Editorial do site Vermelho:
O sistema financeiro detestou, em especial a banca internacional com sede em Wall Street, mas os brasileiros têm muito o que comemorar – este talvez seja o principal sentimento que ajuda a explicar a troca de comando no Ministério da Fazenda. Saiu o fiscalista, monetarista, “mãos-de-tesoura” (seja lá o apelido preferido para designá-lo) Joaquim Levy, e entra o desenvolvimentista Nelson Barbosa.
Os serviçais brasileiros do imperialismo também não gostaram da troca de ministros. O título do editorial do jornal O Globo, neste sábado (19) foi explícito: “Dilma assume a Fazenda e nomeia Barbosa”. É como se esperasse um governo cindido – a presidenta cuidaria dos assuntos da administração, mas a direção da economia caberia ao “homem do mercado”, o ministro da Fazenda Joaquim Levy. É uma posição absurda e esconde a defesa de uma ilegalidade: o responsável pelas ações e políticas de governo é a presidenta Dilma Rousseff. Foi ela que recebeu os votos de 54,5 milhões de brasileiros para cumprir essa tarefa!
Mas O Globo, a direita e o imperialismo aliado a ela, querem o contrário e, naquele editorial, o jornal da família Marinho chega a dizer, sobre a nomeação de Joaquim Levy para o ministério, no início do segundo mandato: “Parece até que se tratava de uma farsa”.
Não foi – foi um engano que agora é corrigido. Erro que vem desde o início do segundo mandato de Dilma, em janeiro de 2015. E que decorreu de uma ilusão de boa índole – a ideia de que, dando o comando da economia a um nome ligado ao chamado “mercado”, como Levy, haveria maior boa vontade em relação ao governo. Não houve! A política econômica, sob Levy, baseada em cortes orçamentários e num mal compreendido “rigor fiscal”, além de não enfrentar de fato os impactos da grave crise econômica – muito pelo contrário, agravou os problemas –, ainda gerou grave desconfiança em relação ao governo por parte dos movimentos sociais, dos trabalhadores, sindicatos e dos empresários ligados ao setor produtivo.
E não trouxe a confiança dos investidores nas ações do governo, mesmo tendo Levy, um homem ligado ao “mercado”, à frente do Ministério da Fazenda. Ao contrário, o “mercado” foi hostil ao governo durante todos os onze meses em que durou a permanência do ex-ministro.
Nem poderia ser de outra forma! Afinal, uma das bases do engano da nomeação de Levy foi a ideia de que a economia é uma “técnica”, uma ciência exata, e um “técnico” competente poderia corrigir seus rumos. Mas a economia é sobretudo política – o nome que os clássicos deram a este ramo do conhecimento era justamente “economia política”.
O que aconteceu no Brasil desde o início do segundo mandato de Dilma Rousseff foi mais um exemplo desta verdade: a crise econômica mundial e seus graves reflexos no Brasil foram potencializados pela ação política da oposição neoliberal, e agravados como nunca. A oposição apostou no quanto pior, melhor, para construir um atalho para o poder – e esta aposta, sendo política, teve os graves reflexos econômicos que o Brasil assiste.
A troca no comando da economia revela a decisão da presidenta de corrigir os rumos e voltar a encontrar a rota do crescimento, do emprego e da renda, como exigem os manifestantes que têm ocupado as ruas, contra o golpismo e em defesa de seu mandato. No dia 16, por exemplo, a palavra de ordem “não vai ter golpe”, esteve junta, na voz do povo, com outras igualmente veementes: “fora Cunha”, ao de “não ao ajuste fiscal”, cujo símbolo maior era justamente Joaquim Levy.
Era a expressão de uma compreensão correta do significado da luta em curso no país – sua dimensão política, o “fora Cunha”, volta-se contra a direita e o conservadorismo que conspira contra a legalidade e a Constituição. O “não ao ajuste fiscal”, por sua vez, volta-se contra os entraves à retomada do desenvolvimento feitas igualmente pela direita e pelo conservadorismo neoliberal.
Economista ligado aos movimentos sociais e ao Partido dos Trabalhadores, Nelson Barbosa é muito mais sensível aos efeitos nefastos que cortes indiscriminados no orçamento podem significar. O compromisso que ele tem reiterado é este: sem mágicas, sem grandes malabarismos, reencontrar o caminho do crescimento econômico.
