Do site Entrefatos:
Múcio Guimarães Tolentino, 88 anos, é tio-avô de Aécio Neves. Ex-prefeito da cidade de Cláudio, no interior de Minas Gerais, é dono da fazenda Santa Isabel, que o governo mineiro, em 2010 – então sob a gestão do sobrinho -, escolheu desapropriar uma parcela para construir um aeroporto a um custo de R$ 14 milhões. Segundo a Folha de S.Paulo publicou, o acesso à pista, embora seja pública, é controlado pela família Tolentino.
O caso revelado até agora pela “Folha” já demonstra que Cláudio pode ser um grande problema para a campanha de Aécio Neves, mas a “ficha corrida” da fazenda Santa Isabel e as relações entre os Tolentino e o ex-governador do Estado trazem outros elementos, que rescendem a uma mistura entre o público e o privado e remontam a tristes lembranças da herança escravocrata que ajudou a consolidar relações de poder no estado mineiro.
Apoio à família
Em 2005, a Destilaria Alpha, que tinha como representante legal Marcelo de Campos Tolentino, contou com apoio direto do governador para reativar sua atividade industrial de produção de álcool combustível. Consta do Diário Oficial do Estado de Minas, em 28 de setembro de 2005, protocolo de intenções entre a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais e o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais com assinatura do próprio governador Aécio Neves, que previa “viabilizar a reativação da Alpha, de sua unidade industrial localizada o município de Cláudio (MG), destinada à produção de álcool combustível hidratado”.
O documento previa a possibilidade de empréstimos à Destilaria Alpha. O representante legal da empresa foi Marcelo de Campos Tolentino, que embora com telefone e residência na capital Belo Horizonte, tem raízes na cidade de Cláudio. O empresário já contribuiu com campanha eleitoral de Aécio, tendo doado R$ 1 mil na sua primeira eleição para governador, em 2002. Já Marina Tolentino ocupou o cargo de diretora financeira na Alpha Destilaria.
Ministério flagra trabalho análogo à escravidão
Quatro anos depois, a mesma empresa que fora reativada com a ajuda do governador, foi flagrada com trabalhadores em situação análoga à escravidão. Fiscalização do MTE resgatou 80 deles nas fazendas Santa Isabel e Santo Antônio. A notícia, à época, não ganhou as manchetes dos jornais.
Texto que foi publicado no Diário Oficial de MG em 2005 (Reprodução)
Em junho de 2013, a Alpha passou a figurar no cadastro de empregadores flagrados com mão de obra análoga à de escravo, a chamada “lista suja” do Ministério do Trabalho. Fazer parte dessa lista impede, por exemplo, que empresas contratem empréstimos junto a bancos públicos federais ou que possam fornecer produtos para mais de 400 empresas signatárias do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, com a Petrobras.
Clique aqui e veja compilação do Repórter Brasil com a “Lista Suja do trabalho escravo”.
Nem só de álcool vive o emaranhado político-econômico dos Tolentino. Além de outras atividades que demonstram como Cláudio tem no clã uma de suas famílias mais poderosas (com ex-prefeitos, vereadores, deputados e até um governador no seu histórico de relações com o poder), os Tolentino produzem a cachaça Mingote – marca de fantasia da empresa Tolentino & Tolentino Ltda -, que tem como sócio Tancredo Tolentino, filho de Múcio.
Tancredo Tolentino, o “Kedo”, primo de Aécio, foi acusado de integrar uma quadrilha de venda de decisões judiciais, desbaratada pela Polícia Federal em 2011. Foi acusado de formação de quadrilha e corrupção ativa. Apesar de tal retrospecto – ou por conta disso, já que ocupando cargo público poderia ter mais facilidade de enfrentar ações judiciais – Kêdo também já tentou ser candidato a prefeito da cidade, e teve seu registro impugnado.
Outro Tolentino que parece ligado ao negócio de álcool e cana-de-açúcar é Claudio Tolentino, vereador na cidade. Um telefone em nome da Destilaria Alpha remete a seu escritório.
