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A queda pode ser corajosa, pode ser digna, pode ser épica.
Ou pode ser cômica e patética.
A queda da Veja vai pelo segundo caminho.
Um episódio é particularmente revelador do anedotário que cercará a transformação de uma grande revista, na Era do Papel, para uma revistinha nos tempos digitais.
Considere.
O presidente da Abril, Fabio Barbosa, procurou o diretor de redação da Veja, Eurípides Alcântara, para tratar de um assunto que o preocupara: o envelhecimento dos leitores da revista.
Este é um drama para qualquer publicação. Nos anos 1980, o Estadão perdeu uma liderança centenária para a Folha exatamente pelo envelhecimento de seus leitores.
Leitor jovem, como qualquer tipo de consumidor jovem, é tudo que os editores querem: isso costuma garantir fidelidade por muito tempo. E é um excepcional fator de atração de anunciantes, também eles em busca de jovens, com seu imenso apetite por consumir, consumir e ainda consumir.
Para jornais e revistas, há um drama adicional: leitores velhos não demoram muito a morrer. É triste, mas é a vida como ela é.
Posto diante do problema do envelhecimento dos leitores, Eurípides se saiu com a seguinte resposta: “Somos que nem o Charles Aznavour. Sempre vamos ter o nosso público.”
Não ficou claro se Fabio Barbosa comprou a resposta. Mas uma frase dessas, numa corporação, jamais morre numa única conversa. Não se sabe bem como, ela passou a ser contada como piada entre os executivos da Abril.
Não é a única.
Gargalhadas explodem quando é rememorada a primeira reunião de Alexandre Caldini, comandante da divisão de revistas da Abril, com os novos subordinados. “Nosso negócio é revista”, disse ele. “Quem não acredita em revista pode levantar e ir embora.” Só faltou, para a perfeição, o fecho justo: “O último apaga a luz, por favor.”
De volta a Aznavour.
Não é algo que possa ser usado como arma de vendas pela equipe de propaganda, naturalmente. Quem anuncia quer um público interessado em consumir mais que bengalas e medicamentos diversos.
O público que lota as exibições de Taylor Swift é mais auspicioso, aos olhos do chamado mercado, do que os veteranos que prestigiam Charles Aznavour.
Fora da comédia, como a Veja se rejuvenesceria para ganhar público jovem?
É a chamada missão impossível.
O conteúdo teria que ser outro, capaz de captar o espírito do tempo. E a mídia, em si, também: o papel morreu.
Dito tudo isso, é divertido imaginar os funerais da Veja com a trilha sonora de Charles Aznavour.
Dance in the old fashioned way.
Ou pode ser cômica e patética.
A queda da Veja vai pelo segundo caminho.
Um episódio é particularmente revelador do anedotário que cercará a transformação de uma grande revista, na Era do Papel, para uma revistinha nos tempos digitais.
Considere.
O presidente da Abril, Fabio Barbosa, procurou o diretor de redação da Veja, Eurípides Alcântara, para tratar de um assunto que o preocupara: o envelhecimento dos leitores da revista.
Este é um drama para qualquer publicação. Nos anos 1980, o Estadão perdeu uma liderança centenária para a Folha exatamente pelo envelhecimento de seus leitores.
Leitor jovem, como qualquer tipo de consumidor jovem, é tudo que os editores querem: isso costuma garantir fidelidade por muito tempo. E é um excepcional fator de atração de anunciantes, também eles em busca de jovens, com seu imenso apetite por consumir, consumir e ainda consumir.
Para jornais e revistas, há um drama adicional: leitores velhos não demoram muito a morrer. É triste, mas é a vida como ela é.
Posto diante do problema do envelhecimento dos leitores, Eurípides se saiu com a seguinte resposta: “Somos que nem o Charles Aznavour. Sempre vamos ter o nosso público.”
Não ficou claro se Fabio Barbosa comprou a resposta. Mas uma frase dessas, numa corporação, jamais morre numa única conversa. Não se sabe bem como, ela passou a ser contada como piada entre os executivos da Abril.
Não é a única.
Gargalhadas explodem quando é rememorada a primeira reunião de Alexandre Caldini, comandante da divisão de revistas da Abril, com os novos subordinados. “Nosso negócio é revista”, disse ele. “Quem não acredita em revista pode levantar e ir embora.” Só faltou, para a perfeição, o fecho justo: “O último apaga a luz, por favor.”
De volta a Aznavour.
Não é algo que possa ser usado como arma de vendas pela equipe de propaganda, naturalmente. Quem anuncia quer um público interessado em consumir mais que bengalas e medicamentos diversos.
O público que lota as exibições de Taylor Swift é mais auspicioso, aos olhos do chamado mercado, do que os veteranos que prestigiam Charles Aznavour.
Fora da comédia, como a Veja se rejuvenesceria para ganhar público jovem?
É a chamada missão impossível.
O conteúdo teria que ser outro, capaz de captar o espírito do tempo. E a mídia, em si, também: o papel morreu.
Dito tudo isso, é divertido imaginar os funerais da Veja com a trilha sonora de Charles Aznavour.
Dance in the old fashioned way.
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