Por Renato Rabelo, em seu blog:
Realizamos em São Paulo, nesta segunda feira (21/7), a reunião da Comissão Política Nacional que fez o balanço das convenções eleitorais de cada estado e da convenção nacional em Brasília. Na ocasião, pronunciei o seguinte discurso:
Começa oficialmente a campanha eleitoral. Na prática, já estava em curso desde o ano passado. Temos que considerar a singularidade desta campanha.
Trata-se de uma campanha que atinge maior auge de disputa em relação às anteriores e apresenta relativa incerteza. As forças políticas conservadoras internas e externas, vinculadas à dominância liberal financeira do capitalismo atual, não suportam mais, tudo vem fazendo e tudo o farão para barrar um quarto mandato presidencial (16 anos) das forças democráticas, populares e progressistas. “É demais”, julgam eles! E se propõem a intensificar por todos os modos a contratendência reacionária.
No terreno da economia – O baixo crescimento e a inflação (superdimensionada pelas forças conservadoras) – mas, existe a condição objetiva: não há uma reação de superação dessa situação em curto prazo no plano econômico. Antes, a ampliação da distribuição de renda e maior inclusão social, se faziam com maior crescimento da economia. Esta situação podia amortecer em certo grau, as contradições básicas entre os setores dominantes do sistema capitalista e as políticas de maior conquista social. Agora com crescimento modesto é que as forças conservadoras mais vão explorar, onde poderão mais intervir estimulando a desconfiança e o descrédito no governo, no meio empresarial e no seio do povo.
Outro aspecto importante é motivo de forte disputa que se acirra neste momento. Refere-se à política externa do Brasil, ou seja, a linha de inserção soberana do país iniciada pelo primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, continuada por Dilma Rousseff. Isto contraria sobejamente os interesses das forças conservadoras e dos para grandes círculos financeiros.
Estes setores defendem essencialmente à volta a um alinhamento automático no plano econômico e político com os EUA e a Europa.
Hoje, no caso da América Latina, de forma geral, com o avanço político das esquerdas e das forças democráticas - em luta contra as forças conservadoras e pró imperialistas, fundamentalmente - estamos diante do embate entre o projeto democrático popular, e suas variantes, e as imposições do projeto financeiro liberalizante, assentado nos paradigmas neoliberais. Por isso que, no caso do Brasil, afirmamos que nos encontramos nestas eleições de 2014, diante de uma encruzilhada: avançar no projeto democrático e popular, aprofundando as mudanças, ou retroceder ao projeto da oligarquia financeira neoliberalizante. Está em jogo, assim, a perspectiva e o futuro do Brasil, com suas implicações, pela dimensão do país, no contexto do curso político e econômico neste continente – reforçando ou abalando o caminho democrático e popular.
Nas condições atuais do Brasil, na luta entre continuar o avanço das mudanças ou retroceder, com a predominância do baixo crescimento da economia, se eleva a radicalização. Nessa situação qual o fundo da questão? Em última instância é: quem pagará a conta. Por isso, quando a presidenta Dilma afirma que ela “não foi eleita para trair a confiança do povo, nem para arrochar o salário dos trabalhadores”, mesmo numa situação de impacto da crise mundial do capitalismo e do baixo crescimento econômico do país, ela toma posição ao lado dos trabalhadores: estes não deverão pagar a conta! Sim, o atual governo faz esforços para enfrentar a situação atual sem penalizar os trabalhadores e nem recuar dos investimentos sociais.
A linha de distribuição de renda foi o próprio motor do desenvolvimento, desde Lula, seguido por Dilma. O salário mínimo subiu em termos reais, caíram o desemprego, o trabalho informal e a desigualdade: “se alguém dissesse isso em 2002, iam trancar o cara no Pinel” (como disse Holanda Barbosa). A prática desmascarou assim um conceito básico da ortodoxia neoliberal.
