Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:
A mídia e a direita estão tentando plantar na cabeça do brasileiro a ideia de impeachment da presidenta Dilma Rousseff menos de seis meses após sua reeleição. Parece (e é) coisa de quem não se conforma com a derrota. O candidato deles, Aécio Neves, do PSDB, quer queiram, quer não, perdeu. Foi derrotado nas urnas. E a próxima eleição é só daqui a quatro anos. Mas, desesperados, tanto a oposição quanto a imprensa tentam irresponsavelmente insuflar a revolta popular contra Dilma, embora saibam que não há clima político nem justificativa legal para o impeachment.
Infelizmente, em 12 anos no poder, o PT não pôde ou não quis modificar a maneira como se fazem as campanhas eleitorais no Brasil. Em vez de acabar com a nefasta prática do caixa 2, uniu-se a ela. Se, lá atrás, quando assumiu a presidência, Lula tivesse desmontado e denunciado o esquema que já existia na Petrobras talvez não estivéssemos passando pelo que agora vivemos. Mas não se iludam. Não é tirando o PT do poder no tapetão e lançando o País ao caos que os políticos vão deixar de pedir propinas às empreiteiras.
Não vou às ruas no domingo me juntar a gente que defende o golpe militar. Sou contra o impeachment da presidenta Dilma. E destaco aqui sete razões:
1. O impeachment não se justifica. Não há nenhuma prova de que Dilma cometeu irregularidades, desvios ou enriquecimento ilícito. Não há nem sequer um depoimento contra a presidenta, ao contrário do que houve com Fernando Collor em 1992, quando seu próprio irmão o denunciou. Quem diz o contrário é golpista. Esta é uma jogada que a imprensa e a oposição tentam fazer desde que Lula foi eleito, em 2002: perdem a eleição e depois tentam ganhar no tapetão. Não seja um inocente útil para cair nessa.
2. Se Dilma sair, o PMDB assume o poder de vez no País. Se já é ruim aceitar a aliança entre o PT e o PMDB, o partido mais fisiológico do Brasil, imagina deixar eles mandando sozinhos. Só uma pessoa muito ingênua ou desinformada pode achar que, substituindo Dilma por um peemedebista, a corrupção acaba.
3. Se Michel Temer por alguma razão for impedido de assumir, toma posse o presidente da Câmara dos Deputados, o fundamentalista religioso Eduardo Cunha. Ele será obrigado a convocar eleições, mas quem nos garante que fará isso? Imaginem o Brasil transformado numa teocracia nas mãos dessa gente que persegue homossexuais e minorias.
4. O escândalo da Petrobras já está sendo investigado. O Brasil pode muito bem continuar andando e voltar à normalidade enquanto as investigações se aprofundam. Os brasileiros não merecem que o País pare por causa de um impeachment injustificado e mergulhe num caos político. Ou vocês acham que os eleitores de Dilma irão aceitar passivamente um golpe branco? O cenário é de desastre iminente.
5. Tirar Dilma do poder não muda a forma como se fazem as campanhas. Só uma reforma política é capaz disso, mas nem a mídia nem a oposição estão interessadas nela. Não é à toa que o ministro Gilmar Mendes, indicado por Fernando Henrique Cardoso para o STF (Supremo Tribunal Federal), segura há UM ANO uma ação da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) que prevê o fim do financiamento privado de campanha, já aprovada pela maioria dos ministros. Eu me pergunto: qual será o interesse da imprensa e da oposição em que empresas privadas continuem financiando campanhas políticas? Será que eles querem mesmo moralizar o Brasil? Até especialistas internacionais defendem que o financiamento privado favorece a corrupção: uma empresa não vai doar a um candidato se não achar que leva alguma vantagem nisso, certo? É um círculo vicioso: quem doa para a campanha, executa as obras no governo eleito. Com Dilma no poder, temos alguma chance de mudar isto. Com o PMDB ou com a oposição, não temos nenhuma.
6. O Congresso Nacional não tem a menor moral para derrubar Dilma. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o presidente do Senado, Renan Calheiros, estão entre os investigados da operação Lava-Jato. Como eles poderiam liderar um processo de impeachment de alguém?
7. Quero a reforma política, quero que Dilma avance. Votei nela por convicção que era a melhor candidata e não me arrependo. Prefiro me mobilizar para exigir que faça as coisas que prometeu ao ser reeleita do que para derrubá-la. Não sou golpista e estou segura que manter a estabilidade democrática, com Dilma no cargo, é o melhor caminho para o Brasil.
A mídia e a direita estão tentando plantar na cabeça do brasileiro a ideia de impeachment da presidenta Dilma Rousseff menos de seis meses após sua reeleição. Parece (e é) coisa de quem não se conforma com a derrota. O candidato deles, Aécio Neves, do PSDB, quer queiram, quer não, perdeu. Foi derrotado nas urnas. E a próxima eleição é só daqui a quatro anos. Mas, desesperados, tanto a oposição quanto a imprensa tentam irresponsavelmente insuflar a revolta popular contra Dilma, embora saibam que não há clima político nem justificativa legal para o impeachment.
Infelizmente, em 12 anos no poder, o PT não pôde ou não quis modificar a maneira como se fazem as campanhas eleitorais no Brasil. Em vez de acabar com a nefasta prática do caixa 2, uniu-se a ela. Se, lá atrás, quando assumiu a presidência, Lula tivesse desmontado e denunciado o esquema que já existia na Petrobras talvez não estivéssemos passando pelo que agora vivemos. Mas não se iludam. Não é tirando o PT do poder no tapetão e lançando o País ao caos que os políticos vão deixar de pedir propinas às empreiteiras.
