Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil |
No ano em que comemorou 35 anos de fundação, uma história que acompanhei de perto desde o início, o 5º Congresso Nacional do PT não poderia acontecer em pior hora para o partido e seus principais líderes. Anunciado como palco do lançamento da candidatura presidencial de Lula para 2018, o encontro, que foi há tempos marcado para Salvador, na Bahia, de 11 a 13 de junho, vai colocar frente a frente as divergências do partido e do governo diante do ajuste fiscal e dos rumos tomados pelo segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
Dividido e contestado como nunca antes em sua história, o PT tem dificuldades tanto para tratar do espólio dos casos do mensalão e do petrolão, que abalaram profundamente a militância do partido, como em encontrar um discurso comum com propostas para o futuro do país.
O maior sinal dos problemas que antecederam a abertura do congresso está no vai não vai da participação da presidente da República. Confirmada na semana passada, a ida de Dilma a Salvador foi cancelada na terça, por conta de uma viagem da presidente à Bélgica e, horas depois, reconfirmada, após pressão da cúpula do partido.
Dilma antecipou seu retorno de Bruxelas, onde está participando da cúpula entre a União Europeia e a Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos), para poder estar presente ao lado do ex-presidente Lula na abertura do congresso, marcada para as 20 horas desta quinta-feira.
As decisões a serem tomadas pelos 800 delegados petistas em Salvador poderão definir o futuro político de Lula e do governo Dilma. Cuidados foram tomados pelos dois para evitar um confronto de posições. Dilma pediu na segunda-feira que o ministro da Fazenda Joaquim Levy não fosse tratado como "judas" pelas tendências que combatem o ajuste fiscal e Lula se empenhou para amenizar o tom do texto do documento a ser apresentado pela ala majoritária, a "Partido que Muda o Brasil", que propõe a volta da CPMF e a taxação de grandes fortunas _ nada de novo, portanto.
Será a oportunidade também para se aferir os efeitos junto à base das denúncias feitas nas últimas semanas contra Lula sobre as suas relações com as empreiteiras Odebrecht e Camargo Correa. O atropelo da viagem presidencial à Bélgica impedirá que Lula e Dilma possam conversar e acertar os ponteiros antes do início do congresso, já que a presidente deverá chegar a Salvador em cima da hora marcada para a abertura, se não houver atrasos no voo.
Para o PT, o melhor que pode acontecer em Salvador é não acontecer nada.
Vida que segue.
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