Por Renato Rovai, em seu blog:
O aumento do salário mínimo de 788 para 880 reais tem um potencial de estimulo à economia que parece ainda não estar sendo devidamente considerado por analistas econômicos. Mas para que isso aconteça o governo vai precisar jogar duro com a inflação para preservar esses 11,6% que virão agora para 45 milhões de brasileiros, que na prática apenas recuperam o que foi perdido, e buscar agir rapidamente para impedir o crescimento do desemprego.
A fórmula que levou a esse reajuste é simples: INPC dos últimos doze meses mais variação do PIB em 2014. O PIB em 2014 foi de 0,1%. Ou seja, nada. O resto é perda inflacionária.
Mas se o reajuste de agora não significa praticamente nada do ponto de vista de aumento real, por que pode gerar aquecimento econômico se não produzir inflação e até contribuir numa melhoria na distribuição de renda?
Exatamente porque a base da pirâmide do país foi a que mais perdeu em 2015. Com inflação alta, ela foi vendo seu salário ser corroído mês a mês sem que acompanhasse o aumento de preços. E agora ela terá essa recomposição.
Se a inflação futura for controlada, principalmente nos preços da cesta básica e dos produtos de primeira necessidade, haverá ganho de renda para esse setor popular em 2016. Uma renda que foi perdida em 2015.
Em muitas cidades, principalmente nas com menos de 50 mil habitantes, o aumento do mínimo provoca transformações rápidas. O pequeno comércio é o primeiro a sentir esse impacto, mas ele também se dá na agricultura familiar, que em muitos desses lugares têm aposentados à frente. Aliás, aposentados que ainda se constituem como chefes de família.
Esse Brasil do andar de baixo é o Brasil do mínimo. E por isso, ao encarar esse reajuste que pode provocar um custo adicional de 30 bilhões para as contas públicas no ano que vem, o governo pode ter dado sua melhor cartada. O mínimo pode melhorar a economia na base e criar uma onda positiva que impeça uma nova queda desastrosa do PIB. E talvez ainda garantir um crescimento mesmo que insignificante se a manutenção do dólar num patamar de 3,60 a 4 reais der uma reaquecida na produção para a exportação.
É verdade que boa parte da crise econômica atual está relacionada à crise política e à instabilidade provocada pela Operação Lava Jato. Mas ao mesmo tempo também é verdade que boa parte da crise política tem relação com a corrosão da saúde econômica do país.
Se houver melhora na economia, certamente haverá um ganho de qualidade no ambiente político. E mais racionalidade nas disputas, certamente abrirá espaço para que se construa um novo ambiente de investimentos.
E neste sentido, o decreto publicado pela presidência da República e que prevê o acordo de leniência, que separa os crimes cometidos por pessoas físicas das pessoas jurídicas, pode levar muitas empresas investigadas na Lava Jato a saírem da completa paralisia.
Em resumo, nem todos os ventos que sopram para o começo de 2016 anunciam tempestades e trovoada. Há elementos que permitem enxergar um futuro menos turvo. Mas isso depende muito que se retome a atividade econômica a partir de um novo programa de investimentos do Estado e das grandes empresas nacionais. Se possível associando isso, a um programa de crédito mais barato para pequenas e micro empresas. E fazendo de tudo para que a partir dessas ações se preserve o atual reajuste do mínimo, para que os setores populares do país passem a ter mais esperança de que as coisas possam voltar a dar certo.
Pode parecer pouco para se mudar o rumo atual, mas já é algo. Em geral, ignora-se o papel do salário mínimo na economia, mas ele é fundamental. E esse reajuste que é fruto da corrosão da renda em 2015, pode ser estimulador de um novo ambiente econômico para 2016. Mas só se a inflação for menor.
É aí que mora um dos grandes riscos e o perigo desse ciclo vir a dar certo, se a inflação vier a ser controlada apenas com juros altos, lascou-se a produção, aumenta-se o desemprego e tudo volta a estaca zero.
A preservação do reajuste do salário mínimo é um fiapo de esperança, mas o governo poderia pelo menos apostar nisso. Entre outras coisas, porque ele melhora a vida da maior parte do povo. E isso não é pouca coisa.
