Por Eduardo Nunomura, no blog Farofafá:
No domingo 6 de dezembro, Criolo, Maria Gadú, Filipe Catto, 5 a Seco, Cidadão Instigado, Céu, Paulo Miklos, Arnaldo Antunes, Vitrola Sintética, Vanguart, Tico Santa Cruz, Barbara Eugênia, Pequeno Cidadão, Karina Buhr, Tiê, Alessandra Leão, Comadre Fulozinha e dezenas de outros artistas. Era a #ViradaOcupação. Na segunda-feira, Emicida, Pitty, Metá Metá, Anelis Assumpção, Chico César, Bixiga 70, MC Luana Hansen e Meia Dúzia de 3 ou 4, entre outros, deram continuidade ao evento da véspera, mas desta vez levando pocket shows nas escolas ocupadas de São Paulo.
No domingo 6 de dezembro, Criolo, Maria Gadú, Filipe Catto, 5 a Seco, Cidadão Instigado, Céu, Paulo Miklos, Arnaldo Antunes, Vitrola Sintética, Vanguart, Tico Santa Cruz, Barbara Eugênia, Pequeno Cidadão, Karina Buhr, Tiê, Alessandra Leão, Comadre Fulozinha e dezenas de outros artistas. Era a #ViradaOcupação. Na segunda-feira, Emicida, Pitty, Metá Metá, Anelis Assumpção, Chico César, Bixiga 70, MC Luana Hansen e Meia Dúzia de 3 ou 4, entre outros, deram continuidade ao evento da véspera, mas desta vez levando pocket shows nas escolas ocupadas de São Paulo.
Na terça-feira, Caetano Veloso, Criolo e Emicida (eles de novo), Jota Quest, Milton Nascimento, Tulipa Ruiz, João Barone e Wilson Sideral se reuniram no show beneficente #SouMinasGerais, em Belo Horizonte, que arrecadou fundos para subsidiar uma pesquisa independente depois da catástrofe ambiental de Mariana. No próximo domingo, sobem ao palco do Auditório Ibirapuera, Ney Matogrosso, Elza Soares, Mano Brown, Ava Rocha, Pitty, Criolo (três pontos para ele). Será o “Show Pela Cidadania”, no encerramento da 3ª edição do Festival de Direitos Humanos.
O ano de 2015 entra para a história por uma série de episódios desastrosos ou trágicos. Mas é no meio desse turbilhão que surge a melhor notícia para a cultura brasileira dos últimos tempos: os artistas voltaram a se engajar politicamente. Há uma clara e bela vontade de participação nesse momento conturbado da vida política e econômica, o que não significa fazer discursos ideológicos para partido A ou B. Quem pensa assim, não está entendendo nada do que está acontecendo na sociedade.
As dezenas de artistas que subiram em um palco improvisado no domingo para celebrar a revogação do decreto que fecharia escolas em São Paulo não pensaram em cachês, estruturas ou pequenices como dividir o palco com fulano ou sicrano. Apenas tocaram para pessoas que comemoravam a vitória maiúscula de estudantes contra o governador Geraldo Alckmin – se você pensa o contrário, talvez seja a hora de começar a apagar uns arquivos e quebrar alguns CDs e vinis. Os artistas queriam, com o ato, premiar uma luta política. Imaginem, então, uma aula-show no pátio da escola com Emicida, ídolos dos jovens secundaristas, ou Pitty? A cantora Anelis Assumpção, que foi à Escola Caetano de Campos, resume como se sentiu ao entrar num colégio: “Muito emocionada e agradecida por poder entrar nesse espaço tão sagrado que é uma escola ocupada no ano de 2015.”
Em apresentação no Rio, Caetano Veloso cantou, ao lado de Gilberto Gil, “Odeio Você” e a plateia emendou um “Cunha“. O cantor postou o vídeo em seu Instagram. No show #SouMinasGerais, o público parecia ter incorporado definitivamente o sobrenome do presidente da Câmara, artífice do golpe contra a democracia, à música do baiano tropicalista. Gil, que não participou desses últimos shows engajados politicamente, não fez por menos. Classificou de “delírio político” a tentativa de levar adiante o processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Até um cada vez mais escritor e menos músico Chico Buarque decidiu se mobilizar. Ele e José Miguel Wisnick foram os dois únicos músicos, até agora, a assinarem a “Carta ao Brasil”, em que artistas e intelectuais se mostram contrários a “qualquer retrocesso nas conquistas que obtivemos” depois do fim da ditadura.