Daí a desconfiança crescente dos monopólios financeiros e do conjunto das forças conservadoras em relação ao governo da presidenta Dilma. Eles não podem perder, ao contrário impõem garantias para ganhar mais, nesse momento de crise global financeira e econômica e de baixa do crescimento econômico em seu conjunto. Isso se reflete agora no embate aceso acerca do aumento real contínuo do salário mínimo, da manutenção de elevado nível de emprego, da contenção da elevação dos juros, de diminuição do superávit primário, de câmbio menos valorizado, e de protagonismo do Estado, não do mercado, na distribuição de renda e na condução da economia.
Ora, à luz dessa situação é o principal candidato da oposição, Aécio Neves, que em função de seus compromissos fundamentais, é quem incorpora o projeto liberal financeiro e vai defender a volta ao alinhamento principal com os EUA e seus aliados. O resultado é que Aécio procura resgatar Fernando Henrique Cardoso, e a fonte de seu modelo e projeto para o país. Por isso cerca-se dos ideólogos e condutores da política neoliberal aplicada na década de 1990 pelos governos de FHC. Esse é o seu lado e o seu rumo.
Portanto, diante da questão de fundo de “quem pagará a conta?”, o lado que assume Aécio não pode ser dos trabalhadores, ou seja, a maioria do povo. O seu modelo e projeto real, é identificado com a linha de compromissos com a oligarquia financeira e seus sócios, e a hegemonia política do imperialismo estadunidense e das grandes potências capitalistas.
A prova maior disso é que nos altos círculos financeiros e monopolistas não se esconde sua preferência e esforço pela vitória da oposição, protagonizada pela candidatura Aécio. Porta-vozes desses círculos é que afirmam que um “choque de credibilidade”, ou seja, dar-lhe as garantias de suas exigências, “de que um governo Aécio teria muito mais força do que um segundo governo Dilma”, para assim agir. Dizem, “O aperto fiscal é maior, a Selic deve subir mais, o realinhamento mais tarifas de serviços públicos pode ser feito rapidamente”. Isso é só a ponta do iceberg.
Sabemos quem ganha efetivamente com isso. Estas são parte das medidas impopulares, deixadas escapulir em um pronunciamento pelo presidenciável Aécio. A sua lógica maior é que a única saída passa pelo resgate - primeiro dos donos do grande capital - para depois (se der) transferir certa renda para uma parte da população. Em suma, governam voltados para atender um terço da população. Assim foi realmente no período de FHC.
Em consequência disso é que os principais candidatos da oposição não apresentam abertamente seus projetos, não deixando explícita qual sua alternativa. É expressão de notória contradição. Em recente entrevista do presidenciável Aécio Neves, para órgãos conjuntos da mídia e sites, Josias de Souza, um dos entrevistadores concluiu: “Aécio procura se apresentar como candidato da ‘mudança’ ” (Qual mudança?); “evita ser específico (nítido) na apresentação de propostas, principalmente na área econômica, (Sic) para não perder votos”; “Na política, o tucano não tem como dizer que a articulação de um eventual governo seu será diferente do modelo atual de alianças”; “na área social (para despistar) Aécio promete manter programas sociais – bolsa família e mais médicos”.
Eduardo Campos se camufla numa abstrata “nova política”, repudiando o formato atual das alianças, desconhecendo sua própria prática de alianças em Pernambuco e em vários Estados do país. Seu ataque principal é a presidenta Dilma, esboçando uma tentativa de se apresentar como singular, num arremedo de demarcação com os tucanos e o PT, por exemplo, no exorcismo de ética política – o erro do chamado “mensalão” é igual à compra de votos para reeleição de FHC.
Nos meios intelectuais, na academia, “cientistas políticos” e outros tendem a nivelar a candidatura de Dilma com os demais da oposição. Defendem um ponto de vista de que há uma ausência de projeto e propostas em todos, neste período da luta politica-eleitoral. E não é a presidenta Dilma a favorita, numa situação em que, dizem eles, os três candidatos principais não entusiasmam.
