho. Não apenas por ser ruim, mas por achar que o ruim era o bom, com o abandono da polêmica pública.
O desafio de Dilma não é o de ganhar votos, mas o de recuperar seu significado.
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