Por Adalberto Monteiro, no site Vermelho:
As pesquisas divulgadas no último dia 3 jogaram um balde de água fria no “já ganhou” da oposição conservadora. Há uma semana, a Bolsa e o “mercado” afogavam-se na euforia. Chegaram a dizer que Marina Silva mais do que uma onda era um “tsunami”. Por tais pesquisas, no momento, Dilma marcha à frente, num empate técnico com a candidata da Rede-PSB, e Aécio Neves, em terceiro, está bem abaixo da margem de erro.
Este desempenho positivo da candidata Dilma não caiu do céu. Deriva de um ajuste correto, ante uma mudança brusca de cenário, na condução política e no marketing da campanha.
Este ajuste resulta em não deixar mentira sem resposta, em desmascarar farsas e desnudar criticamente as propostas dos adversários. Demarcar com nitidez os projetos políticos em confronto: avanço versus retrocesso. Marina, sentindo a eficácia dessa conduta política, contra-atacou acusando Dilma “de ressuscitar o medo”. Dilma, por sua vez, esclareceu: não se trata de tática do medo, mas sim “da política da verdade”, isto é, de atuar para que a verdade se apresente aos olhos do povo.
Assim, quando Marina disse que um hipotético governo dela seria uma espécie de Arca de Noé para a qual ela chamaria “os melhores” do PT, PSDB, PMDB etc., a campanha de Dilma alertou sobre os riscos de um governo sem base própria, sustentado por um “balaio de gatos”.
Divulgado o plano de governo da Rede-PSB, a presidenta Dilma, ela mesma, chamou a si o debate frontal com as propostas de sua concorrente. Ante o desprezo à exploração do pré-sal defendido por Marina, Dilma a confrontou sustentando que um patrimônio tão precioso como esse deve ser explorado para financiar a educação, a saúde. Diminuir o papel dos bancos públicos no financiamento da produção, dos investimentos seria um erro crasso para a necessária aceleração do crescimento, conforme advoga a ex-senadora – esclareceu, didaticamente, a presidenta. E outros pontos, desde o festival de promessas que elevam os gastos contraditoriamente ao ajuste fiscal defendido pelos gurus neoliberais da ex-ministra do meio ambiente.
No último dia 4, num comício em Petrolina, Pernambuco, ao lado de Lula, Dilma, sem citar Marina, descreveu bem a silhueta de sua concorrente: neste palanque estão "as pessoas que não mudam de lado, não viram a casaca e que não dizem uma coisa hoje e outra amanhã."
Cativada por esta linha política, a militância entrou com criatividade e intrepidez na batalha de ideias, nas redes sociais, nas ruas, no diálogo com o povo. Episódio emblemático desse engajamento se deu quando Marina, pressionada pelo pastor Malafaia, mandou apagar de seu programa compromissos referentes à luta contra a homofobia. Da mesma forma, a militância de boca em boca, de “meme” em “meme”, aponta o emaranhado de contradições da candidata Marina, tal como este: antes ela era contra o agronegócio, satanizava o Código Florestal, agora, peregrina em busca do apoio de lideranças ruralistas.
Partidos da coligação de Dilma, como é o caso do PCdoB, setores do movimento sindical, dos movimentos sociais, alardearam o pacto de Marina Silva com os banqueiros, lavrado no próprio programa da candidata: “o mais rápido possível” institucionalizar, por lei, a independência do Banco Central, isto é, submetê-lo à égide do capital financeiro. Entre o povo, do qual nasceu, e os banqueiros – alerta o PCdoB – Marina optou por trair sua história e suas origens e fez um pacto com os magnatas do capital financeiro.
Exagero? Uma cena basta para confirmar isto. Cidade de São Paulo, no último dia 3 de setembro. Na festa dos 90 anos de fundação do Itaú-Unibanco, diante de mil convidados, Roberto Setubal, presidente desse que é maior banco privado do país, fez da Sala São Paulo um palanque, e da festa um comício vip pró-Marina.
É claro que, simultaneamente, a campanha de Dilma continua a prestar contas ao povo do que foi realizado neste período dos governos Lula e Dilma, tem a humildade e o realismo de apontar grandes problemas e desafios que persistem e, sobretudo, ressalta que o país está pronto para um novo ciclo de transformações no qual o povo poderá obter conquistas mais arrojadas.
* Adalberto Monteiro é presidente da Fundação Maurício Grabois e editor da revista Princípios.
