Por Jeferson Miola, no site Carta Maior:
A recente pesquisa Datafolha não fornece somente resultados; traz alertas preocupantes para o governo. O julgamento “ruim/péssimo” subiu 5%, perfazendo 65% dos pesquisados; e diminuiu em três pontos o percentual que considera o governo Dilma “ótimo/bom” – subconjunto agora representado por apenas 10% dos pesquisados. A classificação “regular” perdeu 3 pontos, ficando em 24%.
Quando terminou o primeiro mandato a presidente Dilma tinha 42% de “ótimo/bom”, 24% “ruim/péssimo” e 33% de “regular” – como se percebe, uma erosão de 32% na popularidade em menos de 6 meses.
A rejeição do governo está relacionada a fatores econômicos factuais e concretos da vida das pessoas: 53% consideram que a economia vai piorar, 77% que a inflação vai aumentar e 73% que o desemprego vai crescer. A insatisfação aumenta nos segmentos atingidos pela política recessiva, de juros altos, corte de créditos e de investimentos.
A rejeição subiu consideravelmente no nordeste – era 16% “ruim/péssimo” em dezembro/2014 e hoje atinge 58%. E, pela primeira vez, as maiores porcentagens de rejeição ao governo são encontradas nos extratos de renda inferior. A perda de popularidade do governo chegou nas regiões e segmentos sociais identificados com o PT, justamente onde conseguia compensar a vantagem eleitoral do PSDB em SP.
Recentemente o Instituto Vox Populi fez estudo para aferir o “Tamanho do ódio” ao PT. A este respeito, se pode ler o artigo de Marcos Coimbra na Carta Capital e o de minha autoria na Carta Maior – “O poder da mídia e o ódio ao PT”. Na sondagem do Vox Populi, 12% dos pesquisados “detestam” o Partido, e cerca de 33% simpatizam com a sigla. A erosão da imagem do PT não é, como se nota, na proporção que dizem ser.
O que explica a discrepância entre os resultados das duas pesquisas? Como se pode entender que a rejeição do governo [65% “ruim/péssimo”] é cinco vezes maior que a rejeição do PT [12% o “detestam”], que é o Partido da presidente?
O povo, de maneira geral, não associa Dilma com o PT como associa o Lula ou outras figuras históricas ao Partido. Dilma chegou a ter sua imagem fortemente associada ao Lula, considerado seu “criador e mentor”. Mas a imagem simbiótica que existia entre ambos se esmaece cada vez mais. A população parece discernir que Lula é Lula e que Dilma é Dilma, e que Lula está mais para o PT do que ela.
A crise econômica é uma profecia finalmente confirmada, e produz efeitos objetivos na vida da maioria assalariada e de renda baixa e média da população, que descola do governo, mas não necessariamente do PT – ao menos por enquanto – porque provavelmente não identifica a condução econômica atual com o ciclo de governos petistas iniciado em 2003.
Estamos num momento complexo, de confluência de várias crises e de múltiplas falências políticas – tanto do governo como do PT. Os desdobramentos da nova etapa da operação Lava Jato e a desaprovação das contas do governo pelo Tribunal de Contas da União turvarão ainda mais o ambiente político, reagendando o tema do impeachment.
Cresce o consenso entre economistas – não só os heterodoxos, mas alguns liberais – de que a condução econômica agravará a situação do país por um período mais prolongado e agravando a recessão, causando desemprego com a perda real do valor do salário.
As pesquisas parecem estar anunciando uma difícil encruzilhada, um estágio novo dessa espiral destrutiva em que se encontram tanto o governo Dilma como o PT. É o governo que puxa o PT para baixo ou é o PT que afunda o governo?
Em encontro com lideranças religiosas na sede do seu Instituto, Lula vocalizou o sentimento de 11 entre cada 10 petistas. A opinião dele é reflexo da impaciência com a catatonia que acomete a todos – o governo, o PT, o próprio Lula, as direções partidárias, as vanguardas sociais e intelectuais – ou é uma rachadura na relação do PT com o governo e, em especial, com a presidente Dilma?
Nesta espiral destrutiva que esfarela o PT, o governo e que compromete o futuro da esquerda brasileira, é imperativo superar-se a catatonia e a paralisia e adotar decisões corajosas impostas pela conjuntura, por mais duras e traumáticas que possam ser num primeiro instante, para que possamos sair do labirinto.