Ele tem uma visão muito mais abrangente e sofisticada do que defende a simplória política dos monetaristas e neoliberais e seus cortes orçamentários, que atingem principalmente ações e programas sociais voltados para o crescimento econômico. Para eles a gestão econômica de uma nação se resume a focar o pagamento de juros aos grandes especuladores e rentistas.
Na outra ponta do debate, Nelson Barbosa pensa que não há como garantir o equilíbrio sustentável das contas do governo se não houver crescimento econômico. Crescer, pensa o ministro, é fundamental.
Ele defendeu ideias como estas no texto Principais Desafios Macroeconômicos de 2015-2018, que apresentou em um seminário na Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, em setembro de 2014 – e que pode ser visto como uma espécie de embasamento da forma como encara o papel do governo e do Estado na economia.
A direita e os neoliberais tentam desqualificá-lo, chamando-o de “esquerdista”, um rótulo vazio ao qual a direita se apega como se fosse uma condenação irrevogável.
A direita se engana, para variar. No atual debate, em curso no Brasil, estão em rota de colisão os economistas desenvolvimentistas (como Nelson Barbosa) e os neoliberais que favorecem principalmente o pagamento de juros (como foi Joaquim Levy).
Este é o debate real em curso. Nele, a presidenta Dilma Rousseff reafirma seu lado e sua opção política – ela também é uma desenvolvimentista! Ela se alinha com o sentimento popular e deixou isso claro ao afirmar, na posse do novo ministro, que é preciso “ir além da tarefa de cortar gastos e colocar as contas em dia, estabelecendo prioridade também para a retomada do crescimento e a construção de um ambiente de confiança, favorável à ampliação dos investimentos e à criação de empregos”. Quem ganha são os democratas e os patriotas que querem a normalidade institucional, a estabilidade das instituições e a retomada do crescimento econômico.
A força política de Dilma Rousseff decorre de seu alinhamento com a retomada do crescimento. O engano ocorrido no começo do segundo mandato levou a um desalinhamento do passo entre governo e este sentimento. Que, tudo indica, voltam a se acertar. As dificuldades que o país enfrenta são enormes e a direita, que insuflou a crise política, apostou no crescimento do quanto pior melhor. A troca dos ministros mostra que a disposição do governo em realinhar o passo com o sentimento popular – com os trabalhadores e os empresários da produção.
O sistema financeiro detestou, em especial a banca internacional com sede em Wall Street, mas os brasileiros têm muito o que comemorar – este talvez seja o principal sentimento que ajuda a explicar a troca de comando no Ministério da Fazenda. Saiu o fiscalista, monetarista, “mãos-de-tesoura” (seja lá o apelido preferido para designá-lo) Joaquim Levy, e entra o desenvolvimentista Nelson Barbosa.
Os serviçais brasileiros do imperialismo também não gostaram da troca de ministros. O título do editorial do jornal O Globo, neste sábado (19) foi explícito: “Dilma assume a Fazenda e nomeia Barbosa”. É como se esperasse um governo cindido – a presidenta cuidaria dos assuntos da administração, mas a direção da economia caberia ao “homem do mercado”, o ministro da Fazenda Joaquim Levy. É uma posição absurda e esconde a defesa de uma ilegalidade: o responsável pelas ações e políticas de governo é a presidenta Dilma Rousseff. Foi ela que recebeu os votos de 54,5 milhões de brasileiros para cumprir essa tarefa!
Mas O Globo, a direita e o imperialismo aliado a ela, querem o contrário e, naquele editorial, o jornal da família Marinho chega a dizer, sobre a nomeação de Joaquim Levy para o ministério, no início do segundo mandato: “Parece até que se tratava de uma farsa”.
Não foi – foi um engano que agora é corrigido. Erro que vem desde o início do segundo mandato de Dilma, em janeiro de 2015. E que decorreu de uma ilusão de boa índole – a ideia de que, dando o comando da economia a um nome ligado ao chamado “mercado”, como Levy, haveria maior boa vontade em relação ao governo. Não houve! A política econômica, sob Levy, baseada em cortes orçamentários e num mal compreendido “rigor fiscal”, além de não enfrentar de fato os impactos da grave crise econômica – muito pelo contrário, agravou os problemas –, ainda gerou grave desconfiança em relação ao governo por parte dos movimentos sociais, dos trabalhadores, sindicatos e dos empresários ligados ao setor produtivo.
E não trouxe a confiança dos investidores nas ações do governo, mesmo tendo Levy, um homem ligado ao “mercado”, à frente do Ministério da Fazenda. Ao contrário, o “mercado” foi hostil ao governo durante todos os onze meses em que durou a permanência do ex-ministro.