A cachaça Mingote, cujo nome legal é “Tolentino & Tolentino”, já assinou Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público do Trabalho por empregar menores de idade, em 2011.
Segundo divulgado em fóruns e sites do mercado de cachaça artesanal (clique aqui eaqui e veja dois exemplos), a Mingote – ou apenas uma parte de sua produção – é envelhecida na fazenda da Mata, na qual Aécio passa finais de semana e onde mantém o cavalo Ofegante e um fusca azul 1964.
A história da produção em Cláudio começou, segundo os Tolentino informam no site da cachaça Mingote, com um engenho na própria fazenda da Mata, no século XIX quando os irmãos “Quinca Barão” (Joaquim da Silva Guimarães) e Domingos da Silva Guimarães, o “Mingote” deram início à ocupação e desenvolvimento de Cláudio.
A pinga da família de Aécio Neves é tradicional, e o senador, ao que tudo indica, um entusiasta. Ele é um garoto-propaganda da cachaça Mingote, produzida por Tancredo, Múcio e outros Tolentinos. No site da empresa, mostra-se o desvelo com a versão “Governador’, “cachaça não-comercializada, reserva pessoal, estocada em tonel de amendoim e registrada em homenagem ao ex-governador Aécio Neves”. Segundo informam os donos da cachaça Mingote, a versão Governador é usada para “presentear amigos e visitantes de outras regiões e do exterior”, sendo engarrafada “em louça de primeira qualidade”.
Múcio, o “Paca”, tem também a versão em sua homenagem, embora com menos refinamento. “Cachaça com dois anos de descanso em Jequitiba, suave com pouca coloração”, afirma a família Tolentino na descrição do produto.
Há também a versão do Cruzeiro, clube que tinha como presidente Zezé Perrella, aliado de Aécio Neves. Zezé é aquele cuja família teve um helicóptero apreendido com 400 quilos de cocaína em novembro do ano passado.
Múcio Guimarães Tolentino, 88 anos, é tio-avô de Aécio Neves. Ex-prefeito da cidade de Cláudio, no interior de Minas Gerais, é dono da fazenda Santa Isabel, que o governo mineiro, em 2010 – então sob a gestão do sobrinho -, escolheu desapropriar uma parcela para construir um aeroporto a um custo de R$ 14 milhões. Segundo a Folha de S.Paulo publicou, o acesso à pista, embora seja pública, é controlado pela família Tolentino.
O caso revelado até agora pela “Folha” já demonstra que Cláudio pode ser um grande problema para a campanha de Aécio Neves, mas a “ficha corrida” da fazenda Santa Isabel e as relações entre os Tolentino e o ex-governador do Estado trazem outros elementos, que rescendem a uma mistura entre o público e o privado e remontam a tristes lembranças da herança escravocrata que ajudou a consolidar relações de poder no estado mineiro.
Apoio à família
Em 2005, a Destilaria Alpha, que tinha como representante legal Marcelo de Campos Tolentino, contou com apoio direto do governador para reativar sua atividade industrial de produção de álcool combustível. Consta do Diário Oficial do Estado de Minas, em 28 de setembro de 2005, protocolo de intenções entre a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais e o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais com assinatura do próprio governador Aécio Neves, que previa “viabilizar a reativação da Alpha, de sua unidade industrial localizada o município de Cláudio (MG), destinada à produção de álcool combustível hidratado”.
O documento previa a possibilidade de empréstimos à Destilaria Alpha. O representante legal da empresa foi Marcelo de Campos Tolentino, que embora com telefone e residência na capital Belo Horizonte, tem raízes na cidade de Cláudio. O empresário já contribuiu com campanha eleitoral de Aécio, tendo doado R$ 1 mil na sua primeira eleição para governador, em 2002. Já Marina Tolentino ocupou o cargo de diretora financeira na Alpha Destilaria.
