Por Altamiro Borges
Em seu primeiro mandato, a presidenta Dilma Rousseff cedeu tudo o que pode para agradar os barões do agronegócio – termo moderninho usado para limpar a imagem dos antigos latifundiários. Anistiou dívidas bilionárias, garantiu generosos subsídios e travou o processo da reforma agrária. Já no início do seu segundo mandato, ela nomeou para seu ministério a ruralista Kátia Abreu, a presidenta da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) famosa por suas posições direitistas. O objetivo sempre foi o de acalmar o barulhento setor exportador e o de garantir os votos da disciplinada bancada ruralista no Congresso Nacional. Pelo jeito, porém, esta tática palaciana nunca deu os resultados desejados.
Na eleição de outubro passado, Dilma Rousseff perdeu feio nos currais dos antigos escravocratas. Já na eleição para a presidência da Câmara Federal, no domingo passado, a bancada ruralista votou em peso no lobista Eduardo Cunha, um arqui-inimigo dos petistas. Nesta terça-feira (3), como mais uma prova de que esta camada reacionária tem ódio de classe, a presidenta foi vaiada numa solenidade em Campo Grande (MS). Segundo relato do repórter Pedro Venceslau, do oligárquico Estadão, “em sua primeira viagem oficial pelo Brasil no segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff foi alvo de protestos em Campo Grande”.
“A manifestação reuniu cerca de 50 pessoas que pediam o impeachment de Dilma. O ato ocorreu em uma via próxima ao palanque onde foi realizada a cerimônia de inauguração da primeira unidade da Casa da Mulher Brasileira, programa que unifica serviços prestados às mulheres vítimas de violência. O grupo gritava palavras de ordem contra ela e contra o ex-presidente Lula, chamado de ‘cachaceiro’”, descreve o jornalista. A ministra Kátia Abreu também foi hostilizada, mas “as vaias partiram de militantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e do MST que estavam na plateia”, ainda de acordo com o repórter do Estadão.
Processos contra Kátia Abreu
Além de não seduzir os antigos latifundiários e de não conquistar os votos da bancada ruralista, a presidenta Dilma Rousseff ainda pode ter dores de cabeça com a indicação de Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura. Na semana passada, segundo matéria da Folha, a ruralista foi “questionada na Justiça devido ao não pagamento de um financiamento de R$ 1 milhão para a plantação de eucalipto na fazenda de sua família no Tocantins. O empréstimo foi contratado em 2011, quando ela já era senadora pelo PMDB-TO. Kátia Abreu foi avalista do negócio, feito por seu filho, o deputado federal Irajá Abreu (PSD-TO). A fazenda pertence também à ministra, sócia igualmente de empresas que administram a terra”.
Ainda de acordo com a reportagem, “o dinheiro público foi obtido por meio do Bradesco, que capta os recursos junto ao BNDES. Seu valor inicial era de R$ 902 mil, já liberados. Com juros, a dívida chegou a R$ 1 milhão em junho de 2014, quando a cobrança foi ajuizada pelo Bradesco. O banco cobra as parcelas vencidas até aquela data – nenhuma delas havia sido paga, num total de R$ 56 mil – e o restante da dívida. ‘É oportuno ressaltar que várias tentativas destinadas à cobrança foram realizadas, contudo, elas se mostraram infrutíferas por absoluto desinteresse do executado’, diz a petição... Segundo valores declarados à Justiça Eleitoral no ano passado, Kátia tem um patrimônio total de R$ 4,1 milhões. Já Irajá possui bens que somam R$ 5,7 milhões. A ministra afirmou, por meio de sua assessoria, que a dívida está sendo negociada, mas alegou sigilo bancário”.
A mesma fazenda, batizada de Aliança, já foi multada pelo Ibama por desrespeitar embargo imposto pelo próprio órgão ambiental. A autuação, de R$ 10 mil, foi aplicada no dia 10 de julho do ano passado. “Segundo a fiscalização, foi plantado eucalipto, uma espécie exótica ao cerrado local, sobre uma área de 65 hectares (um terço do parque do Ibirapuera, em São Paulo), que havia sido desmatada em 2010 de forma que o Ibama considerou ilegal. Quando isso acontece, a área é considerada embargada. O desmate foi objeto de multa de R$ 65 mil, suspensa por decisão judicial. Outro desmatamento considerado ilegal foi objeto no mesmo dia de uma multa de R$ 55 mil, que está sob reavaliação segundo o Ibama”. Segundo a reportagem da Folha, a atual ministra “nega” qualquer irregularidade. Haja dor de cabeça para a presidenta Dilma Rousseff e para a sua difícil governabilidade!
