Por Mauricio Dias, na revista CartaCapital:
Aécio Neves, hoje senador (PSDB-MG), não era nascido quando seu avô, Tancredo Neves, figura proeminente do velho e pacífico PSD mineiro, era fustigado implacavelmente no Congresso pelos agressivos integrantes da chamada Banda de Música da UDN. Essas agressões dos udenistas, como o tempo provou, faziam parte da tentativa de alcançar o poder a qualquer preço e, por fim, chegar à transgressão.
Transgressão: por insuficiência de votos os udenistas batiam às portas dos quartéis para incentivar os generais a interromper o processo democrático. Foram, por isso, chamados de vivandeiras. O tempo era outro.
Tancredo era um político conservador. Nos momentos decisivos, no entanto, defendeu a democracia. Ficou ao lado dos derrotados e, portanto, dos princípios constitucionais e não com os golpistas que derrubaram Getúlio Vargas (1954) e João Goulart (1964).
Da primeira eleição disputada em 1982 até 2005, quando governava Minas Gerais, Aécio Neves seguia a tradição democrática do avô Tancredo, morto em 1985, há exatamente 30 anos.
Embora já fosse destacado integrante do PSDB, versão revista e piorada da UDN, Aécio não cerrou fileiras com os que tentaram derrubar Lula ou, na melhor das hipóteses, de evitar que o insolente metalúrgico disputasse a reeleição em 2006.
Por que teria abandonado agora as lições do avô e virar um ferrabrás? Aécio Neves tentou disputar a Presidência em 2010. Foi impedido pelo rolo compressor dos tucanos paulistas. Engoliu o sapo. Podia esperar outra oportunidade. O radicalismo verbal dele despontou no correr na disputa presidencial de 2014, na qual, embora derrotado, obteve expressiva votação surfando na crise econômica desenhada naquele ano e estabelecida em 2015.
Aécio perdeu. Não digeriu democraticamente essa derrota nas urnas, a exemplo de seus ancestrais políticos, que, após a derrota do brigadeiro Eduardo Gomes imposta por Getúlio em 1950, partiram para o tudo ou nada.
O reflexo disso parece ter provocado um retrocesso no DNA político de Aécio. Os discursos dele passaram a ter muita proximidade com as teorias e as práticas udenistas. Começou, então, a avaliar como “extremamente graves” todas as notícias contra o governo veiculadas na imprensa conservadora oposicionista. Como presidente do PSDB, encomendou ao advogado Miguel Reale Júnior um estudo sobre a possibilidade de sustentar juridicamente o pedido de impeachment da presidenta Dilma. Parece ter agido precipitadamente. Reale Júnior recusou. Recuou também o ex-presidente Fernando Henrique. Seguiram essa trilha os senadores José Serra e Aloysio Nunes Ferreira. Os tucanos paulistas tiraram a escada e deixaram o tucano mineiro com a brocha na mão.
Esses movimentos guardam muita intimidade com a disputa dentro do PSDB na perspectiva da eleição presidencial de 2018. Será difícil para Aécio manter o fôlego até lá, principalmente se houver um reaquecimento da economia. Além disso, terá de cavalgar no cavalo desenfreado das manifestações.
É possível pensar, desde já, que a chance de Aécio Neves disputar a Presidência aconteceu em 2014. Parece agora que para ele só resta arrombar a porta do Palácio do Planalto. Com o recurso de um pé de cabra. Ou seja, o impeachment.
Transgressão: por insuficiência de votos os udenistas batiam às portas dos quartéis para incentivar os generais a interromper o processo democrático. Foram, por isso, chamados de vivandeiras. O tempo era outro.
Tancredo era um político conservador. Nos momentos decisivos, no entanto, defendeu a democracia. Ficou ao lado dos derrotados e, portanto, dos princípios constitucionais e não com os golpistas que derrubaram Getúlio Vargas (1954) e João Goulart (1964).
Da primeira eleição disputada em 1982 até 2005, quando governava Minas Gerais, Aécio Neves seguia a tradição democrática do avô Tancredo, morto em 1985, há exatamente 30 anos.
Embora já fosse destacado integrante do PSDB, versão revista e piorada da UDN, Aécio não cerrou fileiras com os que tentaram derrubar Lula ou, na melhor das hipóteses, de evitar que o insolente metalúrgico disputasse a reeleição em 2006.
Por que teria abandonado agora as lições do avô e virar um ferrabrás? Aécio Neves tentou disputar a Presidência em 2010. Foi impedido pelo rolo compressor dos tucanos paulistas. Engoliu o sapo. Podia esperar outra oportunidade. O radicalismo verbal dele despontou no correr na disputa presidencial de 2014, na qual, embora derrotado, obteve expressiva votação surfando na crise econômica desenhada naquele ano e estabelecida em 2015.
Aécio perdeu. Não digeriu democraticamente essa derrota nas urnas, a exemplo de seus ancestrais políticos, que, após a derrota do brigadeiro Eduardo Gomes imposta por Getúlio em 1950, partiram para o tudo ou nada.
O reflexo disso parece ter provocado um retrocesso no DNA político de Aécio. Os discursos dele passaram a ter muita proximidade com as teorias e as práticas udenistas. Começou, então, a avaliar como “extremamente graves” todas as notícias contra o governo veiculadas na imprensa conservadora oposicionista. Como presidente do PSDB, encomendou ao advogado Miguel Reale Júnior um estudo sobre a possibilidade de sustentar juridicamente o pedido de impeachment da presidenta Dilma. Parece ter agido precipitadamente. Reale Júnior recusou. Recuou também o ex-presidente Fernando Henrique. Seguiram essa trilha os senadores José Serra e Aloysio Nunes Ferreira. Os tucanos paulistas tiraram a escada e deixaram o tucano mineiro com a brocha na mão.
Esses movimentos guardam muita intimidade com a disputa dentro do PSDB na perspectiva da eleição presidencial de 2018. Será difícil para Aécio manter o fôlego até lá, principalmente se houver um reaquecimento da economia. Além disso, terá de cavalgar no cavalo desenfreado das manifestações.
É possível pensar, desde já, que a chance de Aécio Neves disputar a Presidência aconteceu em 2014. Parece agora que para ele só resta arrombar a porta do Palácio do Planalto. Com o recurso de um pé de cabra. Ou seja, o impeachment.
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