A recente pesquisa Datafolha não fornece somente resultados; traz alertas preocupantes para o governo. O julgamento “ruim/péssimo” subiu 5%, perfazendo 65% dos pesquisados; e diminuiu em três pontos o percentual que considera o governo Dilma “ótimo/bom” – subconjunto agora representado por apenas 10% dos pesquisados. A classificação “regular” perdeu 3 pontos, ficando em 24%.
Quando terminou o primeiro mandato a presidente Dilma tinha 42% de “ótimo/bom”, 24% “ruim/péssimo” e 33% de “regular” – como se percebe, uma erosão de 32% na popularidade em menos de 6 meses.
A rejeição do governo está relacionada a fatores econômicos factuais e concretos da vida das pessoas: 53% consideram que a economia vai piorar, 77% que a inflação vai aumentar e 73% que o desemprego vai crescer. A insatisfação aumenta nos segmentos atingidos pela política recessiva, de juros altos, corte de créditos e de investimentos.
A rejeição subiu consideravelmente no nordeste – era 16% “ruim/péssimo” em dezembro/2014 e hoje atinge 58%. E, pela primeira vez, as maiores porcentagens de rejeição ao governo são encontradas nos extratos de renda inferior. A perda de popularidade do governo chegou nas regiões e segmentos sociais identificados com o PT, justamente onde conseguia compensar a vantagem eleitoral do PSDB em SP.
Recentemente o Instituto Vox Populi fez estudo para aferir o “Tamanho do ódio” ao PT. A este respeito, se pode ler o artigo de Marcos Coimbra na Carta Capital e o de minha autoria na Carta Maior – “O poder da mídia e o ódio ao PT”. Na sondagem do Vox Populi, 12% dos pesquisados “detestam” o Partido, e cerca de 33% simpatizam com a sigla. A erosão da imagem do PT não é, como se nota, na proporção que dizem ser.
O que explica a discrepância entre os resultados das duas pesquisas? Como se pode entender que a rejeição do governo [65% “ruim/péssimo”] é cinco vezes maior que a rejeição do PT [12% o “detestam”], que é o Partido da presidente?
O povo, de maneira geral, não associa Dilma com o PT como associa o Lula ou outras figuras históricas ao Partido. Dilma chegou a ter sua imagem fortemente associada ao Lula, considerado seu “criador e mentor”. Mas a imagem simbiótica que existia entre ambos se esmaece cada vez mais. A população parece discernir que Lula é Lula e que Dilma é Dilma, e que Lula está mais para o PT do que ela.
A crise econômica é uma profecia finalmente confirmada, e produz efeitos objetivos na vida da maioria assalariada e de renda baixa e média da população, que descola do governo, mas não necessariamente do PT – ao menos por enquanto – porque provavelmente não identifica a condução econômica atual com o ciclo de governos petistas iniciado em 2003.
Estamos num momento complexo, de confluência de várias crises e de múltiplas falências políticas – tanto do governo como do PT. Os desdobramentos da nova etapa da operação Lava Jato e a desaprovação das contas do governo pelo Tribunal de Contas da União turvarão ainda mais o ambiente político, reagendando o tema do impeachment.
Cresce o consenso entre economistas – não só os heterodoxos, mas alguns liberais – de que a condução econômica agravará a situação do país por um período mais prolongado e agravando a recessão, causando desemprego com a perda real do valor do salário.
As pesquisas parecem estar anunciando uma difícil encruzilhada, um estágio novo dessa espiral destrutiva em que se encontram tanto o governo Dilma como o PT. É o governo que puxa o PT para baixo ou é o PT que afunda o governo?
Em encontro com lideranças religiosas na sede do seu Instituto, Lula vocalizou o sentimento de 11 entre cada 10 petistas. A opinião dele é reflexo da impaciência com a catatonia que acomete a todos – o governo, o PT, o próprio Lula, as direções partidárias, as vanguardas sociais e intelectuais – ou é uma rachadura na relação do PT com o governo e, em especial, com a presidente Dilma?
Nesta espiral destrutiva que esfarela o PT, o governo e que compromete o futuro da esquerda brasileira, é imperativo superar-se a catatonia e a paralisia e adotar decisões corajosas impostas pela conjuntura, por mais duras e traumáticas que possam ser num primeiro instante, para que possamos sair do labirinto.
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