Por Bepe Damasco, em seu blog:
Levando em conta a combinação de vários fatores, faltando dois meses e poucos dias para as eleições, uma radiografia do momento indica um eleição duríssima. No entanto, na minha opinião, a presidenta Dilma continua favorita e conquistará mais um mandato. Mas será preciso superar obstáculos importantes, dentre eles o fraco desempenho dos candidatos a governador do PT em alguns dos maiores colégios eleitorais e o vento conservador e antipetista que sopra no país. Não creio na possibilidade de a eleição ser resolvida no primeiro turno, embora as pesquisas mostrem que isso é possível. Não custa lembrar que nem Lula, por duas vezes, conseguiu evitar a disputa do segundo turno.
Pontos positivos
1) Chega a ser uma façanha extraordinária obter entre 36% (última pesquisa do Datafolha) e 40% (pesquisas encomendadas pelo PT e pelo governo) das intenções de voto depois de 12 anos de massacre midiático sem tréguas. Nesse contexto, liderar todas as sondagens é um fato que merece ser saudado. Além disso, Dilma está na frente em todas as regiões do país, manteve a fortaleza eleitoral de Lula no Nordeste e abre grande vantagem no Rio de Janeiro, onde tem palanques fortes. Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral, a boa colocação do petista Fernando Pimentel ajuda Dilma no reduto do principal adversário.
2) Na prática, o monopólio da mídia só é quebrado no Brasil durante o período de propaganda eleitoral gratuita de rádio e TV. A partir de 19 de agosto, Dilma terá quase o dobro do tempo dos seus adversários para mostrar suas realizações, recorrendo à estratégia vitoriosa adotada pelo PT nas últimas eleições de confrontar os governos petistas com os governos do PSDB. Mais do que o programa eleitoral propriamente dito que vai ao duas vezes por dia, em dias alternados, aposto na influência junto ao eleitorado das inserções ao longo da programação das emissoras, inclusive no horário nobre e nos intervalos da novela e do futebol. Cabe salientar também que João Santana é um craque do marketing político, desde que submetido política e estrategicamente ao comando da campanha.
3) O maior cabo eleitoral do planeta, Luis Inácio Lula da Silva, promete fazer campanha 24 horas por dia. Todas as pesquisas confirmam que parte expressiva dos eleitores admite votar em candidatos indicados por Lula. É perfeita a decisão de fazer de Lula o âncora da campanha de Dilma na TV, nos trechos do programa destinados à comparação da era Lula/Dilma com a era PSDB.
4) Dilma conta com a força militante do PT, o partido mais organizado e com mais capilaridade do Brasil. Também tem a seu favor o apoio e a mobilização de muitos movimentos sociais. Até mesmo ativistas e movimentos mais críticos ao seu governo tendem a apoiá-la diante da ameaça do brutal retrocesso que significaria a volta dos tucanos ao poder.
Pontos negativos
1) A esta altura da corrida eleitoral, o PT apostava numa performance melhor de seus candidatos a governador em vários estados, especialmente em São Paulo onde Padilha amarga preocupantes 4% nas pesquisas. Gleise Hoffmann, no Paraná, e Rui Costa, na Bahia, também vão mal das pernas, derrubando por tabela as intenções de voto em Dilma. No Rio, o quadro é diferente. A despeito de figurar na quarta colocação na última pesquisa do Datafolha com 12%, a performance de Lindgerg Farias em eleições recentes revela que, para ele, a campanha começa pra valer quando tem início o horário eleitoral na TV. Talentoso e convincente no vídeo, tem todas as condições de crescer e chegar ao segundo turno. Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, será preciso pelo menos reduzir a enorme vantagem dos adversários do PT.
2) Discordo da tese da maioria dos dirigentes petistas, segundo a qual o desgaste na imagem do PT, do governo e da presidenta Dilma é um fenômeno limitado às classes média e alta. O buraco é mais embaixo. É evidente que o ódio ao PT nasceu e se alastrou na elite. Na sequência, porém, se espraiou por setores da classe média baixa, e até entre os pobres, acentuadamente nas grandes cidades. Além do bombardeio do PIG, a insistência do governo em não enfrentar o debate da democratização das comunicações, a política de comunicação desastrosa do Planalto e a forma acovardada como o PT tratou a questão do mensalão em muito contribuíram para o avanço do antipetismo.
3) O aparato midiático de direita que controla as comunicações no Brasil não medirá esforços para tentar impedir a reeleição da presidenta Dilma. Quem se assustou com a sujeira da campanha de 2010 que se prepare para uma sucessão recorde de golpes abaixo da linha da cintura. Com certeza, as mentiras, manipulações e baixarias dos próximos meses farão o pleito de 2010 parecer até republicano e de bom nível.