Ministério flagra trabalho análogo à escravidão
Quatro anos depois, a mesma empresa que fora reativada com a ajuda do governador, foi flagrada com trabalhadores em situação análoga à escravidão. Fiscalização do MTE resgatou 80 deles nas fazendas Santa Isabel e Santo Antônio. A notícia, à época, não ganhou as manchetes dos jornais.
Texto que foi publicado no Diário Oficial de MG em 2005 (Reprodução)
Em junho de 2013, a Alpha passou a figurar no cadastro de empregadores flagrados com mão de obra análoga à de escravo, a chamada “lista suja” do Ministério do Trabalho. Fazer parte dessa lista impede, por exemplo, que empresas contratem empréstimos junto a bancos públicos federais ou que possam fornecer produtos para mais de 400 empresas signatárias do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, com a Petrobras.
Clique aqui e veja compilação do Repórter Brasil com a “Lista Suja do trabalho escravo”.
Nem só de álcool vive o emaranhado político-econômico dos Tolentino. Além de outras atividades que demonstram como Cláudio tem no clã uma de suas famílias mais poderosas (com ex-prefeitos, vereadores, deputados e até um governador no seu histórico de relações com o poder), os Tolentino produzem a cachaça Mingote – marca de fantasia da empresa Tolentino & Tolentino Ltda -, que tem como sócio Tancredo Tolentino, filho de Múcio.
Tancredo Tolentino, o “Kedo”, primo de Aécio, foi acusado de integrar uma quadrilha de venda de decisões judiciais, desbaratada pela Polícia Federal em 2011. Foi acusado de formação de quadrilha e corrupção ativa. Apesar de tal retrospecto – ou por conta disso, já que ocupando cargo público poderia ter mais facilidade de enfrentar ações judiciais – Kêdo também já tentou ser candidato a prefeito da cidade, e teve seu registro impugnado.
Outro Tolentino que parece ligado ao negócio de álcool e cana-de-açúcar é Claudio Tolentino, vereador na cidade. Um telefone em nome da Destilaria Alpha remete a seu escritório.
A cachaça Mingote, cujo nome legal é “Tolentino & Tolentino”, já assinou Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público do Trabalho por empregar menores de idade, em 2011.
Segundo divulgado em fóruns e sites do mercado de cachaça artesanal (clique aqui eaqui e veja dois exemplos), a Mingote – ou apenas uma parte de sua produção – é envelhecida na fazenda da Mata, na qual Aécio passa finais de semana e onde mantém o cavalo Ofegante e um fusca azul 1964.
A história da produção em Cláudio começou, segundo os Tolentino informam no site da cachaça Mingote, com um engenho na própria fazenda da Mata, no século XIX quando os irmãos “Quinca Barão” (Joaquim da Silva Guimarães) e Domingos da Silva Guimarães, o “Mingote” deram início à ocupação e desenvolvimento de Cláudio.
A pinga da família de Aécio Neves é tradicional, e o senador, ao que tudo indica, um entusiasta. Ele é um garoto-propaganda da cachaça Mingote, produzida por Tancredo, Múcio e outros Tolentinos. No site da empresa, mostra-se o desvelo com a versão “Governador’, “cachaça não-comercializada, reserva pessoal, estocada em tonel de amendoim e registrada em homenagem ao ex-governador Aécio Neves”. Segundo informam os donos da cachaça Mingote, a versão Governador é usada para “presentear amigos e visitantes de outras regiões e do exterior”, sendo engarrafada “em louça de primeira qualidade”.
Múcio, o “Paca”, tem também a versão em sua homenagem, embora com menos refinamento. “Cachaça com dois anos de descanso em Jequitiba, suave com pouca coloração”, afirma a família Tolentino na descrição do produto.
Há também a versão do Cruzeiro, clube que tinha como presidente Zezé Perrella, aliado de Aécio Neves. Zezé é aquele cuja família teve um helicóptero apreendido com 400 quilos de cocaína em novembro do ano passado.
1 comentários:
Eita nóis, só gente boa heim. Imagina um cabra deste na presidência da república...não ia dar certo.
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