A oposição não podendo apresentar um projeto explícito se concentra no viés anti-Dilma. Desde a antecipação da campanha presidencial, há um ano, que o consórcio oposicionista, tendo os grandes grupos monopolistas da mídia reverberando para milhões, deflagra de fato uma contínua e crescente campanha de descrédito da presidenta Dilma, atiçando o descontentamento, açulando o
preconceito contra a primeira mulher presidenta do Brasil, inflando até o rancor em camadas médias altas da população.
A campanha midiática e da oposição formal encadeia um movimento a outro, passando assim sucessivamente pelo vaticínio de uma “tempestade perfeita” que arrastaria o Brasil a aguda crise, ao recorrente apelo de apagão elétrico que não surge, ao denuncismo eleitoral contra a Petrobras, aos vaticínios de pesado alarmismo acerca da inviabilidade da realização da Copa Mundial de Futebol no Brasil. Vejam que um atrás outro anúncio não se confirma.
A situação chega ao paroxismo quando se busca de qualquer modo, através de pretextos gratuitos culpar a presidenta por tudo que acontece. A realização da Copa no Brasil foi um grande êxito de organização, segurança e hospitalidade. Desconsolados com isso, encontraram na desastrosa derrota do Brasil diante da Alemanha o fato que revertesse o êxito da Copa, açulando a perspectiva de que a derrota da Seleção prejudicaria Dilma na corrida eleitoral. O ânimo dos investidores na Bolsa, subindo a cotação das ações levou em conta tal prognóstico.
E agora, diante do êxito histórico da realização da 6ª Cúpula dos BRICS, sediada no Brasil, reforçando a ação comum do Bloco em decisões fundamentais, que abrem caminho para alcance de uma nova ordem mundial. E quando a presidenta demonstrou sua influente liderança trazendo ao Brasil todos os país da Unasul e o quarteto da CELAC, quando o Brasil viveu uma semana de “grandes negócios” – os múltiplos e proveitosos acordos realizados com a China e os membros dos BRICS. Nesse auge para o Brasil, mas com os grandes grupos da mídia relativizando tudo, sempre questionando o avanço dos acordos, deixando na sombra a destacada liderança da presidenta nesses magnos acontecimentos, eis que surge a deixa do controverso acontecimento da derrubada do avião de passageiros sobre a Ucrânia. Mas, com isso, se apressaram em declarar que o terrível acidente caiu no colo da presidenta (a que absurdo do quanto pior melhor chegamos), buscando açodadamente neutralizar o destacado papel da presidenta na realização da Cúpula dos BRICS no Brasil.
Em suma, estamos no curso de um grande embate político e ideológico, da luta polarizada e radicalizada entre dois projetos opostos de desenvolvimento e mudança; em vez do debate aberto e comparativo de programas, o principal candidato da oposição é inespecífico (os demais também), prega uma “mudança”, escondendo seu conteúdo essencial – mudar para trás -, falseia a realidade, concentra sua tática em desacreditar a presidenta açulando o preconceito e o ódio; numa demonstração de fachada eleitoral, visando ganhar votos na área popular, faz promessa sem
autoridade para isso, de manter programas sociais de Lula e Dilma.
Temos a convicção e a confiança de que a presidenta é uma liderança capaz de renovar a esperança e conduzir o Brasil a uma nova etapa de desenvolvimento. Nesse sentido, ela chaga à conclusão de que alcançamos o limiar de um “novo ciclo histórico” em nosso país para consolidar e aprofundar ainda mais as conquistas (Convenção Nacional do PT). Em decorrência disto, apresenta o que ela define como um Plano de Transformação Nacional, concebido para realizar o grande conjunto de mudanças. Convergindo com essa assertiva é que o PCdoB ofereceu à candidata um conjunto de ideias e propostas ao seu governo.
