Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
A entrevista de Ciro Gomes, no Espaço Público, terça-feira, mostrou que, no aquecimento de motores para a sucessão de Dilma, ele está correndo em faixa própria e dificilmente deixará de chocar-se com Lula, Dilma e o PT.
Ciro bateu forte em Aécio Neves, em José Serra, em Fernando Henrique Cardoso. Óbvio e inevitável.
Mas bateu em Dilma e fez críticas duríssimas a Lula, hoje o principal nome do PT para as eleições de 2018. Aliado do governo Lula-Dilma desde 2003, Ciro atravessou a fronteira e fez críticas políticas ao presidente mas não só.
Sugeriu, a partir das investigações da Polícia Federal sobre Luis Claudio Lula Silva, que Lula permitiu aos filhos uma convivência promíscua com empresários com interesses no governo.
Numa comparação absolutamente fora de lugar, em se tratando de dois homens públicos, disse que isso não aconteceria com seus próprios filhos.
Fazendo repetidos elogios ao desempenho de Lula no passado, foi para a ofensiva no presente. Ciro engrossou o coral daqueles que pedem que o ex-presidente se retire da cena política, exercício que até agora era mais frequente entre políticos tucanos e jornais conservadores, que enxergam Lula como o grande obstáculo a seus planos para recuperar o Planalto em 2018 –e fazem o possível para que seja enxotado da vida pública, com o argumento de que se tornou uma ameaça a paz política e ao entendimento. Ciro disse: “Ele está sendo uma figura ruim para o país ao se manifestar todo o tempo. Falo isso respeitosamente. Se ele não se recolher, vai perder a majestade”.
Quando perguntei se uma terceira candidatura de Lula não poderia ser a única forma de manter de pé um projeto que – como é de reconhecimento geral – tantos benefícios trouxe ao país, em especial aos mais pobres, Ciro retrucou com o argumento de que um terceiro mandato seria a consolidação do personalismo, do caudilhismo e outros supostos males da política sul-americana. A resposta ficou por aí mas essa questão é mais complexa.
A história de nosso continente é habitada por lideranças carismáticas, que conseguem reunir apoio popular suficiente para enfrentar as elites locais e aquilo que em meus tempos de colégio era chamado de imperialismo e, em circunstâncias muito especiais, conseguem realizar propostas de mudanças favoráveis às maiorias. Aquelas personalidades que os adversários chamam de caudilhos não são fruto de um puro ato de vontade de determinados indivíduos – mas produto de situações históricas específicas.
Mesmo em países desenvolvidos, essa situação ocorre. Para ficar num exemplo: principal governante dos EUA no século passado, Franklin Roosevelt ocupou a presidência por quatro mandatos consecutivos.
Não acho que Lula deve ou não ser candidato em 2018. Ninguém pode ter certeza disso agora. Mas acho que é errado tentar constranger o ex-presidente colocando sua atuação política como um desserviço aos interesses da Pátria. Quem tem direito a resolver isso é o eleitor.
Ciro foi candidato em 1998, quando ficou em terceiro lugar, e em 2002, quando ficou em quarto. Chegou a 2015 com a autoridade de quem sempre foi de uma lealdade absoluta a Lula, em especial na resistência ao espírito golpista que acompanhou a ação penal 470. Pressionado a deixar o governo pelos dirigentes do PPS, preferiu ficar onde estava. Ao lado de Dilma e Marcio Thomaz Bastos, foi um dos principais articuladores da defesa do governo, garantindo a travessia até 2006. Manteve o apoio a Lula inclusive em 2010, momento em que este escolheu Dilma Rousseff como candidata à sucessão, quando o nome dele era o mais óbvio do ponto de vista das pesquisas e do histórico político. Manteve-se ao lado do governo em 2014, ajudando a garantir, no Ceará que é seu berço político, uma votação superior a 70%.
As críticas de Ciro Gomes ao governo Dilma ganharam contundência a partir do ajuste econômico, alimentado vários artigos publicados nos últimos meses. Lembrando a crise de 2005, quando se encontrava no Palácio, e a de 2015, disse que há dez anos Lula jamais deixou de investir em medidas populares para defender o governo, enquanto Dilma tem priorizado acordos pelo alto. Disse que ou a presidente muda a política econômica, ou não conseguirá manter-se no cargo.