Nem poderia ser de outra forma! Afinal, uma das bases do engano da nomeação de Levy foi a ideia de que a economia é uma “técnica”, uma ciência exata, e um “técnico” competente poderia corrigir seus rumos. Mas a economia é sobretudo política – o nome que os clássicos deram a este ramo do conhecimento era justamente “economia política”.
O que aconteceu no Brasil desde o início do segundo mandato de Dilma Rousseff foi mais um exemplo desta verdade: a crise econômica mundial e seus graves reflexos no Brasil foram potencializados pela ação política da oposição neoliberal, e agravados como nunca. A oposição apostou no quanto pior, melhor, para construir um atalho para o poder – e esta aposta, sendo política, teve os graves reflexos econômicos que o Brasil assiste.
A troca no comando da economia revela a decisão da presidenta de corrigir os rumos e voltar a encontrar a rota do crescimento, do emprego e da renda, como exigem os manifestantes que têm ocupado as ruas, contra o golpismo e em defesa de seu mandato. No dia 16, por exemplo, a palavra de ordem “não vai ter golpe”, esteve junta, na voz do povo, com outras igualmente veementes: “fora Cunha”, ao de “não ao ajuste fiscal”, cujo símbolo maior era justamente Joaquim Levy.
Era a expressão de uma compreensão correta do significado da luta em curso no país – sua dimensão política, o “fora Cunha”, volta-se contra a direita e o conservadorismo que conspira contra a legalidade e a Constituição. O “não ao ajuste fiscal”, por sua vez, volta-se contra os entraves à retomada do desenvolvimento feitas igualmente pela direita e pelo conservadorismo neoliberal.
Economista ligado aos movimentos sociais e ao Partido dos Trabalhadores, Nelson Barbosa é muito mais sensível aos efeitos nefastos que cortes indiscriminados no orçamento podem significar. O compromisso que ele tem reiterado é este: sem mágicas, sem grandes malabarismos, reencontrar o caminho do crescimento econômico.
Ele tem uma visão muito mais abrangente e sofisticada do que defende a simplória política dos monetaristas e neoliberais e seus cortes orçamentários, que atingem principalmente ações e programas sociais voltados para o crescimento econômico. Para eles a gestão econômica de uma nação se resume a focar o pagamento de juros aos grandes especuladores e rentistas.
Na outra ponta do debate, Nelson Barbosa pensa que não há como garantir o equilíbrio sustentável das contas do governo se não houver crescimento econômico. Crescer, pensa o ministro, é fundamental.
Ele defendeu ideias como estas no texto Principais Desafios Macroeconômicos de 2015-2018, que apresentou em um seminário na Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, em setembro de 2014 – e que pode ser visto como uma espécie de embasamento da forma como encara o papel do governo e do Estado na economia.
A direita e os neoliberais tentam desqualificá-lo, chamando-o de “esquerdista”, um rótulo vazio ao qual a direita se apega como se fosse uma condenação irrevogável.
A direita se engana, para variar. No atual debate, em curso no Brasil, estão em rota de colisão os economistas desenvolvimentistas (como Nelson Barbosa) e os neoliberais que favorecem principalmente o pagamento de juros (como foi Joaquim Levy).
Este é o debate real em curso. Nele, a presidenta Dilma Rousseff reafirma seu lado e sua opção política – ela também é uma desenvolvimentista! Ela se alinha com o sentimento popular e deixou isso claro ao afirmar, na posse do novo ministro, que é preciso “ir além da tarefa de cortar gastos e colocar as contas em dia, estabelecendo prioridade também para a retomada do crescimento e a construção de um ambiente de confiança, favorável à ampliação dos investimentos e à criação de empregos”. Quem ganha são os democratas e os patriotas que querem a normalidade institucional, a estabilidade das instituições e a retomada do crescimento econômico.
A força política de Dilma Rousseff decorre de seu alinhamento com a retomada do crescimento. O engano ocorrido no começo do segundo mandato levou a um desalinhamento do passo entre governo e este sentimento. Que, tudo indica, voltam a se acertar. As dificuldades que o país enfrenta são enormes e a direita, que insuflou a crise política, apostou no crescimento do quanto pior melhor. A troca dos ministros mostra que a disposição do governo em realinhar o passo com o sentimento popular – com os trabalhadores e os empresários da produção.
0 comentários:
Postar um comentário