Por Theo Rodrigues, no blog O Cafezinho:
“Diversão hoje em dia não podemos nem pensar
Pois até lá nos bailes, eles vêm nos humilhar”
“Uma ameaça devastadora”. Com essas palavras o deputado estadual Milton Rangel definiu a cultura do Funk em assustador artigo publicado no jornal O Globo.
Intitulado “Cultura da futilidade” o artigo do líder do DEM na ALERJ argumenta - se é que podemos chamar de argumento – que “seria o cúmulo da vergonha considerar um tipo de música tão vulgar e ridícula como forma de manifestação cultural”.
O texto consiste em um misto de autoritarismo e preconceito do início ao fim. Em suas palavras,
“O funk está ligado à banalização do crime e à vulgaridade. Funk não é cultura da favela. É cultura dos bandidos”.
Ora, mas quem é Milton Rangel para dizer o que é manifestação cultural e o que não é? Será ele o presidente da Comissão de Cultura da ALERJ? Será um artista popular? Ou um estudioso do tema? Uma breve pesquisa sobre sua biografia não parece indicar nada disso. Pelo contrário...
Matéria publicada no jornal O Dia de 4 de abril de 2015 indica o inverso. De acordo com o jornal, “a 4ª Vara de Fazenda Pública considerou Rangel culpado em um processo, que está em segredo de Justiça, por contratos fraudulentos com a Secretaria Estadual de Saúde, no governo de Rosinha Garotinho”. Diz ainda que Rangel foi “condenado por improbidade administrativa pela Justiça por desvio de R$ 5 milhões da saúde pública do Rio”.
Outra matéria da Agência Brasil de 30 de outubro de 2014 mostrou que a Procuradoria Regional Eleitoral no Rio de Janeiro (PRE/RJ) propôs a cassação de Rangel por ter utilizado a Igreja Mundial do Poder de Deus para fazer sua campanha eleitoral em 2014.
Antes de se preocupar em censurar a cultura popular, Rangel deveria explicar melhor por que tantos processos da justiça correm contra sua pessoa.
Aliás, talvez o deputado ainda não saiba, mas quem definiu que o Funk é uma “manifestação cultural” foi a própria ALERJ através da Lei nº 5543, de 22 de setembro de 2009.
Num país com tanta desigualdade social é a cultura do funk que traz um pouco de alegria e sentimento de comunidade aos mais pobres de nossa sociedade. O que merece nosso desprezo é a cultura do preconceito e do autoritarismo.
* Theo Rodrigues é sociólogo, cientista político e Coordenador do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.
“Diversão hoje em dia não podemos nem pensar
Pois até lá nos bailes, eles vêm nos humilhar”
“Uma ameaça devastadora”. Com essas palavras o deputado estadual Milton Rangel definiu a cultura do Funk em assustador artigo publicado no jornal O Globo.
Intitulado “Cultura da futilidade” o artigo do líder do DEM na ALERJ argumenta - se é que podemos chamar de argumento – que “seria o cúmulo da vergonha considerar um tipo de música tão vulgar e ridícula como forma de manifestação cultural”.
O texto consiste em um misto de autoritarismo e preconceito do início ao fim. Em suas palavras,
“O funk está ligado à banalização do crime e à vulgaridade. Funk não é cultura da favela. É cultura dos bandidos”.
Ora, mas quem é Milton Rangel para dizer o que é manifestação cultural e o que não é? Será ele o presidente da Comissão de Cultura da ALERJ? Será um artista popular? Ou um estudioso do tema? Uma breve pesquisa sobre sua biografia não parece indicar nada disso. Pelo contrário...
Matéria publicada no jornal O Dia de 4 de abril de 2015 indica o inverso. De acordo com o jornal, “a 4ª Vara de Fazenda Pública considerou Rangel culpado em um processo, que está em segredo de Justiça, por contratos fraudulentos com a Secretaria Estadual de Saúde, no governo de Rosinha Garotinho”. Diz ainda que Rangel foi “condenado por improbidade administrativa pela Justiça por desvio de R$ 5 milhões da saúde pública do Rio”.
Outra matéria da Agência Brasil de 30 de outubro de 2014 mostrou que a Procuradoria Regional Eleitoral no Rio de Janeiro (PRE/RJ) propôs a cassação de Rangel por ter utilizado a Igreja Mundial do Poder de Deus para fazer sua campanha eleitoral em 2014.
Antes de se preocupar em censurar a cultura popular, Rangel deveria explicar melhor por que tantos processos da justiça correm contra sua pessoa.
Aliás, talvez o deputado ainda não saiba, mas quem definiu que o Funk é uma “manifestação cultural” foi a própria ALERJ através da Lei nº 5543, de 22 de setembro de 2009.
Num país com tanta desigualdade social é a cultura do funk que traz um pouco de alegria e sentimento de comunidade aos mais pobres de nossa sociedade. O que merece nosso desprezo é a cultura do preconceito e do autoritarismo.
* Theo Rodrigues é sociólogo, cientista político e Coordenador do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.
4 comentários:
Banalização da crença religiosa, cultura da imbecilização, exploração criminosa de pessoas humilde para extorquir o pouco de dinheiro que elas tem, com os quais poderiam alimentar seus filhos. Essa é a escalada criminosa da matilha de pastores Brasil afora, arquitetada com objetivo único de arrecadar dinheiro. O funk é um entretenimento, uma cultura de comunidade sim, um mecanismo de defesa dessas comunidade e principalmente uma pedra no sapato das seitas enganadoras.
Sou músico há 60 anos.
E como tal, posso afirmar que funk é dança, não música. E como dança, não discuto. Acho que poderia ser menos "erótica". Erotismo não é dança... Ali´s só é sucesso exatamente pelo erotismo, senão seria mais uma dança criada pela mídia e adotada inicialmente pelos que tem menos condições de discernimento.
Dizer que o funk é uma manifestação cultural é um absurdo e vai contra a própria comunidade, contra o povo da periferia. Fazem apologia do banditismo, da ostentação, do estupro, da pornografia infantil. Nada a ver com as lutas populares e a cultura como o samba, o rap, ......
Sugiro ao autor da postagem que em vez de mostrar atributos que desqualifiquem a pessoa que criticou o funk, que apresente argumentos que desqualifiquem a crítica ao funk. Do contrário, o método é o mesmo da grande mídia.
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