A entrevista de Ciro Gomes, no Espaço Público, terça-feira, mostrou que, no aquecimento de motores para a sucessão de Dilma, ele está correndo em faixa própria e dificilmente deixará de chocar-se com Lula, Dilma e o PT.
Ciro bateu forte em Aécio Neves, em José Serra, em Fernando Henrique Cardoso. Óbvio e inevitável.
Mas bateu em Dilma e fez críticas duríssimas a Lula, hoje o principal nome do PT para as eleições de 2018. Aliado do governo Lula-Dilma desde 2003, Ciro atravessou a fronteira e fez críticas políticas ao presidente mas não só.
Sugeriu, a partir das investigações da Polícia Federal sobre Luis Claudio Lula Silva, que Lula permitiu aos filhos uma convivência promíscua com empresários com interesses no governo.
Numa comparação absolutamente fora de lugar, em se tratando de dois homens públicos, disse que isso não aconteceria com seus próprios filhos.
Fazendo repetidos elogios ao desempenho de Lula no passado, foi para a ofensiva no presente. Ciro engrossou o coral daqueles que pedem que o ex-presidente se retire da cena política, exercício que até agora era mais frequente entre políticos tucanos e jornais conservadores, que enxergam Lula como o grande obstáculo a seus planos para recuperar o Planalto em 2018 –e fazem o possível para que seja enxotado da vida pública, com o argumento de que se tornou uma ameaça a paz política e ao entendimento. Ciro disse: “Ele está sendo uma figura ruim para o país ao se manifestar todo o tempo. Falo isso respeitosamente. Se ele não se recolher, vai perder a majestade”.
Quando perguntei se uma terceira candidatura de Lula não poderia ser a única forma de manter de pé um projeto que – como é de reconhecimento geral – tantos benefícios trouxe ao país, em especial aos mais pobres, Ciro retrucou com o argumento de que um terceiro mandato seria a consolidação do personalismo, do caudilhismo e outros supostos males da política sul-americana. A resposta ficou por aí mas essa questão é mais complexa.
A história de nosso continente é habitada por lideranças carismáticas, que conseguem reunir apoio popular suficiente para enfrentar as elites locais e aquilo que em meus tempos de colégio era chamado de imperialismo e, em circunstâncias muito especiais, conseguem realizar propostas de mudanças favoráveis às maiorias. Aquelas personalidades que os adversários chamam de caudilhos não são fruto de um puro ato de vontade de determinados indivíduos – mas produto de situações históricas específicas.
Mesmo em países desenvolvidos, essa situação ocorre. Para ficar num exemplo: principal governante dos EUA no século passado, Franklin Roosevelt ocupou a presidência por quatro mandatos consecutivos.
Não acho que Lula deve ou não ser candidato em 2018. Ninguém pode ter certeza disso agora. Mas acho que é errado tentar constranger o ex-presidente colocando sua atuação política como um desserviço aos interesses da Pátria. Quem tem direito a resolver isso é o eleitor.
Ciro foi candidato em 1998, quando ficou em terceiro lugar, e em 2002, quando ficou em quarto. Chegou a 2015 com a autoridade de quem sempre foi de uma lealdade absoluta a Lula, em especial na resistência ao espírito golpista que acompanhou a ação penal 470. Pressionado a deixar o governo pelos dirigentes do PPS, preferiu ficar onde estava. Ao lado de Dilma e Marcio Thomaz Bastos, foi um dos principais articuladores da defesa do governo, garantindo a travessia até 2006. Manteve o apoio a Lula inclusive em 2010, momento em que este escolheu Dilma Rousseff como candidata à sucessão, quando o nome dele era o mais óbvio do ponto de vista das pesquisas e do histórico político. Manteve-se ao lado do governo em 2014, ajudando a garantir, no Ceará que é seu berço político, uma votação superior a 70%.
As críticas de Ciro Gomes ao governo Dilma ganharam contundência a partir do ajuste econômico, alimentado vários artigos publicados nos últimos meses. Lembrando a crise de 2005, quando se encontrava no Palácio, e a de 2015, disse que há dez anos Lula jamais deixou de investir em medidas populares para defender o governo, enquanto Dilma tem priorizado acordos pelo alto. Disse que ou a presidente muda a política econômica, ou não conseguirá manter-se no cargo.
0 comentários:
Postar um comentário