Como afirmamos na nossa Resolução a ser aprovada nesta Comissão Política Nacional, o PCdoB realizou com sucesso suas convenções eleitorais. Está entusiasticamente unificado, em todo o Brasil, com a campanha de Dilma Rousseff. Pelas coligações pactuadas e candidaturas lançadas se apresenta a real possibilidade de o Partido ampliar sua força político-eleitoral.
Assim, foi construído um projeto eleitoral que a um só tempo desafia e estimula a militância comunista.
O PCdoB poderá eleger 20 deputados federais; aumentar sua representação no Senado Federal e praticamente dobrar presença nas Assembleias Legislativas, com a conquista de cerca de 40 cadeiras. Ao todo, são 76 candidaturas a deputado federal e 762 candidaturas a deputado estadual, com 8 chapas próprias. Além disso, pela primeira vez na sua história, o PCdoB tem grande chance de eleger seu primeiro governador de Estado, com Flávio Dino, no Maranhão. Nesta esfera do executivo, o Partido participa, também, com candidaturas a vice-governador em SP, RS e RN.
O avanço das mudanças, conforme o Partido tem assinalado, para além de uma necessária coalizão ampla, exige o protagonismo de uma esquerda forte e dos movimentos sociais. E para que tenhamos uma esquerda forte no Brasil é indispensável, nestas eleições, a vitória do projeto eleitoral dos comunistas que será construída em sinergia com a grande mobilização nacional pela vitória de Dilma e dos nossos aliados.
É hora das direções do Partido, em todas as suas instâncias, tomarem nas mãos a tarefa de mobilizar e engajar o coletivo militante, os filiados, os apoiadores, os amigos nesta grande jornada pela vitória de nossas candidaturas. Como sabemos o entusiasmo e a combatividade da militância faz a diferença nesta hora, levando nossa mensagem à grande massa popular.
Não podemos nos curvar a nenhuma adversidade, sobretudo ao desafio de prover nossas campanhas dos recursos materiais e financeiros, questão fundamental que deve ser enfrentada politicamente por todos a partir das direções e dos candidatos.
Tudo faremos para alcance da vitória!
Realizamos em São Paulo, nesta segunda feira (21/7), a reunião da Comissão Política Nacional que fez o balanço das convenções eleitorais de cada estado e da convenção nacional em Brasília. Na ocasião, pronunciei o seguinte discurso:
Começa oficialmente a campanha eleitoral. Na prática, já estava em curso desde o ano passado. Temos que considerar a singularidade desta campanha.
Trata-se de uma campanha que atinge maior auge de disputa em relação às anteriores e apresenta relativa incerteza. As forças políticas conservadoras internas e externas, vinculadas à dominância liberal financeira do capitalismo atual, não suportam mais, tudo vem fazendo e tudo o farão para barrar um quarto mandato presidencial (16 anos) das forças democráticas, populares e progressistas. “É demais”, julgam eles! E se propõem a intensificar por todos os modos a contratendência reacionária.
No terreno da economia – O baixo crescimento e a inflação (superdimensionada pelas forças conservadoras) – mas, existe a condição objetiva: não há uma reação de superação dessa situação em curto prazo no plano econômico. Antes, a ampliação da distribuição de renda e maior inclusão social, se faziam com maior crescimento da economia. Esta situação podia amortecer em certo grau, as contradições básicas entre os setores dominantes do sistema capitalista e as políticas de maior conquista social. Agora com crescimento modesto é que as forças conservadoras mais vão explorar, onde poderão mais intervir estimulando a desconfiança e o descrédito no governo, no meio empresarial e no seio do povo.
Outro aspecto importante é motivo de forte disputa que se acirra neste momento. Refere-se à política externa do Brasil, ou seja, a linha de inserção soberana do país iniciada pelo primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, continuada por Dilma Rousseff. Isto contraria sobejamente os interesses das forças conservadoras e dos para grandes círculos financeiros.
Estes setores defendem essencialmente à volta a um alinhamento automático no plano econômico e político com os EUA e a Europa.
