Por Altamiro Borges
São Paulo, o Estado mais rico da federação, literalmente está parando. Falta água quase todo dia em vários bairros da capital e cidades da região metropolitana; a insegurança pública assusta os paulistas, com recordes de roubos e homicídios; o descalabro na educação ocasiona a maior greve dos professores da história; na área da saúde, o caos é total. Agora, a própria Folha tucana confirma, com números, o que muitos já sentiam no horário de rush: a expansão da linha do metrô é uma das mais lentas do planeta. Mesmo assim, a mídia chapa-branca, que abocanha fortunas em verbas publicitárias, segue blindando o governador Geraldo Alckmin (PSDB), o insosso “picolé de chuchu”.
Num raro momento de crítica, a Folha revela que “o ritmo de expansão do metrô de São Paulo desde 1995, quando o PSDB assumiu o governo do Estado, tem sido tão lento quanto o de gestões anteriores e muito inferior ao de outros países em condições comparáveis”. Com base em dados obtidos via Lei de Acesso à Informação descobre-se que a gestão tucana investiu R$ 30 bilhões em trilhos, trens e estações do metrô nos últimos 20 anos, quando inaugurou 37,2 km de linhas e 27 estações. Isso significa a entrega de menos de 2 km de novas linhas por ano.
Na comparação com outros países fica ainda mais visível a falta de investimentos dos tucanos neste setor estratégico à mobilidade urbana. Seul, na Coreia do Sul, inaugurou sua malha de metrô apenas um mês antes da capital paulista, em 1974. “Mas hoje, enquanto os paulistanos contam com uma rede de 80,6 km, a cidade asiática possui 326,5 km – fazendo 8 km de metrô por ano. No ritmo atual, a capital paulista demoraria mais de 120 anos para ter uma malha similar à que dispõe atualmente a capital sul-coreana. Também tiveram ritmo de expansão muito superior as redes de Santiago (Chile) e da Cidade do México, inauguradas em 1969 e 1975”.
Em perspectiva, a ampliação do transporte sobre trilhos em São Paulo nos próximos anos também são desesperadoras: as obras das linhas 5-lilás e 4-amarela já tiveram os seus cronogramas adiados neste ano. “Ao lado do canteiro de obras da futura estação Oscar Freire, da linha 4-amarela, a cabeleireira Vânia Matos, 59, se diz entediada devido ao ritmo dos trabalhos. A promessa era que a estação fosse entregue em 2010, ainda no governo José Serra (PSDB). Cinco anos se passaram e agora seu novo prazo é 2016. ‘Eu trabalho há mais de 30 anos aqui. Não vejo nada mudar há meses, apenas este trânsito aumentar. Agora piorou com duas faixas da [rua] Oscar Freire bloqueadas’”.
Além da linha 4, as 11 estações da linha 5, prometidas na campanha de 2010 para serem entregues em 2014, deverão sair do papel só em 2017. O governador tucano também adiou a entrega da linha 17-ouro (São Paulo Morumbi/Congonhas), prevista para a Copa de 2014, mas que agora só deve ficar pronta em 2016. “Desde 2011, quando voltou ao poder no Estado, Alckmin entregou só 3,2 km de metrô. A conta considera os 2,3 km da linha 15-prata, que segue em testes, operando cinco horas por dia, e que não é metrô tradicional, mas um monotrilho, que usa trens com menor capacidade de usuários”, relata o jornal, que até ouviu o “outro lado” para tentar aliviar o trágico cenário dos transportes públicos.
Estes números dariam uma boa reportagem no Jornal Nacional da TV Globo, já que pouca gente lê a Folha. Daria até para relacionar os baixos investimentos no setor com as denúncias – não apuradas pelos poderes públicos e abafadas pela mídia amiga – do esquema do "trensalão tucano". Alguém acredita nesta hipótese?
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São Paulo, o Estado mais rico da federação, literalmente está parando. Falta água quase todo dia em vários bairros da capital e cidades da região metropolitana; a insegurança pública assusta os paulistas, com recordes de roubos e homicídios; o descalabro na educação ocasiona a maior greve dos professores da história; na área da saúde, o caos é total. Agora, a própria Folha tucana confirma, com números, o que muitos já sentiam no horário de rush: a expansão da linha do metrô é uma das mais lentas do planeta. Mesmo assim, a mídia chapa-branca, que abocanha fortunas em verbas publicitárias, segue blindando o governador Geraldo Alckmin (PSDB), o insosso “picolé de chuchu”.
Num raro momento de crítica, a Folha revela que “o ritmo de expansão do metrô de São Paulo desde 1995, quando o PSDB assumiu o governo do Estado, tem sido tão lento quanto o de gestões anteriores e muito inferior ao de outros países em condições comparáveis”. Com base em dados obtidos via Lei de Acesso à Informação descobre-se que a gestão tucana investiu R$ 30 bilhões em trilhos, trens e estações do metrô nos últimos 20 anos, quando inaugurou 37,2 km de linhas e 27 estações. Isso significa a entrega de menos de 2 km de novas linhas por ano.
Na comparação com outros países fica ainda mais visível a falta de investimentos dos tucanos neste setor estratégico à mobilidade urbana. Seul, na Coreia do Sul, inaugurou sua malha de metrô apenas um mês antes da capital paulista, em 1974. “Mas hoje, enquanto os paulistanos contam com uma rede de 80,6 km, a cidade asiática possui 326,5 km – fazendo 8 km de metrô por ano. No ritmo atual, a capital paulista demoraria mais de 120 anos para ter uma malha similar à que dispõe atualmente a capital sul-coreana. Também tiveram ritmo de expansão muito superior as redes de Santiago (Chile) e da Cidade do México, inauguradas em 1969 e 1975”.
Em perspectiva, a ampliação do transporte sobre trilhos em São Paulo nos próximos anos também são desesperadoras: as obras das linhas 5-lilás e 4-amarela já tiveram os seus cronogramas adiados neste ano. “Ao lado do canteiro de obras da futura estação Oscar Freire, da linha 4-amarela, a cabeleireira Vânia Matos, 59, se diz entediada devido ao ritmo dos trabalhos. A promessa era que a estação fosse entregue em 2010, ainda no governo José Serra (PSDB). Cinco anos se passaram e agora seu novo prazo é 2016. ‘Eu trabalho há mais de 30 anos aqui. Não vejo nada mudar há meses, apenas este trânsito aumentar. Agora piorou com duas faixas da [rua] Oscar Freire bloqueadas’”.
Além da linha 4, as 11 estações da linha 5, prometidas na campanha de 2010 para serem entregues em 2014, deverão sair do papel só em 2017. O governador tucano também adiou a entrega da linha 17-ouro (São Paulo Morumbi/Congonhas), prevista para a Copa de 2014, mas que agora só deve ficar pronta em 2016. “Desde 2011, quando voltou ao poder no Estado, Alckmin entregou só 3,2 km de metrô. A conta considera os 2,3 km da linha 15-prata, que segue em testes, operando cinco horas por dia, e que não é metrô tradicional, mas um monotrilho, que usa trens com menor capacidade de usuários”, relata o jornal, que até ouviu o “outro lado” para tentar aliviar o trágico cenário dos transportes públicos.
Estes números dariam uma boa reportagem no Jornal Nacional da TV Globo, já que pouca gente lê a Folha. Daria até para relacionar os baixos investimentos no setor com as denúncias – não apuradas pelos poderes públicos e abafadas pela mídia amiga – do esquema do "trensalão tucano". Alguém acredita nesta hipótese?
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