Levando em conta a combinação de vários fatores, faltando dois meses e poucos dias para as eleições, uma radiografia do momento indica um eleição duríssima. No entanto, na minha opinião, a presidenta Dilma continua favorita e conquistará mais um mandato. Mas será preciso superar obstáculos importantes, dentre eles o fraco desempenho dos candidatos a governador do PT em alguns dos maiores colégios eleitorais e o vento conservador e antipetista que sopra no país. Não creio na possibilidade de a eleição ser resolvida no primeiro turno, embora as pesquisas mostrem que isso é possível. Não custa lembrar que nem Lula, por duas vezes, conseguiu evitar a disputa do segundo turno.
Pontos positivos
1) Chega a ser uma façanha extraordinária obter entre 36% (última pesquisa do Datafolha) e 40% (pesquisas encomendadas pelo PT e pelo governo) das intenções de voto depois de 12 anos de massacre midiático sem tréguas. Nesse contexto, liderar todas as sondagens é um fato que merece ser saudado. Além disso, Dilma está na frente em todas as regiões do país, manteve a fortaleza eleitoral de Lula no Nordeste e abre grande vantagem no Rio de Janeiro, onde tem palanques fortes. Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral, a boa colocação do petista Fernando Pimentel ajuda Dilma no reduto do principal adversário.
2) Na prática, o monopólio da mídia só é quebrado no Brasil durante o período de propaganda eleitoral gratuita de rádio e TV. A partir de 19 de agosto, Dilma terá quase o dobro do tempo dos seus adversários para mostrar suas realizações, recorrendo à estratégia vitoriosa adotada pelo PT nas últimas eleições de confrontar os governos petistas com os governos do PSDB. Mais do que o programa eleitoral propriamente dito que vai ao duas vezes por dia, em dias alternados, aposto na influência junto ao eleitorado das inserções ao longo da programação das emissoras, inclusive no horário nobre e nos intervalos da novela e do futebol. Cabe salientar também que João Santana é um craque do marketing político, desde que submetido política e estrategicamente ao comando da campanha.
3) O maior cabo eleitoral do planeta, Luis Inácio Lula da Silva, promete fazer campanha 24 horas por dia. Todas as pesquisas confirmam que parte expressiva dos eleitores admite votar em candidatos indicados por Lula. É perfeita a decisão de fazer de Lula o âncora da campanha de Dilma na TV, nos trechos do programa destinados à comparação da era Lula/Dilma com a era PSDB.
4) Dilma conta com a força militante do PT, o partido mais organizado e com mais capilaridade do Brasil. Também tem a seu favor o apoio e a mobilização de muitos movimentos sociais. Até mesmo ativistas e movimentos mais críticos ao seu governo tendem a apoiá-la diante da ameaça do brutal retrocesso que significaria a volta dos tucanos ao poder.
Pontos negativos
1) A esta altura da corrida eleitoral, o PT apostava numa performance melhor de seus candidatos a governador em vários estados, especialmente em São Paulo onde Padilha amarga preocupantes 4% nas pesquisas. Gleise Hoffmann, no Paraná, e Rui Costa, na Bahia, também vão mal das pernas, derrubando por tabela as intenções de voto em Dilma. No Rio, o quadro é diferente. A despeito de figurar na quarta colocação na última pesquisa do Datafolha com 12%, a performance de Lindgerg Farias em eleições recentes revela que, para ele, a campanha começa pra valer quando tem início o horário eleitoral na TV. Talentoso e convincente no vídeo, tem todas as condições de crescer e chegar ao segundo turno. Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, será preciso pelo menos reduzir a enorme vantagem dos adversários do PT.
2) Discordo da tese da maioria dos dirigentes petistas, segundo a qual o desgaste na imagem do PT, do governo e da presidenta Dilma é um fenômeno limitado às classes média e alta. O buraco é mais embaixo. É evidente que o ódio ao PT nasceu e se alastrou na elite. Na sequência, porém, se espraiou por setores da classe média baixa, e até entre os pobres, acentuadamente nas grandes cidades. Além do bombardeio do PIG, a insistência do governo em não enfrentar o debate da democratização das comunicações, a política de comunicação desastrosa do Planalto e a forma acovardada como o PT tratou a questão do mensalão em muito contribuíram para o avanço do antipetismo.
3) O aparato midiático de direita que controla as comunicações no Brasil não medirá esforços para tentar impedir a reeleição da presidenta Dilma. Quem se assustou com a sujeira da campanha de 2010 que se prepare para uma sucessão recorde de golpes abaixo da linha da cintura. Com certeza, as mentiras, manipulações e baixarias dos próximos meses farão o pleito de 2010 parecer até republicano e de bom nível.
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