Por Carlos Fernandes, no blog Diário do Centro do Mundo:
O espetáculo midiático em que se transformou a condução coercitiva do ex-presidente Lula apenas um dia após o “furo” da revista IstoÉ, finalmente deixou escancarado o que todos já sabiam: o alvo principal da Lava Jato é, e sempre foi, o maior líder popular do Brasil.
Se antes os procuradores que coordenam os trabalhos da Lava Jato tergiversavam utilizando argumentos republicanos como o de que a operação não investiga pessoas mas fatos, a impressão que ficou na entrevista dada pelo MPF é que já nem mais investigam Lula, a sua culpa já foi decretada. Provas para os procuradores são detalhes insignificantes.
Aliás, chegou a ser emblemática a decepção do procurador ao afirmar que os mandatos de busca e apreensão efetuados na casa de Lula e no seu Instituto teriam sido prejudicados justamente em função do vazamento da operação pela imprensa.
O que ele chama de “prejudicado” é o fato de basicamente não terem encontrado nada de relevante que amparasse o linchamento da mídia e a condenação prévia de seu seqüestrado.
Se a operação foi “prejudicada” por vazamentos ilegais de mandatos sigilosos divulgados na grande mídia, não seria o caso desses mesmos procuradores e do juiz Sérgio Moro abrirem inquérito para apurar os vazamentos? Imagina. Tolice.
Em se tratando de política e poder, quem acredita em coincidências acredita em fadas e duendes. Até o mais ingênuo dos “inocentes úteis” já sabe do escandaloso consórcio formado pela PF, MPF, Sérgio Moro e a grande imprensa brasileira.
Toda a operação seguiu um rigoroso esquema previamente combinado com os grandes veículos de informação dominados por meia dúzia de famílias. Incrível como quando o assunto é fama, dinheiro e um projeto de poder, as antigas “diferenças” entre a mídia familiar e suas vítimas, e vice-versa, são oportunamente esquecidas.
Ironia das ironias, a mesma revista IstoÉ que preparou o terreno para a grande atuação de Santos Lima e a força tarefa da Lava Jato, no passado não compartilhava da mesma admiração que hoje imputa a um dos atuais mosqueteiros no combate à corrupção.
Em setembro de 2003 a IstoÉ publicou uma matéria sobre Santos Lima cujo título é no mínimo inspirador: “Raposa no galinheiro”. O subtítulo emenda: “Procurador Santos Lima, casado com ex-funcionária do Banestado, tentou barrar quebra de sigilo de contas suspeitas”.
A matéria assinada pelos jornalistas Amaury Ribeiro Jr. e Osmar de Freitas Jr. deixaria o mais ávido “paneleiro” decepcionado, isso se a sua causa realmente fosse o combate à corrupção.
A denúncia ocorreu quando uma comissão de autoridades brasileiras encarregadas de apurar o escândalo do Banestado foi até os EUA em busca de provas e documentos sobre lavagem de dinheiro e remessas ilegais de recursos para o exterior.
Segundo os jornalistas, o procurador Santos Lima tentou de todas as maneiras impedir que os “preciosos documentos” fossem entregues aos membros da CPI. A matéria conta que a atuação do procurador causou constrangimento tanto na delegação brasileira quanto nas autoridades dos Estados Unidos. Nas palavras de um dos americanos: “Foi insólito”.
Como sabemos, o caso Banestado nunca foi devidamente esclarecido. A grande imprensa na era FHC não se dedicava exatamente à investigação de suspeitas de corrupção no governo.
O que realmente sabemos agora é sobre as rédeas de quem a operação Lava Jato está sendo conduzida.
2 comentários:
Mas é o cúmulo do cinismo! A poderosa já tuitava de madrugada, o helicóptero dela chegou primeiro que a milícia,LULA dormindo.Eles pensam que os brasileiros de hoje são os pobres coitados cevados com pão e mortadela do tempo em que eram completamente ignorados pelo poder corrupto desta oposição inglória!
Isto significa que não vai ser publicado.Aliás como todos os outros que mandei na defesa do DIREITO! Não pode haver não vem ao caso.
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