Em momentos em que a democracia e os direitos humanos sofrem ameaças, os artistas têm uma vocação ímpar de mobilizar corações e mentes, e parece que eles decidiram sair de suas tocas. Na história brasileira, a música sempre teve a força de traduzir um sentimento coletivo difícil de ser verbalizado apenas em palavras de ordem. Ela dava aos movimentos sociais a letra e a melodia necessárias para que mais e mais pessoas saíssem às ruas em prol de causas justas. É o que vemos voltar a ocorrer agora.
Lobão, Roger, Wanessa de Camargo e tantos outros artistas têm igualmente o direito de irem para as ruas para defender o “Fora Dilma”. Devem, de alguma forma, se identificar com um público que bate panelas e adora xingar a presidente. Mas é melhor isso do que o silêncio de tantos outros artistas que fingem que nada está acontecendo de extraordinário no país e tocam suas carreiras de forma alienada.
Ou como diriam os jovens para tudo o que está acontecendo hoje na música brasileira: “Aê, demorô”.
O ano de 2015 entra para a história por uma série de episódios desastrosos ou trágicos. Mas é no meio desse turbilhão que surge a melhor notícia para a cultura brasileira dos últimos tempos: os artistas voltaram a se engajar politicamente. Há uma clara e bela vontade de participação nesse momento conturbado da vida política e econômica, o que não significa fazer discursos ideológicos para partido A ou B. Quem pensa assim, não está entendendo nada do que está acontecendo na sociedade.
As dezenas de artistas que subiram em um palco improvisado no domingo para celebrar a revogação do decreto que fecharia escolas em São Paulo não pensaram em cachês, estruturas ou pequenices como dividir o palco com fulano ou sicrano. Apenas tocaram para pessoas que comemoravam a vitória maiúscula de estudantes contra o governador Geraldo Alckmin – se você pensa o contrário, talvez seja a hora de começar a apagar uns arquivos e quebrar alguns CDs e vinis. Os artistas queriam, com o ato, premiar uma luta política. Imaginem, então, uma aula-show no pátio da escola com Emicida, ídolos dos jovens secundaristas, ou Pitty? A cantora Anelis Assumpção, que foi à Escola Caetano de Campos, resume como se sentiu ao entrar num colégio: “Muito emocionada e agradecida por poder entrar nesse espaço tão sagrado que é uma escola ocupada no ano de 2015.”
Em apresentação no Rio, Caetano Veloso cantou, ao lado de Gilberto Gil, “Odeio Você” e a plateia emendou um “Cunha“. O cantor postou o vídeo em seu Instagram. No show #SouMinasGerais, o público parecia ter incorporado definitivamente o sobrenome do presidente da Câmara, artífice do golpe contra a democracia, à música do baiano tropicalista. Gil, que não participou desses últimos shows engajados politicamente, não fez por menos. Classificou de “delírio político” a tentativa de levar adiante o processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Até um cada vez mais escritor e menos músico Chico Buarque decidiu se mobilizar. Ele e José Miguel Wisnick foram os dois únicos músicos, até agora, a assinarem a “Carta ao Brasil”, em que artistas e intelectuais se mostram contrários a “qualquer retrocesso nas conquistas que obtivemos” depois do fim da ditadura.
Em momentos em que a democracia e os direitos humanos sofrem ameaças, os artistas têm uma vocação ímpar de mobilizar corações e mentes, e parece que eles decidiram sair de suas tocas. Na história brasileira, a música sempre teve a força de traduzir um sentimento coletivo difícil de ser verbalizado apenas em palavras de ordem. Ela dava aos movimentos sociais a letra e a melodia necessárias para que mais e mais pessoas saíssem às ruas em prol de causas justas. É o que vemos voltar a ocorrer agora.
Lobão, Roger, Wanessa de Camargo e tantos outros artistas têm igualmente o direito de irem para as ruas para defender o “Fora Dilma”. Devem, de alguma forma, se identificar com um público que bate panelas e adora xingar a presidente. Mas é melhor isso do que o silêncio de tantos outros artistas que fingem que nada está acontecendo de extraordinário no país e tocam suas carreiras de forma alienada.
Ou como diriam os jovens para tudo o que está acontecendo hoje na música brasileira: “Aê, demorô”.
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