Hoje, no caso da América Latina, de forma geral, com o avanço político das esquerdas e das forças democráticas - em luta contra as forças conservadoras e pró imperialistas, fundamentalmente - estamos diante do embate entre o projeto democrático popular, e suas variantes, e as imposições do projeto financeiro liberalizante, assentado nos paradigmas neoliberais. Por isso que, no caso do Brasil, afirmamos que nos encontramos nestas eleições de 2014, diante de uma encruzilhada: avançar no projeto democrático e popular, aprofundando as mudanças, ou retroceder ao projeto da oligarquia financeira neoliberalizante. Está em jogo, assim, a perspectiva e o futuro do Brasil, com suas implicações, pela dimensão do país, no contexto do curso político e econômico neste continente – reforçando ou abalando o caminho democrático e popular.
Nas condições atuais do Brasil, na luta entre continuar o avanço das mudanças ou retroceder, com a predominância do baixo crescimento da economia, se eleva a radicalização. Nessa situação qual o fundo da questão? Em última instância é: quem pagará a conta. Por isso, quando a presidenta Dilma afirma que ela “não foi eleita para trair a confiança do povo, nem para arrochar o salário dos trabalhadores”, mesmo numa situação de impacto da crise mundial do capitalismo e do baixo crescimento econômico do país, ela toma posição ao lado dos trabalhadores: estes não deverão pagar a conta! Sim, o atual governo faz esforços para enfrentar a situação atual sem penalizar os trabalhadores e nem recuar dos investimentos sociais.
A linha de distribuição de renda foi o próprio motor do desenvolvimento, desde Lula, seguido por Dilma. O salário mínimo subiu em termos reais, caíram o desemprego, o trabalho informal e a desigualdade: “se alguém dissesse isso em 2002, iam trancar o cara no Pinel” (como disse Holanda Barbosa). A prática desmascarou assim um conceito básico da ortodoxia neoliberal.
Daí a desconfiança crescente dos monopólios financeiros e do conjunto das forças conservadoras em relação ao governo da presidenta Dilma. Eles não podem perder, ao contrário impõem garantias para ganhar mais, nesse momento de crise global financeira e econômica e de baixa do crescimento econômico em seu conjunto. Isso se reflete agora no embate aceso acerca do aumento real contínuo do salário mínimo, da manutenção de elevado nível de emprego, da contenção da elevação dos juros, de diminuição do superávit primário, de câmbio menos valorizado, e de protagonismo do Estado, não do mercado, na distribuição de renda e na condução da economia.
Ora, à luz dessa situação é o principal candidato da oposição, Aécio Neves, que em função de seus compromissos fundamentais, é quem incorpora o projeto liberal financeiro e vai defender a volta ao alinhamento principal com os EUA e seus aliados. O resultado é que Aécio procura resgatar Fernando Henrique Cardoso, e a fonte de seu modelo e projeto para o país. Por isso cerca-se dos ideólogos e condutores da política neoliberal aplicada na década de 1990 pelos governos de FHC. Esse é o seu lado e o seu rumo.
Portanto, diante da questão de fundo de “quem pagará a conta?”, o lado que assume Aécio não pode ser dos trabalhadores, ou seja, a maioria do povo. O seu modelo e projeto real, é identificado com a linha de compromissos com a oligarquia financeira e seus sócios, e a hegemonia política do imperialismo estadunidense e das grandes potências capitalistas.
A prova maior disso é que nos altos círculos financeiros e monopolistas não se esconde sua preferência e esforço pela vitória da oposição, protagonizada pela candidatura Aécio. Porta-vozes desses círculos é que afirmam que um “choque de credibilidade”, ou seja, dar-lhe as garantias de suas exigências, “de que um governo Aécio teria muito mais força do que um segundo governo Dilma”, para assim agir. Dizem, “O aperto fiscal é maior, a Selic deve subir mais, o realinhamento mais tarifas de serviços públicos pode ser feito rapidamente”. Isso é só a ponta do iceberg.