O aumento do salário mínimo de 788 para 880 reais tem um potencial de estimulo à economia que parece ainda não estar sendo devidamente considerado por analistas econômicos. Mas para que isso aconteça o governo vai precisar jogar duro com a inflação para preservar esses 11,6% que virão agora para 45 milhões de brasileiros, que na prática apenas recuperam o que foi perdido, e buscar agir rapidamente para impedir o crescimento do desemprego.
A fórmula que levou a esse reajuste é simples: INPC dos últimos doze meses mais variação do PIB em 2014. O PIB em 2014 foi de 0,1%. Ou seja, nada. O resto é perda inflacionária.
Mas se o reajuste de agora não significa praticamente nada do ponto de vista de aumento real, por que pode gerar aquecimento econômico se não produzir inflação e até contribuir numa melhoria na distribuição de renda?
Exatamente porque a base da pirâmide do país foi a que mais perdeu em 2015. Com inflação alta, ela foi vendo seu salário ser corroído mês a mês sem que acompanhasse o aumento de preços. E agora ela terá essa recomposição.
Se a inflação futura for controlada, principalmente nos preços da cesta básica e dos produtos de primeira necessidade, haverá ganho de renda para esse setor popular em 2016. Uma renda que foi perdida em 2015.
Em muitas cidades, principalmente nas com menos de 50 mil habitantes, o aumento do mínimo provoca transformações rápidas. O pequeno comércio é o primeiro a sentir esse impacto, mas ele também se dá na agricultura familiar, que em muitos desses lugares têm aposentados à frente. Aliás, aposentados que ainda se constituem como chefes de família.
Esse Brasil do andar de baixo é o Brasil do mínimo. E por isso, ao encarar esse reajuste que pode provocar um custo adicional de 30 bilhões para as contas públicas no ano que vem, o governo pode ter dado sua melhor cartada. O mínimo pode melhorar a economia na base e criar uma onda positiva que impeça uma nova queda desastrosa do PIB. E talvez ainda garantir um crescimento mesmo que insignificante se a manutenção do dólar num patamar de 3,60 a 4 reais der uma reaquecida na produção para a exportação.
É verdade que boa parte da crise econômica atual está relacionada à crise política e à instabilidade provocada pela Operação Lava Jato. Mas ao mesmo tempo também é verdade que boa parte da crise política tem relação com a corrosão da saúde econômica do país.
Se houver melhora na economia, certamente haverá um ganho de qualidade no ambiente político. E mais racionalidade nas disputas, certamente abrirá espaço para que se construa um novo ambiente de investimentos.
E neste sentido, o decreto publicado pela presidência da República e que prevê o acordo de leniência, que separa os crimes cometidos por pessoas físicas das pessoas jurídicas, pode levar muitas empresas investigadas na Lava Jato a saírem da completa paralisia.
Em resumo, nem todos os ventos que sopram para o começo de 2016 anunciam tempestades e trovoada. Há elementos que permitem enxergar um futuro menos turvo. Mas isso depende muito que se retome a atividade econômica a partir de um novo programa de investimentos do Estado e das grandes empresas nacionais. Se possível associando isso, a um programa de crédito mais barato para pequenas e micro empresas. E fazendo de tudo para que a partir dessas ações se preserve o atual reajuste do mínimo, para que os setores populares do país passem a ter mais esperança de que as coisas possam voltar a dar certo.
Pode parecer pouco para se mudar o rumo atual, mas já é algo. Em geral, ignora-se o papel do salário mínimo na economia, mas ele é fundamental. E esse reajuste que é fruto da corrosão da renda em 2015, pode ser estimulador de um novo ambiente econômico para 2016. Mas só se a inflação for menor.
É aí que mora um dos grandes riscos e o perigo desse ciclo vir a dar certo, se a inflação vier a ser controlada apenas com juros altos, lascou-se a produção, aumenta-se o desemprego e tudo volta a estaca zero.
A preservação do reajuste do salário mínimo é um fiapo de esperança, mas o governo poderia pelo menos apostar nisso. Entre outras coisas, porque ele melhora a vida da maior parte do povo. E isso não é pouca coisa.
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