segunda-feira, 5 de maio de 2014

Datafolha tentará repetir Sensus

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Pesquisa do instituto Sensus sobre a sucessão presidencial divulgada pela revista IstoÉ na madrugada de sábado passado chegou vencida; foi realizada oito dias antes da divulgação e já chegou sob fortes questionamentos, alguns dos quais insuspeitos, como o de um colunista do jornal O Estado de São Paulo, José Roberto de Toledo, que apontou vícios na sondagem.

Apesar da ampla divulgação que essa crítica recebeu, é importante que seja reproduzida no âmbito destas considerações. Abaixo, pois, trechos do “blog” de José Roberto de Toledo no portal de O Estado de São Paulo.

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O ESTADO DE SÃO PAULO

2 de maio de 2014

José Roberto de Toledo

02.maio.2014 17:54:17

Aécio aparece primeiro na cartela do Sensus

A pesquisa Sensus a ser divulgada neste sábado vai dar o que falar. Se não pelos seus números, ao menos pelos seus métodos. O instituto, que vinha trabalhando para o PSDB até pouco tempo atrás, foi criativo ao apresentar as perguntas aos eleitores.

Em vez de mostrar ao eleitor um cartão circular com os nomes dos candidatos – para não privilegiar nenhum deles -, o instituto mineiro apresentou uma lista em ordem alfabética. Desse modo, o nome de Aécio Neves (PSDB) aparece sempre em primeiro lugar.

Além de contrariar a prática do mercado (institutos como Ibope e Datafolha apresentam a cartela circular), o Sensus mudou sua própria maneira de fazer a pergunta de intenção de voto. Em eleições passadas, como em 2010, o instituto sempre usou a cartela circular, e não a lista em ordem alfabética.

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Outro fato chama a atenção nesta sondagem do Sensus: o registro da pesquisa no TSE ocorreu bem depois de as entrevistas terem terminado. A pesquisa de campo foi feita entre os dias 22 e 24 de abril, mas só foi registrada no dia 28. Ou seja, ao registrá-la é provável que o instituto já soubesse o resultado – o que pode ou não ter influenciado na decisão divulgá-la.

Como no caso da MDA/CNT, a pesquisa do Sensus foi feita logo após a propaganda eleitoral do PSDB no rádio e na TV. E terminou muito antes do pronunciamento de Dilma na véspera do 1º de Maio. Mas como demorou tanto a ser divulgada, vai ficar parecendo que a sondagem do Sensus é mais recente do que de fato é.

A pesquisa foi paga pelo próprio Sensus, segundo o registro no TSE. Mas será divulgada com exclusividade pela revista IstoÉ. Segundo o site da publicação, a parceria envolverá a divulgação de sete sondagens sobre a eleição presidencial este ano.

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O questionamento acima comprova que business are business. E só.

O instituto Sensus envolveu-se em outra polêmica, em 2010. Só que, naquela oportunidade, o instituto de pesquisas mineiro atuava em sentido contrário, sendo então considerado tendente a “ajudar” Dilma Rousseff contra José Serra, apesar de sua relação histórica com o PSDB mineiro ou, melhor dizendo, com Aécio Neves, então injuriado com o colega paulista por ter lhe tomado a candidatura a presidente pelo partido de ambos.

À época, matéria da Folha de São Paulo, abaixo reproduzida, questionava o Sensus por sua metodologia, que acabara de detectar empate entre Dilma Rousseff e José Serra. Abaixo, a acusação da Folha ao Sensus em 2010.



De fato, a petista acabou confirmando as pesquisas de Sensus e Vox Populi contra o Datafolha; Dilma, partindo de um patamar baixíssimo nas pesquisas, alcançara Serra.

O que é de estranhar é que, desta feita, quando o Sensus é acusado de beneficiar um tucano contra Dilma, a Folha, à diferença do Estadão, manteve-se silente enquanto corria ao TSE para protocolar uma nova pesquisa a ser divulgada ao longo da semana que entra, mais provavelmente no próximo sábado ou domingo.

A nova pesquisa Datafolha sobre a sucessão presidencial terá campo nos dias 7 (quarta-feira) e 8 (quinta-feira) de maio, com estimativa de 2.880 entrevistas. A data da divulgação do resultado deve variar de acordo com o que a sondagem apurar.

Se Dilma tiver ganhado pontos ou se mantido na posição da pesquisa Datafolha de abril, o resultado pode ser divulgado na sexta-feira mesmo, dia de menor interesse por notícias ante a chegada do fim de semana. Essa divulgação se daria no meio da tarde, horário de menor interesse em um dia de pouco interesse sobretudo por política.

Se Dilma tiver perdido pouco e/ou seus adversários tiverem ganhado pouco, a divulgação ocorrerá no sábado, um dia de maior repercussão que a tarde de sexta, mas, ainda assim, dedicado a outras atenções.

Se Dilma tiver perdido um percentual considerável e/ou seus adversários tiverem ganhado, a divulgação ocorrerá no domingo, ou no fim da tarde de sábado, quando a Folha de São Paulo distribui seus exemplares de domingo nas bancas. Assim, a repercussão começaria na tarde de sábado e se avolumaria no domingo.

A nova pesquisa é menos ampla do que a anterior, que teve cerca de 40 perguntas – a atual tem 29.

Nesta nova edição do Datafolha, uma pergunta surpreende pelo alto grau de indução da resposta do entrevistado que deve provocar. Chega a ser espantoso. A pergunta número 20 pede ao entrevistado que responda como votará se “A situação econômica do país se agravar até o dia das eleições”, já partindo do pressuposto de que a situação atual é grave.

Leia, abaixo, o formulário da nova pesquisa Datafolha que será divulgada no fim da semana que entra.



A pesquisa, por si só, constitui uma peça de propaganda eleitoral negativa contra Dilma Rousseff. Até porque, espalhará versões sobre má situação econômica do país para um universo de quase três mil pessoas, que atuarão como propagadoras do desânimo com o governo que advirá depois dessa saraivada de pessimismo.

Contudo, como o Datafolha, à diferença do instituto Sensus, afirma que não “esquenta” o entrevistado com perguntas sobre economia e outras antes de perguntar em quem esse entrevistado irá votar, sempre há a possibilidade de Dilma ter recuperado pontos ou pelo menos ter permanecido com o patamar anterior, de abril.

Se Dilma permanecer com o patamar de Abril, é muito provável que a boa e velha “margem de erro” (de 2 pontos percentuais) seja usada para forçar uma sua “queda” ou “subida” dos adversários, mais precisamente de Aécio Neves, confirmando os números do Sensus, os ideais, neste momento, para a mídia tucana e seu candidato a presidente.

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