quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Mulher de Cunha vai para a cadeia?

Por Altamiro Borges

O correntista suíço Eduardo Cunha, que ainda preside a Câmara Federal, continua posando de valente diante dos holofotes da mídia. Afirma que não vai renunciar e que ainda será o principal responsável pela queda da presidenta Dilma Rousseff. Nos bastidores, porém, parece que o lobista está se pelando de medo. Ele teme pelo seu futuro político e, principalmente, pela prisão de sua esposa, Cláudia Cruz, ex-apresentadora da TV Globo, e de sua filha. Segundo as apurações em curso, parte da grana obtida com propinas e outras negociatas foi depositada em sua conta bancária. Uma notinha publicada na semana passada pela jornalista Mônica Bergamo, da Folha, dá bem a dimensão do seu pânico:


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Um dos maiores temores de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é que a Justiça determine a prisão de sua mulher, Cláudia Cruz, que tem conta em seu nome na Suíça, e da filha do casal, Danielle Cunha, que aparece como dependente em documentos bancários no exterior. 

Apesar da aparente frieza e calma, o presidente da Câmara dos Deputados tem revelado o temor a interlocutores mais próximos. 

A prisão do próprio Cunha seria possibilidade mais remota. Ela precisaria ser determinada pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), já que ele é presidente da Câmara dos Deputados.

Cunha considera que tem um ponto a favor das duas: a investigação sobre elas correndo no STF, e não no Paraná, sob a jurisdição do juiz Sergio Moro. Cunha acredita que o STF tomará maiores cuidados que Moro em relação a qualquer medida mais drástica que possa atingi-las.

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Até agora, a Justiça tem sido bastante condescendente com o correntista suíço e seus familiares - bem diferente do que foi, por exemplo, com a cunhada de João Vaccari, ex-tesoureiro do PT, presa numa operação midiática e injusta da Polícia Federal. Depois da inexplicável demora da Procuradoria-Geral da República em pedir o afastamento do "delinquente" do comando da Câmara - o duro adjetivo é de Rodrigo Janot -, agora é o STF que informa que só avaliará o seu caso em fevereiro. Até lá, Eduardo Cunha seguirá tramando seus golpes para manter o cargo e para acelerar a manobra diversionista do impeachment. Segundo relata Murilo Ramos, em nota publicada no site da revista Época de segunda-feira (21), ele pretende "ir até o fim com as armas que tem" para derrotar Dilma e Rodrigo Janot.

Caso chegue ao fim a generosidade da Justiça, Cláudia Cruz - que estreou no noticiário "policial" com saldos astronómicos em contas na Suíça não declaradas ao Fisco - poderá se despedir da sua vida de luxo e glamour. Para conhecer melhor a trajetória da jornalista, que pode ser presa e causa pânico no "valentão" Eduardo Cunha, vale conferir reportagem da Folha publicada no mês passado:

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Após crise, 'primeira-dama da Câmara' se recolhe

Por Luiza Franco e Bruna Fantti - 09/11/2015


Cláudia Cordeiro Cruz comemorou seu 48º aniversário na residência oficial da presidência da Câmara dos Deputados, uma mansão de 800 metros quadrados à beira do Lago Sul, endereço nobre de Brasília. Foi um almoço para um grupo de amigas numa tarde de junho deste ano.

Na estante da sala de estar, entre fotos de família, se destacava um porta-retratos com a imagem do marido, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em êxtase, cercado por aliados após o anúncio de sua vitória à presidência da Casa.

A euforia daquele 1º de fevereiro de 2015 contrasta com as agruras atuais do casal. Os dois são apontados pela Procuradoria Geral da República como beneficiários de contas na Suíça que totalizam US$ 5 milhões.

Cláudia, que já foi miss, apresentadora de telejornais e dona de loja, foi indiciada em inquérito que está no Supremo Tribunal Federal. O próprio Cunha admitiu que parte da movimentação na conta da mulher pode ser considerada "rendimento não declarado".

A divulgação de suas finanças, que descrevem gasto de US$ 535 mil com cartão de crédito em dois anos, reduziu sua agenda social.