Sabemos quem ganha efetivamente com isso. Estas são parte das medidas impopulares, deixadas escapulir em um pronunciamento pelo presidenciável Aécio. A sua lógica maior é que a única saída passa pelo resgate - primeiro dos donos do grande capital - para depois (se der) transferir certa renda para uma parte da população. Em suma, governam voltados para atender um terço da população. Assim foi realmente no período de FHC.
Em consequência disso é que os principais candidatos da oposição não apresentam abertamente seus projetos, não deixando explícita qual sua alternativa. É expressão de notória contradição. Em recente entrevista do presidenciável Aécio Neves, para órgãos conjuntos da mídia e sites, Josias de Souza, um dos entrevistadores concluiu: “Aécio procura se apresentar como candidato da ‘mudança’ ” (Qual mudança?); “evita ser específico (nítido) na apresentação de propostas, principalmente na área econômica, (Sic) para não perder votos”; “Na política, o tucano não tem como dizer que a articulação de um eventual governo seu será diferente do modelo atual de alianças”; “na área social (para despistar) Aécio promete manter programas sociais – bolsa família e mais médicos”.
Eduardo Campos se camufla numa abstrata “nova política”, repudiando o formato atual das alianças, desconhecendo sua própria prática de alianças em Pernambuco e em vários Estados do país. Seu ataque principal é a presidenta Dilma, esboçando uma tentativa de se apresentar como singular, num arremedo de demarcação com os tucanos e o PT, por exemplo, no exorcismo de ética política – o erro do chamado “mensalão” é igual à compra de votos para reeleição de FHC.
Nos meios intelectuais, na academia, “cientistas políticos” e outros tendem a nivelar a candidatura de Dilma com os demais da oposição. Defendem um ponto de vista de que há uma ausência de projeto e propostas em todos, neste período da luta politica-eleitoral. E não é a presidenta Dilma a favorita, numa situação em que, dizem eles, os três candidatos principais não entusiasmam.
A oposição não podendo apresentar um projeto explícito se concentra no viés anti-Dilma. Desde a antecipação da campanha presidencial, há um ano, que o consórcio oposicionista, tendo os grandes grupos monopolistas da mídia reverberando para milhões, deflagra de fato uma contínua e crescente campanha de descrédito da presidenta Dilma, atiçando o descontentamento, açulando o
preconceito contra a primeira mulher presidenta do Brasil, inflando até o rancor em camadas médias altas da população.
A campanha midiática e da oposição formal encadeia um movimento a outro, passando assim sucessivamente pelo vaticínio de uma “tempestade perfeita” que arrastaria o Brasil a aguda crise, ao recorrente apelo de apagão elétrico que não surge, ao denuncismo eleitoral contra a Petrobras, aos vaticínios de pesado alarmismo acerca da inviabilidade da realização da Copa Mundial de Futebol no Brasil. Vejam que um atrás outro anúncio não se confirma.
A situação chega ao paroxismo quando se busca de qualquer modo, através de pretextos gratuitos culpar a presidenta por tudo que acontece. A realização da Copa no Brasil foi um grande êxito de organização, segurança e hospitalidade. Desconsolados com isso, encontraram na desastrosa derrota do Brasil diante da Alemanha o fato que revertesse o êxito da Copa, açulando a perspectiva de que a derrota da Seleção prejudicaria Dilma na corrida eleitoral. O ânimo dos investidores na Bolsa, subindo a cotação das ações levou em conta tal prognóstico.