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Em seu primeiro mandato, a presidenta Dilma Rousseff cedeu tudo o que pode para agradar os barões do agronegócio – termo moderninho usado para limpar a imagem dos antigos latifundiários. Anistiou dívidas bilionárias, garantiu generosos subsídios e travou o processo da reforma agrária. Já no início do seu segundo mandato, ela nomeou para seu ministério a ruralista Kátia Abreu, a presidenta da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) famosa por suas posições direitistas. O objetivo sempre foi o de acalmar o barulhento setor exportador e o de garantir os votos da disciplinada bancada ruralista no Congresso Nacional. Pelo jeito, porém, esta tática palaciana nunca deu os resultados desejados.
Na eleição de outubro passado, Dilma Rousseff perdeu feio nos currais dos antigos escravocratas. Já na eleição para a presidência da Câmara Federal, no domingo passado, a bancada ruralista votou em peso no lobista Eduardo Cunha, um arqui-inimigo dos petistas. Nesta terça-feira (3), como mais uma prova de que esta camada reacionária tem ódio de classe, a presidenta foi vaiada numa solenidade em Campo Grande (MS). Segundo relato do repórter Pedro Venceslau, do oligárquico Estadão, “em sua primeira viagem oficial pelo Brasil no segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff foi alvo de protestos em Campo Grande”.
“A manifestação reuniu cerca de 50 pessoas que pediam o impeachment de Dilma. O ato ocorreu em uma via próxima ao palanque onde foi realizada a cerimônia de inauguração da primeira unidade da Casa da Mulher Brasileira, programa que unifica serviços prestados às mulheres vítimas de violência. O grupo gritava palavras de ordem contra ela e contra o ex-presidente Lula, chamado de ‘cachaceiro’”, descreve o jornalista. A ministra Kátia Abreu também foi hostilizada, mas “as vaias partiram de militantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e do MST que estavam na plateia”, ainda de acordo com o repórter do Estadão.
Processos contra Kátia Abreu
Além de não seduzir os antigos latifundiários e de não conquistar os votos da bancada ruralista, a presidenta Dilma Rousseff ainda pode ter dores de cabeça com a indicação de Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura. Na semana passada, segundo matéria da Folha, a ruralista foi “questionada na Justiça devido ao não pagamento de um financiamento de R$ 1 milhão para a plantação de eucalipto na fazenda de sua família no Tocantins. O empréstimo foi contratado em 2011, quando ela já era senadora pelo PMDB-TO. Kátia Abreu foi avalista do negócio, feito por seu filho, o deputado federal Irajá Abreu (PSD-TO). A fazenda pertence também à ministra, sócia igualmente de empresas que administram a terra”.
Ainda de acordo com a reportagem, “o dinheiro público foi obtido por meio do Bradesco, que capta os recursos junto ao BNDES. Seu valor inicial era de R$ 902 mil, já liberados. Com juros, a dívida chegou a R$ 1 milhão em junho de 2014, quando a cobrança foi ajuizada pelo Bradesco. O banco cobra as parcelas vencidas até aquela data – nenhuma delas havia sido paga, num total de R$ 56 mil – e o restante da dívida. ‘É oportuno ressaltar que várias tentativas destinadas à cobrança foram realizadas, contudo, elas se mostraram infrutíferas por absoluto desinteresse do executado’, diz a petição... Segundo valores declarados à Justiça Eleitoral no ano passado, Kátia tem um patrimônio total de R$ 4,1 milhões. Já Irajá possui bens que somam R$ 5,7 milhões. A ministra afirmou, por meio de sua assessoria, que a dívida está sendo negociada, mas alegou sigilo bancário”.
A mesma fazenda, batizada de Aliança, já foi multada pelo Ibama por desrespeitar embargo imposto pelo próprio órgão ambiental. A autuação, de R$ 10 mil, foi aplicada no dia 10 de julho do ano passado. “Segundo a fiscalização, foi plantado eucalipto, uma espécie exótica ao cerrado local, sobre uma área de 65 hectares (um terço do parque do Ibirapuera, em São Paulo), que havia sido desmatada em 2010 de forma que o Ibama considerou ilegal. Quando isso acontece, a área é considerada embargada. O desmate foi objeto de multa de R$ 65 mil, suspensa por decisão judicial. Outro desmatamento considerado ilegal foi objeto no mesmo dia de uma multa de R$ 55 mil, que está sob reavaliação segundo o Ibama”. Segundo a reportagem da Folha, a atual ministra “nega” qualquer irregularidade. Haja dor de cabeça para a presidenta Dilma Rousseff e para a sua difícil governabilidade!
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