quinta-feira, 11 de junho de 2015

Um livro contra o discurso do ódio


Por Antonio Barbosa Filho

Acabo de publicar, pelo Clube de Autores (https://www.clubedeautores.com.br/book/188020--O_Brasil_na_era_dos_imbecis#.VXfw8s-qpBc ) um livro que analisa as origens e características do discurso de ódio adotado na mídia tradicional e nas redes sociais pela direita política brasileira.

O tema é muito vasto e o material disponível é abundante, daí ter dedicado este primeiro livro de uma série quase que exclusivamente ao auto-proclamado filósofo Olavo de Carvalho e seus discípulos. Praticamente todos os grupelhos radicais que têm proposto na internet e nas ruas um impeachment, ou a anulação das eleições, ou até um golpe militar, confessam-se “alunos” de Olavo.

Bolsonaro, Lobão e Gentilli são olavetes. De sua casa no interior dos Estados Unidos (onde é sustentado como “correspondente” de um jornal controlado por Afif Domingos para pregar a derrubada do governo ao qual Afif pertence – ironias ou loucuras da política brasileira!), o velho profeta promove hangouts (conversas coletivas) pelo You Tube, com esses e outros direitistas mais ou menos notórios, como o menino da marcha à Brasília, o vendedor de camisetas do “Revoltados on Line” ou o lobista da indústria de armas que luta no Congresso para liberar o comércio letal. E a disciplina é rigorosa, na seita: Olavo mandou que seus seguidores, ao encontrarem um petista, ou alguém de camisa vermelha, devem: “humilhá-lo, humilhá-lo até que ele jogue a camiseta vermelha fora e vista a camiseta do Brasil”. Imediatamente os casos começaram a acontecer, ficando mais conhecidos quando atingiram o filho do jornalista/blogueiro Ricardo Noblat.

A princípio, os “ensinamentos” de Olavo eram vistos como mera manifestação de senilidade, ou maneira de um fascista alijado do mundo acadêmico e politico tentar construir um espaço para sua explícita vaidade. Muitos me criticaram por dar atenção ao que o velho jornalista dizia.

Porém, eu visitei há anos a cidade de Munique e comprei um roteiro turístico pedestre que segue os caminhos de Hitler naquela cidade, antes de tornar-se o Führer e causar os danos que causou à Humanidade. Vi que aquela onda fascista também começou com poucos lunáticos, frustrados pela derrota na I Guerra Mundial, facilmente manipuláveis por um guru que lhes indicasse o “inimigo” a ser batido, estimulasse sua agressividade e suas ambições.

Como não poderia deixar de ser, num país de parca cultura política da população, no qual camadas mais pobres têm invadido espaços antes reservados a uma elite ou às classes medias superiores, camadas essas derrotadas em três eleições presidenciais seguidas, o cenário estava montado para qualquer oportunista. Olavo conseguiu cooptar muitos jovens, e alguns veteranos defensores da ditadura e dos valores “cristão-ocidentais”, que hoje já merecem alguma atenção. Quando se vê o próprio ex-candidato a presidente pela oposição, Aécio Neves, aderindo a pautas radicais de direita, estimulando protestos de rua e propostas de ruptura do sistema democrático, há razões para nos preocuparmos.

É disso que trato no meu modesto trabalho, expondo algumas das muitas inverdades que embasam o discurso de Olavo e que encantam muitos incautos. Não creio que se deva menosprezar as iniciativas de conteúdo fascista que, se prosperarem pela omissão dos democratas, estarão apenas repetindo a História. É preciso combater ideológicamente, pelo debate e pela denúncia, essas farsas capazes de emocionar pessoas e grupos menos informados em História, em Ciência Política e sem a sensibilidade necessária para se conviver em Democracia.

Espero que meu livro contribua a esta necessária reação das esquerdas e dos democratas em geral contra qualquer aventura fundamentalista, venha de onde vier.

(Importante: o livro contém dois esclarecedores artigos cedidos por seus autores, Eduardo Guimarães, presidente do Movimento dos Sem-Mídia, e o jornalista Paulo Nogueira)

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