Não vou às ruas no domingo me juntar a gente que defende o golpe militar. Sou contra o impeachment da presidenta Dilma. E destaco aqui sete razões:
1. O impeachment não se justifica. Não há nenhuma prova de que Dilma cometeu irregularidades, desvios ou enriquecimento ilícito. Não há nem sequer um depoimento contra a presidenta, ao contrário do que houve com Fernando Collor em 1992, quando seu próprio irmão o denunciou. Quem diz o contrário é golpista. Esta é uma jogada que a imprensa e a oposição tentam fazer desde que Lula foi eleito, em 2002: perdem a eleição e depois tentam ganhar no tapetão. Não seja um inocente útil para cair nessa.
2. Se Dilma sair, o PMDB assume o poder de vez no País. Se já é ruim aceitar a aliança entre o PT e o PMDB, o partido mais fisiológico do Brasil, imagina deixar eles mandando sozinhos. Só uma pessoa muito ingênua ou desinformada pode achar que, substituindo Dilma por um peemedebista, a corrupção acaba.
3. Se Michel Temer por alguma razão for impedido de assumir, toma posse o presidente da Câmara dos Deputados, o fundamentalista religioso Eduardo Cunha. Ele será obrigado a convocar eleições, mas quem nos garante que fará isso? Imaginem o Brasil transformado numa teocracia nas mãos dessa gente que persegue homossexuais e minorias.
4. O escândalo da Petrobras já está sendo investigado. O Brasil pode muito bem continuar andando e voltar à normalidade enquanto as investigações se aprofundam. Os brasileiros não merecem que o País pare por causa de um impeachment injustificado e mergulhe num caos político. Ou vocês acham que os eleitores de Dilma irão aceitar passivamente um golpe branco? O cenário é de desastre iminente.
5. Tirar Dilma do poder não muda a forma como se fazem as campanhas. Só uma reforma política é capaz disso, mas nem a mídia nem a oposição estão interessadas nela. Não é à toa que o ministro Gilmar Mendes, indicado por Fernando Henrique Cardoso para o STF (Supremo Tribunal Federal), segura há UM ANO uma ação da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) que prevê o fim do financiamento privado de campanha, já aprovada pela maioria dos ministros. Eu me pergunto: qual será o interesse da imprensa e da oposição em que empresas privadas continuem financiando campanhas políticas? Será que eles querem mesmo moralizar o Brasil? Até especialistas internacionais defendem que o financiamento privado favorece a corrupção: uma empresa não vai doar a um candidato se não achar que leva alguma vantagem nisso, certo? É um círculo vicioso: quem doa para a campanha, executa as obras no governo eleito. Com Dilma no poder, temos alguma chance de mudar isto. Com o PMDB ou com a oposição, não temos nenhuma.
6. O Congresso Nacional não tem a menor moral para derrubar Dilma. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o presidente do Senado, Renan Calheiros, estão entre os investigados da operação Lava-Jato. Como eles poderiam liderar um processo de impeachment de alguém?
7. Quero a reforma política, quero que Dilma avance. Votei nela por convicção que era a melhor candidata e não me arrependo. Prefiro me mobilizar para exigir que faça as coisas que prometeu ao ser reeleita do que para derrubá-la. Não sou golpista e estou segura que manter a estabilidade democrática, com Dilma no cargo, é o melhor caminho para o Brasil.
5 comentários:
Finalmente, um ótimo texto, escrito com razão e sem ideologismos míopes. Boa análise, a meu ver bastante correta. Também não acredito que um impeachment seja o caminho para a moralização política brasileira. Neste sentido, acho que o panelaço paulista-carioca, por incrível que pareça, ainda tem mais força... pra não falar de um milhão de pessoas na Paulista.
Parabéns Cynara, belo texto. Endosso seu pensamento, temos que ir para as ruas garantir a governabilidade desse governo e cobrar mais urgência urgentíssima nas reformas que a Presidenta Dilma se comprometeu a fazê-las.
Ao ler o texto, percebo que tratamos de política assim como no futebol: com paixão. O nosso time pode ser goleado, o presidente do clube pode roubar os tubos que não estamos nem ai, continuamos com o nosso amor pelo time do coração, até brigamos se for o caso. Na política idem, tanto que mesmo após eleito democraticamente ainda chamamos o presidente de nosso ou deles. Nossa relação com os políticos deveria ser igual a de um clube com seu jogador: enquanto estiver jogando bem será aplaudido e ovacionado. No dia em que não render mais, obrigado pelos seus serviços e vá cantar em outra freguesia. Em outras palavras, votar em um candidato não significa dar um cheque em branco para fazer asneiras no poder. Se não fizer por merecer, que seja trocado....
Gostaria de fazer alguns reparos na matéria:
- não estão tentando implantar a idéia de impeachment. Ela já foi implantada,
- o Lula, segundo o Gabrielli não tinha como desmontar o "esquema", ao menos que o dinheiro da propina tenha saído da Petrobrás, que não parece ser o caso,
- o que poderia ter sido feito, sim, é a reforma política,
- o congresso não precisa de "moral" para derrubar ninguém. Até onde eu sei, o processo de impeachment é político. Vide José Dirceu. Isso não quer dizer que eu creia que o congresso está bem formado; muito pelo contrário.
De resto, concordo com o teor da matéria.
Ótimo texto Cynara! Acredito que a população brasileira certamente não consegue distinguir bem os fatos pois a maior rede televisiva do país distorce e omite as reais informações ao povo e como é mais fácil não estudar e pesquisar fica fácil fisgar pessoas.
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