As pesquisas divulgadas no último dia 3 jogaram um balde de água fria no “já ganhou” da oposição conservadora. Há uma semana, a Bolsa e o “mercado” afogavam-se na euforia. Chegaram a dizer que Marina Silva mais do que uma onda era um “tsunami”. Por tais pesquisas, no momento, Dilma marcha à frente, num empate técnico com a candidata da Rede-PSB, e Aécio Neves, em terceiro, está bem abaixo da margem de erro.
Este desempenho positivo da candidata Dilma não caiu do céu. Deriva de um ajuste correto, ante uma mudança brusca de cenário, na condução política e no marketing da campanha.
Este ajuste resulta em não deixar mentira sem resposta, em desmascarar farsas e desnudar criticamente as propostas dos adversários. Demarcar com nitidez os projetos políticos em confronto: avanço versus retrocesso. Marina, sentindo a eficácia dessa conduta política, contra-atacou acusando Dilma “de ressuscitar o medo”. Dilma, por sua vez, esclareceu: não se trata de tática do medo, mas sim “da política da verdade”, isto é, de atuar para que a verdade se apresente aos olhos do povo.
Assim, quando Marina disse que um hipotético governo dela seria uma espécie de Arca de Noé para a qual ela chamaria “os melhores” do PT, PSDB, PMDB etc., a campanha de Dilma alertou sobre os riscos de um governo sem base própria, sustentado por um “balaio de gatos”.
Divulgado o plano de governo da Rede-PSB, a presidenta Dilma, ela mesma, chamou a si o debate frontal com as propostas de sua concorrente. Ante o desprezo à exploração do pré-sal defendido por Marina, Dilma a confrontou sustentando que um patrimônio tão precioso como esse deve ser explorado para financiar a educação, a saúde. Diminuir o papel dos bancos públicos no financiamento da produção, dos investimentos seria um erro crasso para a necessária aceleração do crescimento, conforme advoga a ex-senadora – esclareceu, didaticamente, a presidenta. E outros pontos, desde o festival de promessas que elevam os gastos contraditoriamente ao ajuste fiscal defendido pelos gurus neoliberais da ex-ministra do meio ambiente.
No último dia 4, num comício em Petrolina, Pernambuco, ao lado de Lula, Dilma, sem citar Marina, descreveu bem a silhueta de sua concorrente: neste palanque estão "as pessoas que não mudam de lado, não viram a casaca e que não dizem uma coisa hoje e outra amanhã."
Cativada por esta linha política, a militância entrou com criatividade e intrepidez na batalha de ideias, nas redes sociais, nas ruas, no diálogo com o povo. Episódio emblemático desse engajamento se deu quando Marina, pressionada pelo pastor Malafaia, mandou apagar de seu programa compromissos referentes à luta contra a homofobia. Da mesma forma, a militância de boca em boca, de “meme” em “meme”, aponta o emaranhado de contradições da candidata Marina, tal como este: antes ela era contra o agronegócio, satanizava o Código Florestal, agora, peregrina em busca do apoio de lideranças ruralistas.
Partidos da coligação de Dilma, como é o caso do PCdoB, setores do movimento sindical, dos movimentos sociais, alardearam o pacto de Marina Silva com os banqueiros, lavrado no próprio programa da candidata: “o mais rápido possível” institucionalizar, por lei, a independência do Banco Central, isto é, submetê-lo à égide do capital financeiro. Entre o povo, do qual nasceu, e os banqueiros – alerta o PCdoB – Marina optou por trair sua história e suas origens e fez um pacto com os magnatas do capital financeiro.
Exagero? Uma cena basta para confirmar isto. Cidade de São Paulo, no último dia 3 de setembro. Na festa dos 90 anos de fundação do Itaú-Unibanco, diante de mil convidados, Roberto Setubal, presidente desse que é maior banco privado do país, fez da Sala São Paulo um palanque, e da festa um comício vip pró-Marina.
É claro que, simultaneamente, a campanha de Dilma continua a prestar contas ao povo do que foi realizado neste período dos governos Lula e Dilma, tem a humildade e o realismo de apontar grandes problemas e desafios que persistem e, sobretudo, ressalta que o país está pronto para um novo ciclo de transformações no qual o povo poderá obter conquistas mais arrojadas.
* Adalberto Monteiro é presidente da Fundação Maurício Grabois e editor da revista Princípios.
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