E agora, diante do êxito histórico da realização da 6ª Cúpula dos BRICS, sediada no Brasil, reforçando a ação comum do Bloco em decisões fundamentais, que abrem caminho para alcance de uma nova ordem mundial. E quando a presidenta demonstrou sua influente liderança trazendo ao Brasil todos os país da Unasul e o quarteto da CELAC, quando o Brasil viveu uma semana de “grandes negócios” – os múltiplos e proveitosos acordos realizados com a China e os membros dos BRICS. Nesse auge para o Brasil, mas com os grandes grupos da mídia relativizando tudo, sempre questionando o avanço dos acordos, deixando na sombra a destacada liderança da presidenta nesses magnos acontecimentos, eis que surge a deixa do controverso acontecimento da derrubada do avião de passageiros sobre a Ucrânia. Mas, com isso, se apressaram em declarar que o terrível acidente caiu no colo da presidenta (a que absurdo do quanto pior melhor chegamos), buscando açodadamente neutralizar o destacado papel da presidenta na realização da Cúpula dos BRICS no Brasil.
Em suma, estamos no curso de um grande embate político e ideológico, da luta polarizada e radicalizada entre dois projetos opostos de desenvolvimento e mudança; em vez do debate aberto e comparativo de programas, o principal candidato da oposição é inespecífico (os demais também), prega uma “mudança”, escondendo seu conteúdo essencial – mudar para trás -, falseia a realidade, concentra sua tática em desacreditar a presidenta açulando o preconceito e o ódio; numa demonstração de fachada eleitoral, visando ganhar votos na área popular, faz promessa sem
autoridade para isso, de manter programas sociais de Lula e Dilma.
Temos a convicção e a confiança de que a presidenta é uma liderança capaz de renovar a esperança e conduzir o Brasil a uma nova etapa de desenvolvimento. Nesse sentido, ela chaga à conclusão de que alcançamos o limiar de um “novo ciclo histórico” em nosso país para consolidar e aprofundar ainda mais as conquistas (Convenção Nacional do PT). Em decorrência disto, apresenta o que ela define como um Plano de Transformação Nacional, concebido para realizar o grande conjunto de mudanças. Convergindo com essa assertiva é que o PCdoB ofereceu à candidata um conjunto de ideias e propostas ao seu governo.
Como afirmamos na nossa Resolução a ser aprovada nesta Comissão Política Nacional, o PCdoB realizou com sucesso suas convenções eleitorais. Está entusiasticamente unificado, em todo o Brasil, com a campanha de Dilma Rousseff. Pelas coligações pactuadas e candidaturas lançadas se apresenta a real possibilidade de o Partido ampliar sua força político-eleitoral.
Assim, foi construído um projeto eleitoral que a um só tempo desafia e estimula a militância comunista.
O PCdoB poderá eleger 20 deputados federais; aumentar sua representação no Senado Federal e praticamente dobrar presença nas Assembleias Legislativas, com a conquista de cerca de 40 cadeiras. Ao todo, são 76 candidaturas a deputado federal e 762 candidaturas a deputado estadual, com 8 chapas próprias. Além disso, pela primeira vez na sua história, o PCdoB tem grande chance de eleger seu primeiro governador de Estado, com Flávio Dino, no Maranhão. Nesta esfera do executivo, o Partido participa, também, com candidaturas a vice-governador em SP, RS e RN.
O avanço das mudanças, conforme o Partido tem assinalado, para além de uma necessária coalizão ampla, exige o protagonismo de uma esquerda forte e dos movimentos sociais. E para que tenhamos uma esquerda forte no Brasil é indispensável, nestas eleições, a vitória do projeto eleitoral dos comunistas que será construída em sinergia com a grande mobilização nacional pela vitória de Dilma e dos nossos aliados.
É hora das direções do Partido, em todas as suas instâncias, tomarem nas mãos a tarefa de mobilizar e engajar o coletivo militante, os filiados, os apoiadores, os amigos nesta grande jornada pela vitória de nossas candidaturas. Como sabemos o entusiasmo e a combatividade da militância faz a diferença nesta hora, levando nossa mensagem à grande massa popular.
Não podemos nos curvar a nenhuma adversidade, sobretudo ao desafio de prover nossas campanhas dos recursos materiais e financeiros, questão fundamental que deve ser enfrentada politicamente por todos a partir das direções e dos candidatos.
Tudo faremos para alcance da vitória!
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