No Rio, ela frequentava inaugurações de lojas e lançamentos de coleções de roupas. Uma das amigas mais próximas é Priscila Szafir, dona da marca de joias Pricci.
Em Brasília, seu círculo inclui Caroline e Verônica, mulheres dos senadores Fernando Collor (PTB-AL) e Renan Calheiros (PMDB-AL), respectivamente, a embaixatriz Lúcia Flecha de Lima e a empresária Cleuza Ferreira, dona da Magrella, espécie de Daslu do Distrito Federal.

Cláudia tem como hobby a pintura. Seus quadros abstratos decoram atualmente a residência oficial da Câmara.

A grife Louis Vuitton é uma de suas favoritas, informou a colunista social Lu Lacerda, do portal iG, em setembro de 2012, quando a "primeira-dama" da Câmara esteve no shopping Fashion Mall, no Rio, usando xale, bolsa e cinto da marca francesa.

Em setembro, ela foi à feira Art Rio usando chaveiro da marca Fendi com um boneco do estilista alemão Karl Lagerfeld que custa R$ 3.440.

Seu guarda-roupas também inclui itens das marcas Prada, Hermès, Dolce & Gabanna, Fendi e Chanel.

"Ela é nova na alta sociedade carioca. Está emergindo. É uma boa compradora porque ainda está se equipando", disse organizadora de eventos de joalheria no Rio, que pediu anonimato.

A história do casal começou na década de 1990. Apresentadora da TV Globo, ela foi contratada pela Telerj, sob a presidência de Cunha, para ser a voz das mensagens automáticas da companhia.

Cláudia apresentava o "Fantástico" quando soube que estava grávida, em dezembro de 1996, após assumir publicamente a relação com Cunha. Na gestação, foi para a bancada do "RJTV".

Ela já tinha uma filha do relacionamento com o ex-diretor da TV Globo Carlos Amorim. Cunha possuía outros três filhos.

De acordo com colegas da época, Cláudia passou a usar mais joias e contar com motorista particular após o relacionamento com Cunha.

Em abril de 2000, no "RJTV", Cláudia noticiou a demissão do marido da presidência da Companhia Estadual de Habitação por suspeitas de fraudes em licitações.

Em 2001, ela deixou a emissora e a processou. Contratada através de sua empresa, a C3 Produções Artísticas e Jornalísticas, alegou terceirização ilegal. Em 2010, fechou acordo com a emissora, no qual recebeu R$ 3,4 milhões em valores brutos.

Ela se queixou por não ter sido lembrada nas comemorações de 50 anos da Globo.

"Fomos apagadas da história da TV Globo. Será que não se lembram que apresentamos o Jornal Hoje juntas, quando nem maquiador para as apresentadoras havia? Quando não tínhamos figurino e, por diversas vezes, aparecemos no ar com a mesma cor de roupa?", escreveu à jornalista Valéria Monteiro numa rede social.

Ao sair da Globo, foi por quase um ano apresentadora na Rede Record, sua última passagem no jornalismo.

ORIGEM

Cláudia cresceu na Tijuca (zona norte). Estudou no Instituto Superior de Educação do Rio, onde concluiu em 1984 curso de preparação de professores.

Um ano depois, venceu o concurso Miss América Futebol Clube. O título a levou à disputa do Miss Rio, transmitido pelo SBT e apresentado por Sílvio Santos. Desfilou de biquíni, roupa de gala e traje típico. Ficou em segundo.

"Ela já falava que queria seguir a carreira de jornalista", disse Carla Godinho, eleita miss Rio naquele ano.

Em 2011, inaugurou uma loja de objetos decorativos no Shopping da Gávea com o amigo Evandro Júnior. "Choramos juntos quando a loja acabou. Fomos muito felizes lá. A gente pedia frango de padaria com pão no almoço", lembrou Júnior. "Cláudia é uma mulher simples. Está sempre muito elegante, com uma bolsa boa, mas, na essência, é simples."

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1 comentários:

Unknown disse...

Melhor não usar o verbo possuir .....filhos. Ter filhos é mais leve. Não se possui filhos. Só no jurídico se usa " ganhou a posse" ainda assim é melhor "a guarda".